Financiamento necessário para desastres climáticos disparou 800% em 20 anos

A Oxfam denuncia a falta de financiamento para ajudar a cobrir os custos destes eventos climáticos extremos, considerando-o "inaceitável" e "dolorosamente inadequado”.

O financiamento que a Organização das Nações Unidas (ONU) necessitou para cobrir os custos dos desastres climáticos disparou 800% nos últimos 20 anos, sendo que apenas metade dos fundos necessários estão a ser financiados pelos países com maiores rendimentos.

A conclusão foi divulgada esta terça-feira pela organização internacional Oxfam, e citada pelo The Guardian, informando que 2021 foi o terceiro ano mais caro registado no que toca a eventos climáticos extremos, como secas, inundações e incêndios florestais, com custos económicos totais estimados em 329 mil milhões de dólares (cerca de 384 mil milhões de euros), quase o dobro da ajuda total concedida pelos países doadores.

Face aos eventos extremos, a Oxfam estima que os países com menores rendimentos tenham pedido entre 73 e 87 mil milhões de euros em ajuda humanitária de emergência nos últimos cinco anos, mas receberam apenas entre 40 a 49 mil milhões. O défice denunciado pela organização foi considerado como “inaceitável” e “dolorosamente inadequado”.

A percentagem de fundos oriundos da Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA, sigla em inglês), usada para gastos climáticos sofreu poucas alterações na última década, mesmo quando as somas exigidas pelos países atingidos por catástrofes estavam a subir rapidamente.

Em 2017, o clima extremo foi citado pela primeira vez como um fator “importante” na maioria dos apelos humanitários da ONU, segundo o relatório da Oxfam. Até 2021, foi um fator “importante” ou “contribuinte” em 78% do total desses apelos, acima dos 35,7% registados em 2000. A ONU espera um aumento adicional de 40% nos desastres climáticos até 2030.

Países como a Etiópia, Quénia, Somália têm registado longos períodos de secas que agravam, também, a condição de fome extrema nesses países. Só na Somália, morreram de fome 250 milhões de pessoas, em 2011, sendo que metade dessas eram crianças com menos de cinco anos. Por sua vez, o sul do Sudão tem sido palco de grandes cheias nos últimos cinco anos. Juntos, os quatro países são responsáveis por apenas 0,1% das emissões globais atuais, em comparação com os 37% emitidos pelos países ricos e industrializados, denuncia a Oxfam.

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