Europa arrisca-se a ficar sem gás a meio do inverno se Nord Stream fechar

Depois da redução ao fornecimento de gás à Itália e a Alemanha, o Velho Continente arrisca-se a não conseguir atingir a meta de 80% do 'stock' necessário para enfrentar o inverno.

Numa altura em que o Kremlin continua a condicionar o acesso ao gás russo a vários países do bloco europeu, surgem agora alertas de que o Velho Continente pode ver o armazenamento de gás chegar a “zero” no próximo inverno. Em causa está o risco de encerramento total do gasoduto Nord Stream depois de, esta semana, o Kremlin ter avançado com reduções significativas ao abastecimento para a Alemanha e Itália. Inaugurado em 2011, o Nord Stream é o gasoduto mais importante para o gás russo chegar à Europa.

À Bloomberg, a consultora Wood Mackenzie não afasta o cenário de a Europa não conseguir atingir os níveis de armazenamento que a União Europeia encomendou à Rússia a tempo do início da época fria, em novembro, deixando então em aberto a hipótese de a região ficar completamente sem stock até janeiro, de 2023.

Se a redução dos fluxos russos continuar, pode inviabilizar o processo de reabastecimento dos armazenamento durante o verão, numa altura em que os stocks mostravam sinais de que a União Europeia poderia atingir 80% antes de 1 de novembro. Segundo a consultora, se o Nord Stream continuar a fornecer a “meio gás”, os níveis de armazenamento poderão chegar até 67%, em novembro, enquanto uma interrupção total, nos próximos dias, resultaria em níveis de armazenamento de cerca de 50%.

Esta semana, a Gazprom anunciou um corte de 40% ao fornecimento de gás à Alemanha, justificando a decisão com os atrasos nos trabalhos de reparo do gasoduto, os quais estão a ser conduzidos pela empresa alemã Siemens Energy. Na mesma nota, referiu que o corte aumentaria para 60%, a partir de 16 de junho, caso os problemas técnicos persistissem. Já a Itália, o corte, que começou por ser de 15%, aumentou para 50%, esta sexta-feira. Segundo o Financial Times, também a Eslováquia e a Áustria afirmam ter sofrido uma redução nos fluxos de gás.

“Mesmo considerando as medidas, pode ser inevitável que ocorra algum racionamento”, alertou fonte oficial da WoodMac. O alerta coincide com aquele feito pela Agência Internacional de Energia, que defendeu a urgência de serem implementadas medidas de eficiência energética de forma a poupar os recursos, numa altura em que se discute a independência energética da União Europeia da Rússia.

O mesmo apelo veio da parte do governo alemão, que pediu que a população conservasse energia. O vice-chanceler Robert Habeck considera que a situação é “séria” e que empresas e cidadãos devem fazer os possíveis para economizar energia. “Cada quilowatt-hora ajuda nesta situação”, afirmou num vídeo publicado, esta sexta-feira, no Twitter.

Para a Alemanha, a justificação da Gazprom para a redução do gás através do Nord Stream são apenas uma “desculpa” e que o corte nos fluxos era uma “ação política”. “Putin está a fazer o que sempre tememos que fizesse desde o início: está a reduzir o volume de gás, não de uma só vez, mas gradualmente”, alertou.

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