Subida das Euribor não dá tréguas e faz disparar prestação da casa até 20% em julho

Subida em flecha das Euribor em junho agrava encargos com a habitação. Famílias com contratos da casa revistos no próximo mês vão sentir novo aperto. Prestação mensal subirá entre 3% e 20%.

A subida das taxas Euribor não está a dar tréguas e vai fazer disparar a prestação da casa no próximo mês. Os contratos cujas condições vão ser revistas em julho vão sofrer aumentos entre 3% e 20%, consoante o prazo do indexante, de acordo com os cálculos do ECO. O agravamento dos encargos com a habitação vem colocar maior pressão sobre as famílias, que já estão a sentir um sério aumento do custo de vida perante a escalada da inflação.

Desde o final do ano passado que as taxas Euribor — que são usadas nos contratos financeiros, servindo como indexante nos empréstimos dos bancos para a compra de casa — mantêm uma trajetória de subida, depois do Banco Central Europeu (BCE) ter sinalizado um aperto das condições financeiras na Zona Euro para responder à escalada dos preços.

Contudo, estas taxas aceleraram nos últimos meses, com a inflação em máximos de décadas — acima dos 8% — a encostar o banco central à parede e a não deixar outra alternativa senão avançar com a primeira subida dos juros diretores em mais de uma década já na próxima reunião de 21 de julho.

Foi neste cenário que a Euribor a seis meses inverteu no início deste mês para valores positivos, depois de sete anos abaixo de zero. Este é o prazo mais usado pelas famílias portuguesas nos contratos da casa. Mas também as Euribor a três meses e a 12 meses estão a acelerar.

Sobem, sobem, Euribor sobem

Fonte: Reuters

Prestação regista maior subida numa década

Até quando e quanto mais vão subir as taxas Euribor? São perguntas que ninguém arrisca responder com 100% de certeza, pois está dependente da evolução do quadro macroeconómico, o qual, por sua vez, se encontra intimamente ligado à incerteza geopolítica com a guerra da Rússia na Ucrânia e à subida dos preços da energia.

Certo é que o BCE vai continuar a subir as suas taxas até ter a certeza de que a inflação no médio prazo se situe nos 2%, como garantiu ainda esta semana a presidente da instituição, Christine Lagarde, em Sintra, admitindo mesmo subidas mais agressivas se as tensões inflacionistas persistirem. O Eurostat divulgará esta sexta-feira a estimativa rápida para a evolução dos preços na Zona Euro no mês de junho. Os economistas apontam para uma taxa de 8,5%.

Sendo assim, as famílias, que já se encontram pressionadas com o aumento dos preços dos bens e serviços que consomem no dia-a-dia, como o gás, os combustíveis, mas também os bens alimentares, devem fazer as contas e prepararem-se para pagar mais ao banco. Isto já tem vindo a acontecer desde janeiro e voltará a repetir-se no próximo mês. Quanto mais? Serão as maiores subidas em mais de uma década, pelo menos.

Fazendo as contas a um empréstimo de 150 mil euros, com o prazo de 30 anos e um spread de 1%, as famílias com créditos associados à Euribor a seis meses vão ver a prestação subir cerca de 10% no próximo mês, refletindo um agravamento de mais de 46 euros para cerca de 493 euros, segundo as simulações realizadas pelo ECO.

Mais penalizado sairá quem tiver um empréstimo indexado à Euribor a 12 meses, que tem vindo a conquistar a preferência dos portugueses nos últimos anos. Neste caso, e assumindo os mesmos pressupostos do crédito de 150 mil euros, a prestação da casa vai agravar-se mais de 20%, com as famílias a pagarem mais 92 euros em relação à última revisão feita há um ano. A prestação mensal subirá assim para mais 542 euros.

Nos contratos com indexante a três meses, a revisão de julho trará uma subida mais contida: a prestação da casa aumenta 3%, ou cerca de 13,80 euros, para 466 euros.

Bancos atentos

O aumento da prestação da casa tem sido recebido com um misto de cautela e algum otimismo pelos bancos, que disseram ao ECO que estão a reforçar os contactos com as famílias no sentido de antecipar eventuais problemas no pagamento da prestação mensal, acenando com a fixação da taxa do empréstimo para se protegerem da elevada incerteza.

Em Portugal, mais de 90% dos financiamentos da habitação têm taxas variáveis, circunstância que torna o país particularmente sensível ao novo ciclo que a Zona Euro está a entrar.

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