Euribor a 6 meses volta a valores positivos sete anos depois

Má notícia para as famílias com crédito da casa: as taxas Euribor continuam a subir (não se sabe até quando) e isso vai aumentar a prestação do empréstimo da habitação que paga ao banco.

Euribor sobem e a prestação da casa também

A Euribor a 6 meses – o indexante mais usado nos créditos da casa em Portugal — voltou a registar valores positivos esta segunda-feira, depois de uma longa viagem de sete anos a negociar abaixo de zero. A taxa fixou-se em 0,009%, avança a Lusa.

Esta inversão reflete sobretudo as expectativas dos mercados em relação a um aperto da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) no próximo mês, altura em que se prevê que a autoridade liderada por Christine Lagarde comece a subir as taxas de juro de referência na Zona Euro, num esforço para tentar controlar a escalada dos preços na região.

Para as famílias com taxa variável no contrato do crédito da casa, e que já vêm sentido o efeito da subida das Euribor desde o início do ano no agravamento da prestação mensal paga ao banco, este é mais um sinal de que esta trajetória ascendente das Euribor está bem viva e não ficará por aqui, depois de um longo período em que beneficiaram de condições muito favoráveis na aquisição de habitação.

Para quem teve de rever as condições do crédito à habitação este mês já pagou mais 6% na prestação do banco (assumindo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos com um spread de 1%, ver exemplo mais abaixo). O aumento dos encargos com a casa vem numa altura particularmente difícil pois os agregados já estão a ter mais despesas com os bens e serviços que consomem no dia-a-dia, como a luz, os combustíveis ou as compras do supermercado.

A última vez em que a Euribor a 6 meses (taxa fixada por um conjunto de bancos nos empréstimos que realizam entre si) registou um valor positivo — 0,001% — foi a 9 de novembro de 2015. Nessa altura sabíamos que estávamos numa tendência de descida, tendo em conta as políticas expansionistas do banco central para animar a economia (para evitar o risco de deflação), mas não se previa que ia permanecer com sinal negativo durante tanto tempo (a pandemia prolongou um pouco mais este ciclo).

Sete anos depois, o cenário mudou radicalmente com o banco central a braços com uma crise de alta inflação que superou os 8% em maio – quatro vezes acima do objetivo de 2%, que considera ser a taxa estável para a economia. A normalização da política monetária servirá assim para fazer baixar a inflação.

Subida já custa mais 26 euros na prestação

A Euribor a 6 meses é a mais usada nos créditos da casa em Portugal, estando associada mais de 40% dos contratos (dados do Banco de Portugal relativos a 2020). Esta taxa fechou o ano passado nos -0,546% e apenas em meio ano passou a estar acima da linha de água, com impacto direto no bolso das famílias.

Assumindo um empréstimo de 150 mil euros com o prazo de 30 anos e um spread de 1%, uma família esteve a pagar ao banco uma prestação de 445 euros nos últimos seis meses. Agora, com a revisão do contrato, a prestação sofreu um agravamento de 26 euros, mais 6%, para cerca de 472 euros mensais até à próxima revisão em dezembro.

Antes da Euribor a 6 meses se despedir do sinal negativo, foi a taxa a 12 meses a inverter para valores positivos. Aconteceu no dia 12 de abril e não tem parado de subir desde então. Está agora nos 0,521%. Este prazo tem sido o mais usado nos financiamentos da casa mais recentes. A próxima Euribor a deixar as taxas negativas será a Euribor a 3 meses, indexante usado em 32% dos empréstimos da casa. Está atualmente nos -0,314%.

Face ao agravamento da prestação da casa, os bancos tem manifestado relativa confiança na capacidade das famílias de continuarem a pagar a mensalidade do empréstimo, tendo em conta que as taxas continuarão baixas durante mais algum tempo (apesar de estarem a subir) e a poupança acumulada nos últimos anos.

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