Medo da recessão afunda juros e contrai spreads da periferia
Juros das obrigações da Zona Euro estão em queda acentuada, com países da periferia como Itália e Portugal a registarem quedas de mais de 20 pontos, encurtando diferenciais para a Alemanha.
O medo de uma recessão está a afundar os juros das obrigações da Zona Euro, com os países da periferia a liderarem as quedas que ascendem a mais de 20 pontos base, o que está a permitir uma redução dos diferenciais para a Alemanha.
O Eurostat revelou esta sexta-feira que inflação em junho acelerou para 8,6%, mas não fez desencadear as perspetivas de uma postura mais agressiva do Banco Central Europeu (BCE) para travar as pressões inflacionistas.
“Os dados da inflação na Zona Euro não afetam muito as yields, pois estão em linha com as expectativas, enquanto a taxa subjacente ficou ligeiramente abaixo”, explicou Luca Cazzulani, analista do Unicredit, citado pela Reuters. “Os juros da dívida permanecem em mínimos recentes, já que os dados da inflação não aliviaram as preocupações dos investidores em relação ao crescimento”, acrescentou.
De acordo com os analistas do ING, “com um alto risco de a economia da Zona Euro entrar em recessão técnica no final do ano e a inflação cair em 2023, dificilmente haverá espaço para o BCE subir os juros em 2023”.
Neste cenário, a taxa associada às obrigações alemãs a dez anos cai cerca de 15 pontos base para 1,21% a meio da tarde desta sexta-feira. Mas mais pronunciadas são as quedas verificadas nos títulos de Itália, Portugal e Espanha nos mesmos prazos, o que faz com que o prémio de risco exigido pelos investidores para comprar dívida da periferia esteja a cair também.
Itália, que foi o foco das preocupações, vê a yield das obrigações a dez anos ceder 24 pontos base para 3,148%, com o spread face à Alemanha a voltar a negociar abaixo dos 200 pontos base – chegou a superar os 230 pontos base em meados deste mês. Os títulos portugueses e espanhóis no mesmo prazo recuam 20 pontos base e 21 pontos base para 2,25% e 2,246%, respetivamente, e também encurtam distâncias para a Alemanha.
Prémio de risco da periferia continua a cair
Fonte: Reuters
Os três países periféricos registam as yields mais baixas desde o final de maio, antes de o BCE ter anunciado que ia subir as taxas diretoras em 25 pontos em julho, motivando uma minicrise de desconfiança dos investidores em relação aos estados mais endividados. Isto levou o banco central a anunciar uma “ferramenta anti-fragmentação” para conter disparidades entre os juros exigidos a países como Itália ou Portugal em relação ao core da região. Os detalhes deste instrumento vão ser conhecidos na reunião do BCE marcada de 21 de julho.
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