Férias nos EUA e Brasil estão mais caras. Saiba os destinos onde o euro mais rende este verão

  • Joana Abrantes Gomes
  • 25 Julho 2022

Turquia e Argentina podem ser escolhas acertadas para viajar este verão, tendo em conta a valorização do euro face às divisas desses países no último ano. Viajar para os EUA ou Brasil ficou mais caro.

Se quer viajar para fora este verão, mas ainda está a decidir qual o destino, é importante ter em conta o poder de compra. Com o valor do euro a perder terreno em relação a muitas moedas, incluindo face ao dólar, alguns dos destinos preferidos dos portugueses, como Cuba, Brasil e México, ficaram mais caros. Já a Argentina e a Turquia surgem entre as opções mais baratas.

De acordo com as contas feitas pela Ebury, empresa especializada em pagamentos internacionais e gestão de câmbios, o ranking dos países cujas moedas mais valor perderam face ao euro nos últimos 12 meses é liderado pela Turquia. Atualmente, o euro vale cerca de 17,77 liras turcas, tendo valorizado mais de 72% face à lira num ano.

Desde há um ano, o euro valorizou 72,26% face à lira turca.

Na base dessa queda significativa está a interferência do Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na política monetária do país, cuja ordem é para manter os juros baixos, priorizando o crédito e as exportações. Neste contexto, a inflação atingiu 78,6% em junho em relação ao mesmo mês de 2021, o que diminui o poder de compra da população do país, mas constitui um aumento de poder de compra para os portugueses (e restantes cidadãos da Zona Euro) que para lá viajarem neste momento.

Bastante longe da valorização face à moeda turca, a Argentina, o Japão, o Egito e a Polónia completam o ‘top 5’ dos destinos onde o euro ganhou mais força. No caso da Argentina, o euro valorizou quase 12% no espaço de 365 dias, valendo agora cerca de 131,02 pesos argentinos. Aqui, a justificação prende-se especialmente com a dívida do país ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

face ao iene japonês, a divisa comunitária valorizou 4,75% num ano, motivado sobretudo por fatores como a guerra na Ucrânia e os aumentos das taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA, que têm afetado os mercados asiáticos, enquanto o banco central do Japão tem mantido as taxas de juro mais baixas. No entanto, o Governo nipónico mantém algumas medidas de controlo fronteiriço devido à pandemia, não sendo permitida a visita de turistas estrangeiros, pelo que não é uma opção viável para viajar este verão.

O mais e o menos da força do euro face às moedas concorrentes

Fonte: Ebury | Variação entre 13 de julho de 2021 e 13 de julho de 2022

Em contrapartida, são mais os destinos que saem agora mais caro aos bolsos dos portugueses. Logo à cabeça está a Rússia: apesar das sanções da União Europeia, o rublo está em máximos de dois anos em relação ao euro, com a moeda comunitária a valer neste momento 59,15 rublos, quando há um ano valia 87,5. Num ano, o euro desvalorizou 33,02% em relação ao rublo.

Esta recuperação da moeda russa explica-se, em parte, pelos controlos financeiros implementados por Moscovo e por um fluxo constante de pagamentos pelo petróleo e gás russos. No entanto, na sequência da invasão da Ucrânia e consequente redução de ligações aéreas internacionais, o Governo português desaconselha todas as deslocações para a Federação Russa.

O euro tem perdido rapidamente o seu valor também face a um dólar cada vez mais forte: pela primeira vez em 20 anos, as duas moedas atingiram a situação de paridade na semana passada. Desde há um ano, a moeda única europeia depreciou mais de 15% em relação ao dólar, devido não só ao habitual papel de refúgio que o dólar desempenha para os investidores em tempos de instabilidade como o atual, como também à perspetiva de recessão na Zona Euro e à diferença no ritmo de subida de taxas de juros dos bancos centrais.

Ao contrário dos europeus, os turistas norte-americanos têm agora um poder de compra acrescido na Zona Euro.D.R.

Contudo, a desvalorização do euro face ao dólar pode ser uma vantagem para o bloco económico comunitário. Como destaca ao ECO o diretor-geral da Ebury Portugal, David Brito, “se pensarmos nos turistas que a Europa pode vir a receber, vemos que, no caso dos Estados Unidos – que é um dos principais emissores de turistas para alguns países como Espanha, por exemplo, e também tem vindo a ganhar muita expressão em Portugal –, os seus cidadãos encontrarão este ano um incentivo adicional para viajar”.

Cuba, um dos destinos de viagem preferidos dos portugueses, também é agora um país mais caro para o euro. A divisa comunitária equivale agora a 24,41 pesos cubanos, quando em julho do ano passado valia cerca de 28,3 pesos. Significa isto que os portugueses e restantes cidadãos da Zona Euro que o euro comprará agora menos bens nesta ilha caribenha.

O ‘top 5’ de países onde o euro mais perdeu força fica completo com os Emirados Árabes Unidos e o Vietname. Enquanto o euro desvalorizou 14,89% face ao dirham no espaço de um ano, a moeda única europeia caiu mais de 12% face ao dong no mesmo período.

Outros destinos que figuram entre as preferências dos portugueses na hora de tirar férias, mas que podem agora não ser boas escolhas são, por exemplo, o Brasil e o México: nestes países, o euro depreciou 11,44% e 11,06% em relação ao real e ao peso mexicano, respetivamente. Nota também para a Suíça, país com uma grande comunidade portuguesa, onde a divisa comunitária perdeu 9,50% do poder que tinha há um ano face ao franco.

Há um ano, um euro valia 6,13 reais; agora, a moeda comunitária equivale a 5,45 reais.EPA/MARCELO SAYAO

A Ebury sublinha ainda que, além das diferenças nos preços dos destinos, o panorama atual, marcado pelos efeitos da inflação, a guerra na Ucrânia e a paridade euro/dólar, poderá afetar o poder de compra das famílias. O impacto mais imediato da paridade para os bolsos dos cidadãos será o aumento dos preços no geral.

Um dólar mais caro vai fazer com que as importações fiquem mais caras. Como se sabe, grande parte das matérias-primas são cotadas em dólares. Assim, esta alta do dólar faz com que as importações fiquem mais caras, tendo como efeito final o aumento dos preços que afetará, inevitavelmente, os bolsos dos cidadãos”, detalha David Brito.

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