Do malparado ao pessoal, o que mudou no Novobanco em seis anos?

Seis anos depois, o que mudou no Novobanco com Ramalho na liderança? O crédito malparado afundou e o banco está muito mais pequeno. Crédito encolheu, mas depósitos e lucros dão sinal de confiança.

Ramalho deixa um Novobanco a dar lucro depois de milhões de prejuízos, mas também mais “limpo” dos ativos tóxicos herdados do BES e muito mais pequeno em trabalhadores e focado em Portugal. O que mudou no banco em seis anos?

Malparado em queda livre

O banco chegou a ter um terço da sua carteira de empréstimos em incumprimento, mais de 10 mil milhões de euros em créditos problemáticos, resultado da pesada herança do BES, resolvido em agosto de 2014.

O rácio de malparado começou a descer assim que o Novobanco foi vendido ao Lone Star, em outubro de 2017. Grande parte desta redução deveu-se à venda de portefólios de créditos tóxicos e cujas perdas foram amplamente cobertas pelo mecanismo de capital contingente no valor de 3,9 mil milhões de euros, negociado com a venda da instituição ao fundo americano juntamente com o Governo e com a Comissão Europeia.

Depois de um profundo processo de limpeza do balanço, o banco chegou ao final de 2021 com um rácio de NPL (non performing loans) de 5,7%. Ainda tem, contudo, mais de 1.700 milhões em créditos problemáticos.

Fonte: Novobanco

Lucro de 185 milhões marca viragem após anos de prejuízos

2021 marcou o virar de página para o Novobanco, depois de milhões e milhões de euros de prejuízos. Registou um lucro de 184,5 milhões de euros no ano passado, uma gota no oceano de perdas de mais de oito mil milhões que acumula desde a resolução do BES.

Grande parte das perdas tiveram a ver com o “buraco” do malparado que foi necessário tapar, através do recurso ao Fundo de Resolução. O problema ficou em grande medida resolvido e permite ao Novobanco olhar para o futuro com outra perspetiva.

Depois do primeiro resultado positivo em 2021, a instituição procura consolidar o caminho e já somou um lucro de 140 milhões no primeiro trimestre.

Fonte: Novobanco

Banco corta 30% dos quadros

Outra parte do processo de reestruturação acordado com Bruxelas passou pela forte redução do quadro de pessoal. Além dos custos financeiros, o ajustamento também teve enormes custos sociais com a saída de milhares de trabalhadores.

No final de 2016, o banco tinha mais de 6.000 colaboradores — menos 1.200 em relação a 2015. Fechou o ano passado com cerca de 4.200 trabalhadores. Ou seja, em seis anos de mandato de Ramalho, o quadro de trabalhadores foi reduzido em mais de 30%.

Juntamente com este processo, o banco fechou dezenas de balcões em Portugal e desfez-se de todos os negócios internacionais.

Fonte: Novobanco

Novobanco concentra-se em Portugal

Venezuela, Londres, Nova Iorque, Caimão, Bahamas, Madeira SFE, Ásia, Cabo Verde, Irlanda, França, Alemanha, Suíça, Brasil, África do Sul e Espanha. Nos últimos anos, o Novo Banco cortou pela raiz a presença internacional que vinha do tempo do BES para concentrar a sua atividade praticamente apenas em Portugal.

Luxemburgo, onde reside uma grande comunidade de emigrantes portugueses, é a única “praça” internacional que resta do legado histórico do BES, um book center que o Novobanco pretende manter.

Crédito cai, depósitos estáveis

Face à redução significativa do malparado, a carteira de crédito também contraiu nos últimos seis anos, passando dos 33,8 mil milhões de euros em 2016 para os 24,9 mil milhões de euros. Em sentido contrário, o Novobanco conseguiu captar mais depósitos dos clientes, que confiam ao banco 27,3 mil milhões de euros, isto apesar de toda a turbulência e notícias negativas nos jornais com que o banco teve de conviver nos últimos anos.

Em resultado, o Novobanco alcançou uma posição de menor risco naquilo que é o seu rácio de transformação, com mais depósitos do que crédito concedido.

Fonte: Novobanco

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