DBRS sobe notação da dívida portuguesa. Portugal entra na liga do rating “A”

Onze anos depois, Portugal volta a ter rating A. Agência canadiana diz que "as vulnerabilidades de crédito a Portugal associadas a choques externos estão a diminuir". Medina garante contas certas.

A DBRS reviu em alta o rating da dívida portuguesa, passando-o de “BBB” para “A”, ao fim de 11 anos. A agência canadiana justifica que “as vulnerabilidades de crédito a Portugal associadas a choques externos estão a diminuir e as perspetivas macroeconómicas estão a melhorar“.

“A DBRS Ratings elevou os ratings de longo prazo em moeda estrangeira e local da república de Portugal de “BBB” (alto) para “A” (baixo) e mudou a tendência de “positivo” para “estável“, lê-se na nota publicada esta sexta-feira pela agência de notação financeira.

Esta subida de rating é justificada com a diminuição das “vulnerabilidade de crédito associadas a choques externos” e com a melhoria das “perspetivas macroeconómicas” do país. Depois da “severa contração económica” de 8,4% em 2020, “a recuperação foi forte”, afirma a DBRS, notando que o PIB cresceu 4,9% em 2021 e que a Comissão Europeia prevê um crescimento de 6,5% da economia portuguesa em 2022.

“O choque de preços exacerbado pela invasão da Ucrânia pela Rússia provavelmente fará com que o crescimento estagne no segundo semestre. No entanto, a série de crises não parece ter causado danos de longo prazo à economia portuguesa”, lê-se na mesma nota.

A DBRS afirma ainda que “o crescimento positivo e a reparação do balanço público em 2021” regressaram a “uma trajetória descendente acentuada do rácio da dívida em relação ao PIB de Portugal” e que, por isso, espera-se que a dívida pública “caia abaixo do nível pré-pandemia até 2023”.

Relativamente à perspetiva (outlook) da dívida nacional, que passou de “positiva” para “estável”, a agência canadiana afirma que esta alteração se justifica pelo facto de “os riscos para os ratings serem equilibrados”.

“A adesão de Portugal à Zona Euro e ao quadro de governação económica da UE apoiam os ratings e ajudam a promover políticas macroeconómicas credíveis e sustentáveis”, lê-se. “No entanto, as principais vulnerabilidades incluem dívida pública elevada e potencial de crescimento económico relativamente baixo. Essas questões podem tornar-se mais difíceis de gerir se as consequências adversas das crises forem duradouras”, afirma.

Os aumentos de capital e níveis mais altos de alavancagem deixaram a banca portuguesa “numa melhor posição” do que no início da pandemia, diz a DBRS. Além disso, os resultados recentes dos bancos nacionais mostram que “a rentabilidade do setor bancário e a qualidade dos ativos melhoraram”.

A DBRS afirma ainda que o resultado das eleições legislativas no início do ano, que deram maioria absoluta ao PS, “proporcionou estabilidade num momento importante“. Este resultado “reduz os obstáculos legislativos num momento chave” para Portugal.

A agência de notação financeira nota que os ratings de Portugal podem ser revistos em alta “se as autoridades portuguesas conseguirem aumentar o potencial de crescimento económico e a resiliência do país ou se conseguirem uma nova redução significativa do rácio da dívida pública“. Contudo, estes serão revistos em baixa “se o compromisso político com políticas macroeconómicas sustentáveis ​enfraquecer”.

Ministro diz que “Portugal continuará empenhado numa estratégia de contas certas”

Em comunicado enviado às redações, após a divulgação da avaliação da DBRS, o ministro das Finanças afirma que “11 anos depois, Portugal volta a ter a sua dívida pública considerada como um investimento de qualidade dos grupos de notação ‘A'”.

“Este é um marco para a avaliação da dívida pública aos olhos dos investidores e mais um importante sinal de confiança internacional em Portugal“, completa Fernando Medina.

“Os efeitos positivos nas taxas de juro da dívida soberana refletir-se-ão nos juros também suportados por empresas e famílias. Portugal continuará empenhado numa estratégia de contas certas, traduzida numa marcada redução de dívida pública que visa proteger Portugal da incerteza global, e na promoção do potencial de crescimento da nossa economia”, remata o governante.

(Notícia atualizada às 21h32 com mais informação)

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