Inflação em Portugal recua para 9% em agosto

Taxa de inflação desacelerou de 9,1% em julho para 9% em agosto, adianta o INE. Menor pressão dos preços da energia ajuda a explicar evolução.

A taxa de inflação em Portugal desacelerou muito ligeiramente em agosto, recuando 0,1 pontos percentuais para 9%, em termos anuais, mas continua em níveis nunca registados nas últimas três décadas. Foi a primeira desaceleração em quase um ano e deveu-se, sobretudo, à moderação da subida dos preços da energia nas últimas semanas, de acordo com a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE).

“Estima-se que a taxa de variação homóloga do índice relativo aos produtos energéticos se situe em 24,0% (taxa inferior em 7,2 pontos percentuais face ao mês precedente)”, adianta o gabinete de estatísticas esta quarta-feira. Agosto ficou marcado por uma baixa dos preços dos combustíveis em relação aos meses mais recentes (perante a queda da cotação do petróleo e derivados nos mercados internacionais), enquanto entrou em vigor o mecanismo ibérico que ajudou a conter os preços da eletricidade.

Por seu turno, os preços produtos alimentares não transformados intensificaram a subida este mês, passando de uma taxa de inflação de 13,2% para 15,4%.

O INE revela que a inflação subjacente – que exclui os preços da alimentação e energia, por serem mais voláteis – subiu para uma taxa de 6,5%, face aos 6,2% registados em julho.

Em relação ao mês anterior, o índice de preços no consumidor — calculado pelo INE com base nos preços do que consumimos no dia, com alimentos, roupa, habitação — registou um valor negativo pela primeira vez em quase um ano: caiu 0,3% em agosto, após a variação nula no mês anterior.

As más notícias para as famílias poderão não ficar por aqui. Rendas, portagens e uma série de outros serviços vão ser atualizados no início do próximo ano com base na inflação registada este ano. Por exemplo, para as rendas, os dados apurados até agosto vão determinar um agravamento de 5,43% a 1 de janeiro. Os dados finais da inflação em agosto serão divulgados pelo INE a 12 de setembro.

Inflação acima da média da Zona Euro

Quanto ao índice harmonizado de preços no consumidor — que serve para comparar com os outros países — manteve-se nos 9,4% este mês, acima da média da Zona Euro (acelerou para 9,1%, segundo o Eurostat).

A alta inflação tem sido uma enorme dor de cabeça para as famílias no último ano. Primeiro foram os efeitos do fim da pandemia a desencadear uma aceleração dos preços, depois veio a guerra da Rússia na Ucrânia que intensificou as pressões inflacionistas, nomeadamente por via do aumento dos custos com energia, aumentando dramaticamente o custo de vida e levando os governos a lançarem medidas para mitigar o impacto nos orçamentos familiares.

Para travar a escalada dos preços, o Banco Central Europeu (BCE) já começou a apertar as condições financeiras na região, através do aumento das taxas de juro. Subiu-as em julho em 50 pontos base, mas terá de aumentar mais para assegurar a estabilidade dos preços na região.

O conselho de governadores volta a reunir-se na próxima semana e deverá anunciar um novo aumento de 50 pontos base ou superior. Os responsáveis do BCE admitem mesmo que a economia pode deslizar para uma recessão, o que seria um “mal menor” tendo em conta as consequências que o prolongamento da alta inflação poderia ter na Zona Euro.

(Notícia atualizada às 10h17)

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