Tripulantes da Portugália não vão para a greve, mas deixam ameaça

Sindicato admite avançar para paralisação no futuro, mas diz que vai negociar o novo Acordo de Empresa "sem recorrer a decisões impulsivas ou demagogas, que apenas provocam a desunião da classe".

Os tripulantes de cabine da Portugália decidiram não avançar para a greve na assembleia geral convocada pelo Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) e que teve lugar na terça-feira. Esse será, no entanto, o caminho caso a administração da TAP não atenda às suas reivindicações.

Esperamos que a empresa faça uma leitura adequada e séria desta assembleia e que tenha a consciência, de uma vez por todas, da atual e geral insatisfação dos tripulantes. Esta só poderá ser ultrapassada com o respeito que todos merecemos”, afirma o SNPVAC num comunicado divulgado esta tarde.

Caso contrário não restará outra alternativa a esta direção, senão tomar medidas mais fraturantes, nomeadamente o direito à greve, indo ao encontro das posições mais exacerbadas dos nossos associados”, acrescenta a estrutura sindical, que vai iniciar as negociações para um novo Acordo de Empresa, que deverá substituir o Acordo de Emergência assinado em 2021 e que ditou um corte salarial de 25% até ao final de 2024 e o congelamento de progressões.

Os tripulantes andam descontentes, cansados e, sobretudo, invadidos por um sentimento de injustiça, fruto do desrespeito a que são continuamente sujeitos pela comissão executiva do Grupo TAP”, refere o comunicado.

Agravamento das condições de trabalho, aumento das cargas de trabalho com a inerente fadiga e cansaço, desprezo pelo esforço dos tripulantes de cabine na colaboração da reestruturação da empresa e o “protelar permanente de soluções que permitam compatibilizar o trabalho com os objetivos pretendidos de tornar a Portugália uma empresa rentável e competitiva”, são as queixas sublinhadas.

O sindicato justificou a convocação da reunião como forma de “demonstrar o seu descontentamento contra uma gestão errática, que trata de forma diferente e discriminatória os tripulantes da Portugália, como se estes tripulantes não fizessem parte do Grupo TAP”.

Na entrevista que deu ao ECO, a presidente executiva da transportadora aérea afirmou que “a Portugália providencia capacidade para a TAP com um nível de custos que é competitivo. É o nosso próprio ACMI [contrato com aluguer de avião, pessoal, manutenção e seguros] . É o mesmo que trabalhar com a Hi fly ou a Air Bulgária, mas é a nossa própria empresa”.

A comparação não caiu bem no SNPVAC. “Uma vez mais, reforçamos que o período conturbado que o setor da aviação atravessa não serve de justificação para tudo. Acima de tudo, não pode servir para a prepotência e depreciação com que somos continuamente tratados pela Comissão Executiva da TAP e pela própria CEO, para quem, afinal, somos mais um “serviço ACMI!

Para a discussão do novo Acordo de Empresa, o sindicato promete “empenho e a seriedade”, “tendo como linha de orientação primordial a resolução dos problemas laborais”, e preservando os “direitos e dignidade, sem recorrer a decisões impulsivas ou demagogas, que apenas provocam a desunião da classe“.

(notícia atualizada às 16h35)

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