BRANDS' ECOSEGUROS Então e o que faz um subscritor de Responsabilidade Civil? E qual a sua importância?
Paulo Simão, subscritor de Responsabilidades & Specialties da Innovarisk Underwriting, fala do papel e da importância do subscritor quando se fala de Seguros de Responsabilidade Civil.
É comum, quando me questionam no que consiste o meu trabalho de subscritor de Responsabilidade Civil, existir grande desconhecimento sobre a matéria, seja porque não estão por dentro do ramo dos seguros, seja por desconhecimento da complexidade e multidisciplinaridade associada a esta função. Daí surge o objetivo deste artigo, em resumir a função de um subscritor de Responsabilidade Civil, do segmento Corporate e elencar o impacto que pode ter na vida das empresas.
Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas). Para o ramo especializado de Responsabilidade Civil do segmento Corporate, entramos na esfera de grandes empresas e de riscos habitualmente de maior dimensão, onde estamos perante atividades mais complexas e Limites de Indemnização das apólices altos (podem ser vários milhões), daí a necessidade de existir um técnico especializado para esta análise e tarifação.
"Pode definir-se um subscritor como o técnico especializado de uma seguradora que avalia um determinado risco e define quais as condições de aceitação (a que preço, coberturas aplicáveis e franquias específicas).”
Sendo esta a função core do subscritor, existem outras funções que se interligam entre elas, sendo que vou elencar as principais.
Dependendo da estrutura de cada seguradora (com funções de desenvolvimento de produto em separado ou agregadas à subscrição), é responsabilidade do subscritor desenhar/apoiar o desenvolvimento de novos produtos, aprovação de clausulados, controlo do portfolio e definição de segmentos alvo a explorar. Hoje em dia, com o uso de grandes bases de dados, a gestão dos últimos pontos acima acaba por se tornar mais dinâmica, na medida em que se podem fazer leituras praticamente ao segundo.
Aliado a este perfil mais analista, surge a presença comercial, isto é, o contacto com a rede de mediação e corretagem de seguros surge igualmente como função do subscritor, diria mesmo uma função vital, não só para a adequação de determinadas regras de pricing e acompanhar as flutuações do mercado segurador. Numa outra vertente, o subscritor deve, além de conhecer o mercado, estar por dentro das novas tendências socioeconómicas mundiais, assim como estar atualizado perante novas disposições legais que possam surgir.
Esta exposição do subscritor ao mercado vai igualmente depender das políticas organizativas de cada seguradora, sendo, no entanto, uma função cada vez mais diferenciadora, especialmente se considerarmos a preocupação com a qualidade do serviço prestado.
Não devemos abordar a qualidade somente pelo timing de resposta, mas considerar igualmente a adequabilidade da solução apresentada, assim como outra componente cada vez mais valorizada no mercado segurador, a de consultoria. Refiro-me à capacidade do subscritor de propor alterações à apólice, destacar eventuais coberturas adicionais que podem ser contratadas, evidenciar quais os potenciais riscos que a empresa incorre e aconselhar eventuais melhorias na gestão de risco da empresa.
As interligações destas funções tornam o subscritor mais capacitado para desempenhar a sua função core, de avaliar/tarifar um determinado risco. Esta avaliação do risco compreende o cumprimento dos critérios e parâmetros de subscrição internos, assim como a análise criteriosa de toda a informação do risco, atividade e empresa.
Senão vejamos:
- Imaginemos que temos 2 empresas, com atividades (fabrico de móveis) e Volume de Faturação iguais, mesma antiguidade e número de empregados.
Numa primeira análise, a inexperiência pode levar-nos a considerar que se trata de riscos semelhantes, logo com uma abordagem de subscrição similar em termos de cobertura e prémio.
Acontece que uma das empresas tem várias certificações, programas regulares de formação dos seus empregados, uma política de manutenção das suas máquinas trimestral e um processo de controlo de qualidade em todo o processo produtivo.
Por outro lado, a outra empresa não efetua nenhuma monitorização do seu processo produtivo nem é certificada.
Deixo a questão: Estes riscos devem ser tarifados e analisados de forma igual?
A importância do subscritor deriva desta capacidade de diferenciar cada risco e de conjugar o binómio “política de subscrição vs. pretensões do cliente”, especialmente em segmentos mais complexos.
Com a aposta em subscritores dotados de elevado conhecimento, know-how e anos de experiência na função que tenham a capacidade de avaliar cada caso e apresentar soluções diferenciadas para cada risco, as seguradoras têm a capacidade de protegerem os seus ativos e investimentos, ao mesmo tempo que dão soluções sustentadas aos seus clientes.
Texto por Paulo Simão, Subscritor de Responsabilidades & Specialties
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