“As quotas de género foram um boost de aceleração para a paridade”, diz sócio da PRA

O painel dedicado à igualdade de género nas sociedades de advogados contou com a participação de Pedro Sá, sócio da PRA, e Maria Helena Almeida, Head of Sustainability na Sonae Capital.

Sobre o tema “Igualdade de género nos escritórios de advogados ainda é uma miragem?”, o terceiro painel da Advocatus Summit Porto 2022 foi composto por Pedro Sá, sócio da PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, e Maria Helena Almeida, Head of Sustainability na Sonae Capital.

O sócio da PRA começou por apresentar quatro factos que caracterizam o tema da diversidade nas organizações. Sublinhou que é um facto que as mulheres são penalizadas nas organizações do ponto de vista salarial, estando demonstrado desde o recrutamento até ao dia da última promoção. “As mulheres ganham menos com uma experiência equivalente e com um percurso académico equivalente aos dos homens“, disse.

“O segundo facto tem a ver com o atraso estrutural que existe na sociedade e também nas organizações. O atraso estrutural que as mulheres sofrem relativamente aos seus competidores homens para os mesmos lugares relativamente não só a salários mas também à capacidade de aceder a cargos de liderança, cargos de chefia, cargos no Governo, a conselhos de administração e a comissões executivas”, explicou.

Pedro Sá referiu ainda que a sociedade portuguesa é “estruturalmente machista” na maneira como organiza o trabalho, o acesso aos cargos, como avalia o desempenho de mulheres e homens, e como desenha o equilíbrio ou desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Por fim, o quarto facto que apresentou foi relacionado com as quotas de acesso das mulheres em cargos de chefia.

“Sempre fui muito avesso ao conceito de quotas e à legislação das quotas, porque me pareceu sempre que embora a intenção fosse boa, o inferno está cheio delas como sabemos, diminuía o papel das mulheres por que contrariava a natureza meritocrática que deve nortear”, acrescentou. Ainda assim, considerou que as quotas melhoraram depressa e substancialmente a situação que existia antes.

Maria Helena Almeida considerou que as quotas “são uma solução de algum radicalismo para resolver mais rapidamente uma situação que precisa de efetivamente ser resolvida”. No entanto, salientou que esta medida deve ser “uma situação pontual que permita convergir a presença de mulheres e homens em cargos de liderança para uma distribuição mais igualitária”.

A Head of Sustainability na Sonae Capital explicou também o que é que são os denominados “preconceitos bem-intencionados”. “Muitas vezes nas organizações há a melhor intenção do mundo para uma dada situação que acaba por penalizar as mulheres. Por exemplo, no regresso de uma licença de maternidade e existe um projeto central para a estratégia da organização que vai requerer mais horas de trabalho, eventualmente viagens, e se calhar, com melhor das intenções, as lideranças pensam “ai não vou atribuir a esta pessoa porque acabou de regressar da licença de maternidade e provavelmente quer ter mais tempo para dedicar à sua família”, disse.

Pedro Sá referiu ainda que as sociedades de advogados têm feito um caminho “notável” nos últimos tempos através da procura da paridade e da igualdade de oportunidades. “Na PRA temos procurado fazer também o nosso caminho que está a ter algum sucesso. Neste momento temos mais de 180 pessoas, entre advogados e não advogados, 70% destas pessoas são mulheres”, considerou.

A conversa entre os dois intervenientes já está disponível. Veja aqui o vídeo.

Esta iniciativa é considerada o principal evento que liga a advocacia de negócios aos agentes empresariais e da economia e contou com o patrocínio de AVM Advogados, Gama Lobo Xavier, Luis Teixeira e Melo e Associados e PRA-Raposo, Sá Miranda & Associados. Contamos ainda da Universidade Portucalense.

Programa

Painel 1 – “Regime da transparência fiscal dos advogados”

  • Com José Moreira da Silva, presidente da ASAP – Associação das Sociedades de Advogados de Portugal, José Alves do Carmo, sócio da AVM e Matilde Freitas Fortes, Consultora Fiscal. Moderado por Frederico Pedreira, jornalista do ECO/Advocatus. Vídeo aqui.

Painel 2 – O que se espera deste novo Executivo em questões de Justiça?”

  • Com José Augusto da Silva Lopes, professor auxiliar na Universidade Portucalense, e Maria Emília Teixeira, docente investigadora da Universidade Portucalense. Vídeo aqui.

Painel 3 – “Igualdade de género nos escritórios de advogados ainda é uma miragem?”

  • Com Pedro Sá, sócio da PRA, e Maria Helena Almeida, Head of Sustainability na Sonae Capital.

Painel 4 – “O novo Estatuto do Denunciante: estão as empresas preparadas?”

20 de outubro no digital

  • Com José Pinto de Almeida, sócio Gama Lobo Xavier, Luís Teixeira e Melo e Associados, Margarida Machado, sócia da Gama Lobo Xavier, Luís Teixeira, Melo & Associados, e César Araújo, CEO e CFO da CALVELEX e Presidente da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Moda.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

“As quotas de género foram um boost de aceleração para a paridade”, diz sócio da PRA

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião