Obrigações europeias sob pressão à espera do BCE

A reunião do BCE na próxima semana está a deixar os investidores nervosos e a provocar uma subida generalizada das yields das obrigações do Tesouro.

A yield das obrigações alemãs a 10 anos (Bunds) chegou a subir esta quinta-feira 5,5 pontos base para 2,42%, alcançando o valor mais elevado desde agosto de 2011, enquanto as obrigações do Tesouro alemão a 2 anos negociaram com uma taxa de de 2,2%, renovando máximos de dezembro de 2008.

No mesmo sentido estão a seguir as obrigações de Espanha e França, com a yield dos títulos a 10 anos a registarem mais um dia de subidas, renovando máximos de fevereiro de 2014 e abril de 2012, respetivamente.

Os títulos de dívida do Tesouro nacional e dos restantes países intervencionados pela troika há dez anos estão também a ser pressionados pelos investidores, mas as suas yields ainda estão muito longe dos valores recorde de 2012. As obrigações de Portugal a 10 anos, por exemplo, sobem esta quinta 3,7 pontos base para os 3,5%, renovando máximos de 2017. O mesmo sucede com os títulos gregos, com as obrigações a 10 anos a cotarem acima dos 5%, o valor mais elevado desde junho de 2017.

A pressão sobre os títulos europeus está a ser criada por conta de receios de que o Banco Central Europeu (BCE) possa adotar uma atitude mais agressiva na sua política de retirada de estímulos à economia europeia brevemente, que poderá ser anunciada já na próxima reunião do Conselho do BCE que terá lugar dia 27 de outubro.

De acordo com um inquérito realizado pela Reuters, a maioria dos analistas prevê que na próxima reunião do Conselho do BCE a autoridade monetária liderada por Christine Lagarde possa aumentar em 75 pontos base a taxa de depósitos e de refinanciamento do Euro. Porém, os analistas estão mais interessados nos comentários que Christine Lagarde possa fazer em relação à retirada de dinheiro à economia e sobretudo em relação à mudança das regras de refinanciamento das operações de longo prazo (as conhecidas TLTRO).

“As alterações previstas nas regras das TLTRO e as possíveis indicações em relação ao ‘aperto quantitativo’ poderão desencadear um novo repricing das perspetivas monetárias do BCE”, referiu Francesco Maria Di Bella, analista da UniCredit, citado pela Reuters.

Numa nota enviada aos clientes do ING, os analistas do banco neerlandês antecipam também que o BCE irá aumentar a taxa de juro em 75 pontos base mas salientam que “o restabelecimento de um multiplicador de camadas (destinado a mudar as TLTRO) poderia ser a primeira resposta para combater o excesso de liquidez no mercado.”

Para os analistas e investidores há muito em jogo na próxima reunião do Conselho do BCE agenda para a próxima quinta-feira. E até lá as obrigações do Tesouro dos países europeus vão continuar sob pressão.

Yield das obrigações a 10 anos na Zona Euro

Fonte: Reuters. Dados de 20 de outubro 2022.

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