Os custos dos seguros da Ucrânia ultrapassam os da guerra do Iraque
O seguro para trabalhadores humanitários, jornalistas, engenheiros e outros profissionais que visitam a Ucrânia é agora mais caro e mais difícil de organizar do que durante a guerra do Iraque.
É agora mais difícil providenciar seguros para trabalhadores humanitários, jornalistas, engenheiros, e outros profissionais que visitam a Ucrânia do que durante a guerra do Iraque, segundo a Reuters.
Embora inicialmente apreensivos quanto a fornecer cobertura após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro, que Moscovo refere como uma “operação militar especial“, mais seguradoras se mostraram dispostas a fazê-lo nos últimos meses, segundo fontes da indústria, embora seja dispendioso.
“As taxas na Ucrânia são atualmente mais elevadas do que as anteriormente registadas no Iraque e Afeganistão“, disse Alexis Fehler, subscritor de acidentes e saúde da seguradora OneAdvent, apoiada pela Lloyd’s de Londres.
“A instabilidade causada pelos progressos ucranianos e as subsequentes ações de retaliação das forças russas terão um impacto ainda mais dramático nos custos“, acrescentou o responsável.
Outra seguradora apoiada pela Lloyd’s de Londres, Battleface, cobra uma média de 3500 euros por semana por uma combinação de 250 mil euros de cobertura de acidentes pessoais e 250 mil euros de cobertura médica para a Ucrânia, disse o subscritor sénior Roger Perry, embora só a cobertura de acidentes possa custar até 4375 euros por semana para as zonas de maior risco do país.
“Os nossos subscritores cobram em parcelas de 7 dias porque tudo muda rapidamente“, disse o subscritor, acrescentando que “quanto mais para leste se vai, mais alto fica”.
No entanto, a Battleface exclui as Donbas – duas províncias ucranianas orientais que a Rússia declarou unilateralmente parte do seu território – e a região de Odesa, no sul, embora possa abrir exceções, particularmente por curtos períodos como um dia.
Durante a guerra do Iraque de 2003, a Lloyd’s de Londres e outras seguradoras realizaram revisões diárias aos prémios cobrados para cobrir jornalistas que operavam no Golfo, devido ao receio de que os repórteres pudessem ser utilizados como escudos humanos ou executados, de acordo com as reportagens dos meios de comunicação na altura.
Uma terceira fonte de seguros que recusou ser nomeada disse que o custo diário do seguro de enviar um jornalista para as partes mais arriscadas da Ucrânia poderia ser de 5-10% do montante coberto, o que significa que uma organização poderia atingir o valor total da cobertura de um indivíduo após 10 dias, uma situação insustentável para a maioria.
As organizações têm enviado mais meios de comunicação social, médicos e peritos em reconstrução para a Ucrânia, segundo fontes, mas as seguradoras e os peritos em segurança estão particularmente preocupados com os riscos para os civis após a queda de mísseis em cidades ucranianas, incluindo Kyiv, na sequência de um ataque à ponte que liga a Rússia à península da Crimeia.
“Como os recursos do lado russo mudaram, começaram a utilizar mísseis balísticos, velhos mísseis anti-navegação e a adaptá-los para ataques terrestres, e estes são muito menos precisos“, disse James Dennis, coordenador de segurança regional da consultora Healix.
As Nações Unidas e outras organizações de ajuda na Ucrânia disseram na semana passada que os ataques com mísseis tinham perturbado o seu trabalho humanitário.
A escassez de carriers está também a aumentar os custos dos seguros, disseram fontes, apontando, em particular, para a relutância de algumas seguradoras americanas em oferecer cobertura à Ucrânia.
A AIG, que se recusou a comentar, estava a elaborar variadas cláusulas de exclusão para a Rússia e Ucrânia, informou a Reuters no início deste ano.
“Vemos alguma vontade, por parte de seguradoras selecionadas, de considerar a possibilidade de subescrever cobertura na Ucrânia”, disse Steven Capace, líder de prática de contratação governamental na broker Marsh, embora tenha acrescentado que “os recentes ataques com mísseis russos em centros populacionais como Kyiv e Lviv irão provavelmente criar novas apreensões entre as seguradoras“.
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