UTAO: Se nada mudar inflação será 7,8%, acima da estimativa do Governo

Tendo em conta a variação no nível de preços no decorrer do quarto trimestre, cálculos da UTAO apontam para uma inflação de 7,8% este ano.

A inflação poderá fixar-se nos 7,8% em 2022, se o nível de preços não variar ao longo do último trimestre do ano, estima a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Este valor é superior à estimativa que o Governo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado, que aponta para uma taxa de 7,4% este ano.

“Na eventualidade de não se registar qualquer variação no nível de preços no decorrer do quarto trimestre, Portugal terminará o ano de 2022 com uma taxa de inflação de 7,8% (medida pelo IHPC), um valor que se situa 0,4 p.p. acima da estimativa do Ministério das Finanças constante da POE/2023, que é de 7,4%”, indica a UTAO, no relatório sobre o OE.

Esta projeção foi feita tendo em conta os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística este mês, que indicam o IHPC com referência ao final de setembro de 2022. “De acordo com estes dados, a variação média do IHPC nos últimos 12 meses foi de 6,2% (5,4% no mês anterior)“, pelo que a UTAO calculou que se “o nível de preços se manter inalterado até ao final do ano, isto é, sem qualquer variação do nível do IHPC entre setembro e dezembro, Portugal terminaria o ano de 2022 com uma taxa de inflação de 7,8% (medida pelo IHPC)”.

Este valor já se aproxima mais do número calculado pelo Conselho das Finanças Públicas, que acredita que a inflação em Portugal este ano ficará nos 7,7%. A entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral também já tinha apontado riscos à previsão do Governo para a inflação, nomeadamente no próximo ano, sinalizando que “Portugal sendo uma pequena economia aberta – e price taker por definição – é permeável à inflação externa. “O cenário da POE/2023, que perspetiva um abrandamento da inflação de 7,4% em 2022 para 4,0% em 2023, está assim sujeito a um risco de natureza ascendente”, sublinha.

A UTAO destaca ainda que “o aumento da inflação acima da taxa prevista no PE/2022–26 contribuiu para a revisão em baixa da poupança das famílias no biénio, caindo para mínimos da série estatística iniciada em 1995”. “A taxa de poupança do setor institucional famílias foi revista em baixa para o biénio 2022–2023 (5,6% e 5,8%, respetivamente) para níveis não só inferiores aos registados nos anos anteriores à pandemia de Covid-19, como também atingindo os mínimos da série estatística iniciada em 1995”, apontam, pelo que o cenário das Finanças “prevê que as famílias poupem em 2022 e 2023 abaixo da taxa média dos 28 anos desta série”.

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