Inflação anula subida de 5,1% do rendimento disponível das famílias no primeiro semestre

O Banco de Portugal antecipa que a subida da inflação nos primeiros seis meses do ano provocou uma queda de 1% do rendimento disponível real das famílias.

As famílias tiveram um aumento homólogo de 5,1% do rendimento disponível no primeiro semestre, segundo cálculos do Banco de Portugal publicados esta terça-feira. O principal responsável para este crescimento foi o dinamismo do mercado de trabalho que permitiu reduzir a taxa de desemprego para 5,7%, o valor mais baixo desde junho de 2020, e assim aumentar o rendimento disponível das famílias, particularmente das mais carenciadas onde o desemprego é sentido com mais intensidade.

Apesar de as famílias terem mais dinheiro na carteira, a inflação média de 6,2% sentida nos primeiros seis meses do ano acabou por eliminar este aumento e provocar até uma perda de 1% do rendimento disponível real das famílias. Entre os mais lesados estão os reformados, que perderam 3,5% do seu rendimento disponível real e as famílias com mais rendimentos, que perderam 1,7% entre janeiro e junho.

Do lado oposto estão as famílias mais carenciadas que, segundo dados do Banco de Portugal, registaram um crescimento de 0,7% do rendimento disponível real e um aumento de 6,9% do rendimento nominal. “Isto significa que se assistiu a uma redução da desigualdade na distribuição do rendimento”, refere o Banco de Portugal, salientando que “as famílias do primeiro quintil de rendimento, que no conjunto têm apenas 6,8% do rendimento agregado, têm um crescimento do rendimento disponível bastante mais elevado do que as dos restantes quintis.”

A conclusão do Banco de Portugal é sustentada por o regulador estimar que a taxa de inflação das famílias não oscila significativamente consoante os seus rendimentos: entre janeiro e junho, a taxa de inflação variou apenas 0,15 pontos percentuais entre as famílias com mais e menos rendimentos.

Inflação ataca mais os rendimentos das famílias mais ricas

Como as estimativas de inflação para os vários grupos de famílias são bastante próximas, é natural que as maiores reduções do rendimento disponível real registadas no primeiro semestre tenham sido sentidas no bolso das famílias com aumentos menos expressivos do rendimento nominal (famílias com mais rendimentos).

Fonte: Banco de Portugal.

Rendimentos das famílias recuperam no segundo semestre

A 6 de outubro, no seguimento da publicação da primeira parte do Boletim Económico de outubro, o Banco de Portugal antecipava que este ano as famílias acabariam por ter uma estagnação do rendimento disponível real. “O rendimento disponível real estagna em 2022 (0,2%, após 2,2% em 2021), condicionado pelo perfil marcado da inflação”, lê-se no documento.

Nessa altura, o banco liderado por Mário Centeno antecipava que a inflação média este ano chegaria aos 7,8% (face a 6,2% no primeiro semestre) e que o efeito corrosivo da inflação sobre o rendimento disponível real das famílias seria atenuado em 2022 pelo “bom desempenho do mercado de trabalho, refletido no dinamismo do emprego e dos salários nominais, bem como no aumento da taxa de atividade para níveis historicamente elevado.”

Conjugando as previsões anuais do Banco de Portugal com os números avançados agora para o primeiro semestre, as famílias poderão contar com um crescimento do rendimento disponível real mais elevado no segundo semestre do que o registado nos primeiros seis meses do ano, mesmo numa situação de maior pressão inflacionista

Isto acontecerá como resultado resultado das medidas de apoio às famílias anunciadas pelo governo em setembro, que segundo o Banco de Portugal deverão ter um aumento de 1,4 pontos percentuais para a variação do rendimento disponível em 2022, como seja o apoio excecional de 125 euros por titular adulto e de 50 euros por dependente até aos 24 anos de idade, que serão pagos a partir de 20 de outubro.

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