Medina admite que salário mínimo vai passar a ser tributado. Mas deduções podem impedir pagamento de IRS

O mínimo de existência vai deixar de cobrir o salário mínimo. Ministro das Finanças aponta que com as deduções, quem recebe este valor deve continuar a não pagar imposto.

Com a reforma do mínimo de existência, este passa a estar indexado à evolução do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) e deixa, assim, de cobrir o salário mínimo nacional a partir de 2024. O ministro das Finanças admite que com estas mudanças as pessoas que recebem o salário mínimo vão passar a estar integradas no sistema de IRS, apesar de salientar que as deduções à coleta deverão cobrir o valor a pagar e por isso não existir pagamento.

“A opção que temos relativamente a esta mudança significa e vai traduzir-se na integração dentro do sistema do imposto sobre rendimentos de mais pessoas”, assume Fernando Medina, na audição no âmbito no Orçamento do Estado para 2023, no Parlamento.

Ainda assim, argumenta que tal “não quer dizer que signifique que essas pessoas vão pagar imposto, a partir do momento, daqui a dois ou três anos, que o nível de rendimento seja integrado no sistema”, porque existe o mecanismo de deduções. “Só no mecanismo de deduções gerais, usado pela esmagadora maioria dos contribuintes, significa que com despesas de 250 euros por ano não haverá tributação para faixa acima do valor tributado”, diz.

Desta forma, “com a nova metodologia adotada, progressivamente as pessoas que recebam esse nível de rendimentos vão sendo integradas no sistema de IRS mas não quer dizer que corresponda a pagamento de imposto”. O ministro defende também que se está a fazer um avanço do salário mínimo “descolado de patamares de pobreza”.

Segundo as previsões do Governo, o salário mínimo nacional deverá subir para 810 euros em 2024, 855 euros em 2025 e, finalmente, atingir os 900 euros em 2026. O mínimo de existência ainda é fixo em 2023, mas passa a estar indexado ao IAS a partir de 2024, momento em que deverá deixar de cobrir a retribuição mínima.

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Novo projeto do gasoduto tem “maior valor económico para Portugal”

A discussão incidirá sobre que verbas europeias devem financiar as interconexões. António Costa espera não ter de usar fundos do programa Repower EU.

O primeiro-ministro, António Costa, fala de uma “satisfação generalizada” entre os membros do Conselho Europeu quanto ao acordo político alcançado entre Portugal, Espanha e França para a construção de um gasoduto que ligue a Península Ibérica a França, reforçando as interligações na Europa.

“Este projeto não é só diferente, mas é também um projeto com maior valor económico para Portugal”, indicou o primeiro-ministro, no final da cimeira europeia, que teve lugar esta quinta e sexta em Bruxelas. Costa realça que, ao tratar-se de um projeto a pensar sobretudo nos gases renováveis como o hidrogénio verde, ao invés de se focar no transporte de gás, que Portugal não produz, o país beneficiará mais com o projeto do “novo corredor verde” do que com o anterior, conhecido por MidCat.

Sobre o financiamento, Costa diz-se “totalmente de acordo” com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no ponto em que os orçamentos dos Estados em causa – Espanha, Portugal e França – não devem ser usados para financiar este projeto. A discussão incidirá sobre que verbas europeias devem financiar as interconexões: se as verbas do Repower EU, como sugere von der Leyen, ou outras.

A União Europeia tem um mecanismo financeiro específico para interconexões na área de energia, explicou o primeiro-ministro. “Portugal, Espanha e França entendem que devemos apresentar candidatura deste projeto para ser financiado por esse mecanismo”, avançou. Se não for possível, “Espanha não fechou a porta a financiar parte com o Repower EU”, mas Portugal tem uma posição diferente. “Não é do nosso interesse desviar qualquer cêntimo [dos 700 milhões que couberam a Portugal no âmbito do Repower EU] para este projeto de interesse comum”, diz Costa, assinalando que esses fundos já estão destinados a um conjunto de investimentos que reforçam a capacidade de produção de renováveis e a eficiência energética.

Estão três troços em causa: o de Celorico da Beira até Zamora, outro entre Zamora e Barcelona e, finalmente, a interligação entre Barcelona e Marselha que, por sugestão de Espanha, de forma a contornar as objeções ambientais que França colocava quanto a que a ligação passasse pelos Pirinéus, far-se-á por via marítima. Sendo que o traçado anterior entre Celorico da Beira e Zamora foi chumbado pelas entidades ambientais, há um novo traçado em avaliação de impacte ambiental.

Apoios às famílias e empresas sem conclusão

O primeiro-ministro afirma que os dois grandes temas discutidos neste Conselho Europeu, cujas reuniões se prolongaram entre esta quinta e sexta-feira, foram a crise energética mas também a resposta comum para apoiar famílias e empresas.

Quanto à resposta às famílias, “infelizmente o debate não foi totalmente conclusivo”, indica Costa, embora considere que decorreu de forma mais cordial e construtiva do que noutras ocasiões. Isto porque, apesar de membros do Conselho se terem oposto a que a União Europeia use “dinheiro novo” para enfrentar este problema, foi admitido pelos mesmos que se canalizem para novos usos verbas já aprovadas. “O que se vai fazer em concreto ficou em aberto, mas foram dadas orientações para que comissão possa trabalhar” nesse sentido, concluiu.

Sendo que as verbas europeias do Portugal 2020 já estão destinadas, e o mesmo acontece com os fundos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que couberam a Portugal, Costa diz que propôs usar pelo menos parte dos 12 mil milhões de euros que a Comissão Europeia disponibilizou na forma de empréstimo, e aos quais Portugal renunciou, precisamente para aliviar os preços da energia.

Esta medida, em conjugação com os 3.000 milhões de euros que foram anunciados para aliviar os preços da energia para as empresas, “permitiriam, em 2023, criar outra margem de segurança e de tranquilidade aproximando ainda mais os preços [da energia] do custo antes da guerra”.

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Penny Mordaunt é primeira candidata declarada à sucessão de Truss

  • Lusa
  • 21 Outubro 2022

Fui encorajada pelo apoio de colegas que querem um novo começo, um partido unido e liderança no interesse nacional", escreveu no twitter.

A líder da Câmara dos Comuns britânica, Penny Mordaunt, tornou-se esta sexta-feira a primeira candidata à sucessão de Liz Truss na liderança do Partido Conservador e no cargo de primeira-ministra.

“Fui encorajada pelo apoio de colegas que querem um novo começo, um partido unido e liderança no interesse nacional”, escreveu na rede social Twitter.

 

Mordaunt, que ficou em terceiro lugar atrás de Liz Truss e Rishi Sunak na eleição interna anterior, disse querer “unir o país, cumprir as promessas [do Partido Conservador] e vencer” as próximas eleições legislativas.

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“Governo não prosseguirá política de redução do défice a todo o custo”, diz Medina

Medina assegura que se o cenário económico se agravar inesperadamente, "usará as margens que a política anti-cíclica define". Sobre a TAP, diz que não estão previstas receitas nem despesas.

O ministro das Finanças assegura que se existirem desenvolvimentos externos que levem a um desenvolvimento inesperado da economia, mais agravado, o “Governo não prosseguirá política de redução do défice a todo o custo”, na audição no âmbito da discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2023.

Fernando Medina respondia a um deputado social-democrata, esclarecendo que não referiu a palavra folga “porque o Orçamento do Estado é feito com rigor e prudência”. “Referi foi que definimos um défice de 0,9%, mas assumimos que se por alguma razão houver algum desenvolvimento externo que nos imponha um andamento da economia diferente que esperamos, isto é um cenário mais agravado, o Governo não prosseguirá política de redução do défice a todo o custo e usará as margens que a política anticíclica define e aponta correspondentes a política orçamental”, explica.

Este OE prevê que o défice vai descer para 1,9% do PIB este ano e terá uma nova redução para 0,9% em 2023. Já a dívida pública vai voltar a baixar para 110,8% do PIB em 2023.

O ministro acrescenta ainda que “esta é uma opção política muito diferente daquela que o PSD teve”. Para Medina, não se pode dizer que há folga, mas sim uma “utilização inteligente da política orçamental”.

Medina aponta ainda que os deputados “andam a insistir que o Governo está a trabalhar para ter resultado melhor do que o esperado”, mas é assertivo: “Quem gere a evolução do défice seremos nós, não vamos ter resultado melhor do que antecipamos”. “Se quiséssemos ter estratégia mais agressiva de redução do défice, só o pacote de famílias é um ponto do défice”, nota.

Na defesa do OE, Medina adiantou também que “este mês, o Governo fez já chegar 1.123 milhões de euros a 3,8 milhões de portugueses, dos quais 420 mil crianças”, nos apoios que avançaram no âmbito do pacote para mitigar os efeitos da inflação. Entre estes apoios inclui-se o complemento de meia pensão, por exemplo, sendo que o “cheque” de 125 euros também já começou a ser pago.

Sobre o bolo de medidas anunciadas pelo Governo para este período, o ministro das Finanças assegura que “nas próximas semanas será concluído o processamento de todos os apoios”.

Os deputados pediram também esclarecimentos sobre as pensões, nomeadamente sobre o compromisso do Governo para corrigir o valor calculado para o aumento do próximo ano. Medina aponta que a “lei diz que as pensões são atualizadas com indexante de inflação sem habitação calculado em novembro de cada ano”, pelo que “se chegarmos ao mês de novembro e se dados relativamente à inflação de novembro nos mostrarem que foi diferente [do estimado], faremos correção a valor de forma a que aumento do ano de 2023 seja corrigido, assegurando cumprimento integral do valor inscrito”.

O ministro foi também questionado pela deputada do Bloco Mariana Mortágua sobre o impacto da medida que alarga o regime dos prejuízos fiscais, mas não avança com números, apontando apenas que “a alteração ao regime dos prejuízos fiscais vai aumentar a receita fiscal no ano de 2023″.

Medina continua a ignorar privatização da TAP no OE: “Não estão previstas receitas nem despesas”

O ministro das Finanças admite que “não estão previstas nem receitas nem despesas” relativas à privatização da TAP na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, porque essa operação “ocorrerá no tempo e modo que Governo entenda, que valorize interesse da companhia e interesse nacional”.

Estas declarações surgem no seguimento de questões dos deputados sobre a falta de valores inscritos no OE para a TAP, algo que é até referido como um risco para o cenário macroeconómico pela Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos (UTAO). Sobre o “secretismo” de que o Governo é acusado, Medina defende que o “dossier da TAP é totalmente público, o plano de reestruturação está no jornal oficial das comunidades e é conhecido”.

“Os valores são conhecidos, o Estado está autorizado a transferência até ao limite de 990 milhões – 600 milhões avaliados em contabilidade nacional”, limite este que está “no OE de 2022, não no de 2023 e nada pode acrescer”.

Já sobre o Novobanco, que também é apontado pela UTAO como um risco ao OE, Medina volta a referir que “não há nenhuma questão sobre essa matéria”. O Fundo de Resolução “transmitiu que não concorda e considera não ser de fazer pagamento da última claim de 200 milhões, assim considera também o Governo português”, salienta, pelo que “apesar do limite contratual ser outro, não se vislumbra nenhuma transferência”.

(Notícia atualizada às 18h40)

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Avião da Turkish Airlines retido em Lisboa após ameaça de bomba

  • Lusa
  • 21 Outubro 2022

Passageiros saíram da aeronave sob supervisão da PSP, após um passageiro ter alertado a tripulação de que havia explosivos a bordo.

A PSP deteve o passageiro que disse esta sexta-feira que poderia haver uma bomba a bordo do avião da Turkish Airlines que iria fazer a ligação entre Lisboa e Istambul. “Na sequência da intervenção foi detido o passageiro, por prática de atentado à segurança de transporte por ar e da inspeção efetuada não foi identificado nenhum objeto ou substância suspeita”, adianta o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP num comunicado enviado esta tarde às redações.

Fonte da PSP referiu ainda que o detido será presente ao juiz no sábado para conhecer as medidas de coação. De acordo com a PSP, “em momento algum foi gerado pânico entre os intervenientes”, apesar de os passageiros e as bagagens terem sido retirados da aeronave para a vistoria das autoridades. A PSP foi informada da situação pelas 11:30.

“De imediato a Divisão de Segurança Aeroportuária iniciou os procedimentos de segurança”, explica a PSP, acrescentando que o passageiro foi retirado do avião. A polícia não refere para onde foram os restantes passageiros, dizendo apenas que foram encaminhados de modo a acautelar a sua segurança.

Adianta ainda que foram acionadas todas valências da PSP para assegurar a inspeção à aeronave, da respetiva bagagem e feita comunicação às entidades competentes. Contactada pela Lusa, fonte oficial da ANA disse à Lusa durante a tarde que “a operação aeroportuária decorre com normalidade”.

No entanto, de acordo com o site da ANA é possível verificar que o voo em causa foi cancelado e que os passageiros estão a ser realocados noutros voos.

(atualizada às 20h30)

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Grupo da Mercer abre novo escritório no Porto

Novo espaço acolhe os 45 trabalhadores que a Marsh McLennan tem no Porto -- de um total de mais de 750 colaboradores no país -- que estão a trabalhar em modelo híbrido.

A Marsh McLennan, o grupo dono da Mercer, acaba de abrir um novo escritório no Porto, no edifício do Mercado do Bom Sucesso. O espaço apresenta a mesma identidade visual do de Lisboa para receber os 45 colaboradores do grupo na cidade. O grupo está a contratar.

“O grande objetivo foi o de melhorar as condições que promovam o bem-estar das pessoas. Para isso foram criados espaços de trabalho mais confortáveis e ergonómicos, bem como mais zonas informais, que promovam a partilha e espírito de equipa. Por outro lado, também quisemos melhorar o espaço de receção aos nossos clientes. O layout segue à risca o que foi criado em Lisboa, pelo facto de queremos promover uma identidade única e que nos aproxime independentemente da distância“, adianta fonte oficial do grupo à Pessoas.

A empresa não revela o investimento realizado no novo espaço, localizado perto do antigo escritório.

O novo espaço acolhe os 45 trabalhadores que a Marsh McLennan tem no Porto — de um total de mais de 750 colaboradores em Lisboa e Porto — que estão a trabalhar em modelo híbrido. “A política que implementámos segue um modelo híbrido em que temos colaboradores no escritório e em teletrabalho”, refere fonte oficial.

O grupo está a recrutar. “Neste momento temos vários processos de recrutamento a decorrer em que não diferenciamos a localização. O foco está no perfil e estamos a receber candidatos e candidatas de vários pontos do país. Neste sentido, a alocação será feita de acordo com a localização.”

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Presidente da República diz que “passou o tempo” de juízes a acumular funções fora da magistratura

  • Lusa
  • 21 Outubro 2022

Marcelo disse que “passou o tempo” em que era possível aos magistrados acumular funções fora da esfera judicial e que a rotação em cargos deve ser “reponderada à luz da imagem que deixa na sociedade”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sexta-feira que “passou o tempo” em que era possível aos magistrados acumular funções fora da esfera judicial e que a rotação em cargos deve ser “reponderada à luz da imagem que deixa na sociedade”.

No discurso de encerramento do XVI Encontro Anual do Conselho Superior de Magistratura (CSM), que terminou esta sexta-feira em Vila Nova de Gaia, o Presidente da República disse que a tradição em Portugal “era muito generosa” e “envolvia realidades muito díspares” de acumulação de funções em que só mais tarde “se tinha a noção de que podia haver um conflito de interesses”.

Podem ser funções, enumerou Marcelo Rebelo de Sousa, “sociais, culturais, desportivas”, as “mais variadas para que cada qual exprimisse aquilo que se considerava que devia ser lateral ao exercício do poder judicial”.

“Esse tempo passou, digo eu da ótica de quem tenha que vir a promulgar diploma sobre essa matéria, não digo da ótica do que pensa o poder judicial sobre a matéria ou da ótica do poder legislativo sobre legislar ou não sobre ela”, disse o Presidente da República.

O chefe de Estado reconheceu que “há muitos exemplos” em que se diz ser impossível que essa acumulação não aconteça, “tal a criatividade que existe nas sociedades aos mais variados níveis”.

“Onde é que se para em termos sociais? De qualquer maneira é uma reflexão a fazer nos casos mais óbvios de funções dificilmente compatíveis”, disse, acrescentando que no que diz respeito à acumulação “tem vingado uma orientação por iniciativa do próprio poder judicial e por compreensão de todos os poderes do Estado no sentido de ser reduzida ao mínimo e tender a desaparecer”.

Sobre a rotação de magistrados em cargos fora da magistratura, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a questão choca com direitos e liberdades, mas defendeu uma reponderação.

“Quanto à rotação, eu sei que isso é respeitar a liberdade das pessoas, mas temos que admitir que há um momento em que a liberdade das pessoas tem que ser reponderada à luz, não direi da suspeição sobre a sua isenção e integridade pessoal, mas à luz da imagem que deixa na sociedade em casos mais flagrantes”, disse.

O juiz conselheiro Henrique Araújo, presidente do Supremo Tribunal de Justiça e, por inerência, do CSM, que falou antes do Presidente da República, tem sido uma voz crítica daquilo que apelidou de “portas giratórias” na Justiça, com a entrada e saída de magistrados para ocupar cargos políticos, até como ministros.

Sobre a composição dos órgãos superiores da magistratura – o próprio CSM e o congénere para os tribunais administrativos e fiscais – que a magistratura pede que sejam compostos maioritariamente por juízes, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se favorável a essa pretensão, ainda que não lhe pareça um imperativo constitucional.

“O que penso da matéria? Penso que não me parece obviamente inconstitucional uma solução que passe por não haver a totalidade dos membros destes conselhos eleita por juízes, não só porque isto foi pacífico ao longo de décadas, [..] mas porque me parece excessivo dizer que a independência do poder judicial implica necessariamente que todos os membros dos dois conselhos superiores sejam eleitos por juízes”, disse.

O chefe de Estado referiu que a “fórmula da lei portuguesa”, ao juntar nestes órgãos membros eleitos por juízes e membros “eleitos por outros órgãos do poder político do Estado” pretendia “contrabalançar” a “intervenção exclusiva dos juízes, com o eco, através de outros poderes do Estado, do que seria a vontade da sociedade”.

Lembrou que, “por indicação” do seu antecessor, Cavaco Silva, designou “não magistrados judiciais” para os dois órgãos de cúpula da magistratura, o que depois veio a corrigir “parcialmente” em relação ao CSM, permitindo um regresso à maioria de membros juízes nesse órgão.

Tendo a considerar – seja embora isso matéria da competência legislativa – que talvez faça sentido que a maioria dos membros seja constituída por magistrados judiciais. É uma questão em debate, é uma questão a ser ponderada. Certo é que se assim não for, se não houver alteração legislativa, naturalmente que um ponto a repensar é, no outro caso em que não houve designação de magistrado, se possa repensar a possibilidade de passar a haver maioria de magistrados”, disse o Presidente da República.

Já na abertura do congresso dos magistrados, na quinta-feira, o vice-presidente do CSM, o juiz conselheiro José Sousa Lameira tinha defendido a importância da maioria de juízes neste órgão para a independência do poder judicial que, podendo ter membros nomeados externamente, não pode ter os juízes “representados em minoria no seu órgão constitucional de autogoverno”.

A maioria de juízes é possível, como atualmente acontece, mesmo sem qualquer alteração legislativa, se o Excelentíssimo Presidente da República nomear um juiz conselheiro”, sublinhou.

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“Verdade” sobre fugas em gasodutos Nord Stream “surpreenderia” europeus, diz Kremlin

  • Lusa
  • 21 Outubro 2022

“Até agora, deparámos com um muro de relutância em lançar luz sobre a verdade, que certamente surpreenderá muita gente nos países europeus, se for tornada pública”, disse Peskov.

O Kremlin disse esta sexta-feira que os europeus ficariam “surpreendidos” se soubessem a verdade sobre as explosões na origem das fugas nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que transportam gás russo para a Europa.

A Rússia tem repetido apelos, ignorados pelos países ocidentais, para ser incluída na investigação internacional sobre as fugas, que ocorreram no mês passado, em plena guerra na Ucrânia e no contexto de disputas sobre a distribuição de gás entre a Rússia e a União Europeia.

Entre os países ocidentais, a Rússia é suspeita de ter sabotado os gasodutos Nord Stream, desencadeando as explosões em ambas as infraestruturas a 26 de setembro, assunto que foi abordado numa reunião de ministros da Defesa da NATO já este mês.

Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscovo está a trabalhar “intensamente” para ser incluída na investigação, depois de esta semana ter dito que o Ocidente se prepara para culpar a Rússia. “Até agora, deparámos com um muro de relutância em lançar luz sobre a verdade, que certamente surpreenderá muita gente nos países europeus, se for tornada pública”, denunciou Peskov.

“Nem os alemães, nem os suecos, nem os dinamarqueses compartilham informações connosco”, lamentou o porta-voz da presidência russa, referindo-se aos países envolvidos na investigação internacional às fugas nos gasodutos.

Em 12 de outubro, o Presidente russo, Vladimir Putin, classificou como ato de “terrorismo internacional” as explosões que provocaram as fugas, dizendo que beneficiavam os Estados Unidos, Polónia e Ucrânia, e desafiou o Presidente norte-americano, Joe Biden, a admitir que o país fora responsável por esse ato.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou antes da recente reunião de ministros da Defesa que a Aliança “na sequência da sabotagem dos gasodutos Nord Stream reforçou ainda mais a vigilância em todos os domínios”, nomeadamente “duplicando a presença nos mares Báltico e do Norte para mais de 30 navios apoiados por aeronaves de patrulha marítima e capacidades submarinas”.

“Os Aliados estão também a aumentar a segurança em torno de instalações chave e a intensificar a partilha de informações”, adiantou o líder da Aliança Atlântica, prometendo “novas medidas para reforçar a resiliência e proteger as infraestruturas críticas”.

Os gasodutos Nord Stream estiveram no centro de uma controvérsia geopolítica, ainda antes do conflito na Ucrânia, quando Kiev e Washington se opuseram à sua construção, alegando riscos para a dependência europeia da energia russa.

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Servihabitat ultrapassou os 1500 milhões de euros em vendas

  • Servimedia
  • 21 Outubro 2022

A Servihabitat encerrou os primeiros nove meses do ano com mais de 1600 milhões de euros em vendas, o que corresponde a mais 13% do que em 2021. O segmento residencial teve um aumento de 16,4%.

A Servihabitat, um prestador de serviços multiproduto e multicliente na gestão de ativos imobiliários e financeiros, encerrou os primeiros nove meses de 2022 com vendas de mais de 1600 milhões de euros, um aumento de 13,5% em relação ao ano passado, noticia a Servimedia.

A empresa informou, esta sexta-feira, que a venda de instalações e a venda de escritórios continuou a impulsionar o mercado terciário, que aumentou o seu volume de negócios em 7% em relação ao ano anterior.

A procura de instalações tem permanecido dinâmica, com as vendas a aumentarem 18,7%. No caso dos escritórios, este aumento em relação a 2021 foi de 17,8%, “um número que reflete uma certa mudança de tendência no abandono do teletrabalho e no regresso ao trabalho presencial”.

O tom do mercado de terrenos continua com uma tendência de crescimento estável. O servente aumentou o valor de venda destes bens em 5% em comparação com os primeiros nove meses de 2021. A habitação continua a ser um segmento de mercado sólido, com uma procura robusta. A comercialização deste tipo de bens pela Servihabitat resultou num volume de negócios que mostrou um novo aumento de 16,4% em relação ao ano anterior.

Para Iheb Nafaa, CEO da Servihabitat, “a atividade até Setembro reflete o bom tom que o setor imobiliário tem mantido e, com estes números, a nossa previsão é fechar 2022 mantendo os números recorde do ano passado, apesar de se esperar alguma contração da procura devido ao contexto inflacionista e ao aumento das taxas de juro”.

Descontos até 35% em algumas ofertas

Com o objetivo de continuar a impulsionar o mercado, a Servihabitat lançou uma campanha para oferecer descontos até 35% sobre o preço de mais de 14 mil ativos em toda a Espanha. Esta campanha estará em vigor até ao início de Novembro.

A campanha, designada “Aqui, onde os preços, em vez de subirem, descem”, a oferta selecionada centra-se no produto residencial, com mais de 4300 casas; produto terciário, com mais de 2800 instalações; e terreno, onde existem mais de 4900 ativos imobiliários, especialmente para autopromoção e pequenos promotores imobiliários. Os bens estão localizados principalmente nas províncias de Valência, Sevilha, Barcelona, Madrid, Burgos e Múrcia.

Isidro Soriano, diretor Executivo de Vendas e Marketing REOs da Servihabitat, indicou: “Esta é uma das iniciativas mais ambiciosas que lançámos com uma grande seleção de ativos que nos permitem apoiar diferentes segmentos de mercado”. O responsável acrescentou que veem uma procura sólida no setor imobiliário, ao qual estão “a dar mais facilidades para aceder ao produto que melhor se adequa as necessidades do cliente“.

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Setor automóvel diz que vai ser “cada vez mais difícil” produzir na UE sem “ação política”

Setor automóvel europeu receia que produção e investimento na UE fique em causa, face a um contexto marcado pela inflação, baixos rendimentos, aumento de custos, e ameaça do mercado dos EUA e China.

O setor automóvel europeu receia que se torne cada vez mais difícil defender a produção e o investimento na União Europeia sem “ação política significativa”.

O alerta foi feito esta sexta-feira pela cadeia de valor automóvel da região, representada pela Associação Europeia de Fabricantes Automóveis (ACEA), a Associação Europeia de Fornecedores Automóvel (CLEPA), os Empregadores Europeus de Tecnologia e Indústria (CEEMET) e a Associação Europeia de Fabricantes de Pneus e Borracha (ETRMA).

Num comunicado conjunto, os representantes defendem ser necessária iniciativa política adicional para evitar a dependência na importação, bem como garantir o acesso a energia a preços acessíveis. O setor garante ainda que todas as empresas energéticas têm um papel a desempenhar nesta tarefa.

“Precisamos de medidas fortes e coordenadas a nível europeu que apoiem o setor e os consumidores”, apelam os representantes do setor automóvel. Neste sentido, asseguram estar prontos “para trabalhar em conjunto com os legisladores, para garantir o sucesso da transição na mobilidade”.

Em causa está um aumento dos preços da energia e dos custos de produção, colocando pressão adicional sobre todo o setor. O contexto também é marcado pela inflação elevada e baixos rendimentos a nível europeu, afetando, assim, todos os fabricantes e intervenientes, independentemente da sua dimensão, garantem.

“O setor aprecia as recentes iniciativas políticas a nível nacional e europeu. No entanto, persistem incertezas sobre a implementação e eficácia dessas medidas”, esclarece o comunicado, apelando, por este motivo, ao diálogo urgente.

Quais os problemas identificados?

O setor automóvel europeu defende que os custos de produção estão a aumentar como resultado do aumento dos preços da energia, matérias-primas e outros componentes. Por estes motivos, o lucro da indústria sai prejudicado e o próprio investimento e a sobrevivência de indústrias “críticas dentro do ecossistema” ficam em risco, garante.

“A indústria não pode absorver custos tão elevados no longo prazo, especialmente diante da concorrência de outros grandes mercados, como os EUA ou a China”, esclarece. Face a preços da energia entre os sete e oito vezes superiores aos praticados nos EUA, o setor automóvel considera que a competitividade global da indústria europeia sai assim prejudicada, pelo que apelam a um nivelamento das condições globais.

O comunicado alerta ainda para a necessidade de transferir o aumento dos custos para toda a cadeia de abastecimento e clientes, numa altura em que a inflação já está a limitar os rendimentos, colocando assim em causa a acessibilidade dos novos veículos. Isto irá afetar a renovação da frota automóvel e o ritmo de descarbonização do setor, um facto evidenciado pelas quebras, na ordem dos 10%, na venda de veículos novos, assume o setor.

Os custos elevados também prejudicam a empregabilidade, pelo que o comunicado ressalva que a indústria já se encontra em processo de requalificação dos seus trabalhadores, embora peça mais medidas aplicadas ao mercado de trabalho.

O comunicado apela também a condições iguais na União Europeia, alegando que as regras do mercado único e os apoios dos Estados-membros não devem prejudicar a concorrência entre os diversos centros de produção na Europa, uma tarefa que relega para a Comissão Europeia.

De acordo com os dados avançados pelas entidades, o setor automóvel europeu é responsável pelo emprego de 13 milhões de pessoas, correspondente a 8% do PIB da UE, além de investir 58,8 mil milhões de euros anuais em investigação e desenvolvimento, ou o equivalente a 32% da despesa total europeia.

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CSM quer orçamento dos tribunais gerido por juízes e Parlamento

  • Lusa
  • 21 Outubro 2022

O juiz conselheiro defendeu ainda a alteração do “modelo de controlo das plataformas electrónicas de gestão e tramitação de processos" que está na alçada do Governo.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça defendeu esta sexta-feira que o orçamento dos tribunais deve ser gerido pela Assembleia da República em conjunto com o Conselho Superior da Magistratura (CSM) e não pelo poder executivo, para garantir a independência judicial.

“Altere-se o sistema de dotação orçamental dos tribunais, centrando-se na Assembleia da República a decisão sobre essa matéria, em diálogo direto com o Conselho Superior da Magistratura, e atribuindo-se a este a competência para a sua execução. Não faz qualquer sentido que seja o poder executivo a determinar quais as verbas destinadas aos tribunais, porque ao fazê-lo em medida inferior às necessidades do judiciário – como sempre acontece – acaba por condicionar a atuação deste”, defendeu hoje o juiz conselheiro Henrique Araújo.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, e do Conselho Superior da Magistratura (CSM), falava no encerramento do XVI Encontro Anual do CSM, subordinado ao tema da independência do poder judicial, e que termina hoje em Vila Nova de Gaia.

Entre o “imenso para alterar” com o objetivo de garantir a “efetivação e reforço” da independência do poder judicial, o juiz conselheiro defendeu ainda a alteração do “modelo de controlo das plataformas eletrónicas de gestão e tramitação de processos, transferindo-se o domínio dessas unidades para o Conselho Superior da Magistratura”.

“É, de facto, contraditório com o princípio da separação de poderes que seja o Ministério da Justiça a deter o controlo dessas plataformas”, disse.

Pediu ainda cuidado com a utilização de ferramentas de inteligência artificial, pedindo que sejam deixadas “fora de qualquer atividade que pressuponha ou envolva um processo de valoração que só à atividade humana cabe” e pedindo cuidado com a programação de algoritmos que possam reproduzir preconceitos dos programadores e condicionar decisões.

Henrique Araújo, que lembrou as interferências do poder político na independência judicial de países do leste europeu, mas que “parecem ainda longe de contagiar este canto a ocidente”, não deixou de alertar para o potencial disruptivo de turbulências sociais, que podem “abalar o normal funcionamento das instituições da democracia”, sublinhando que “os tribunais e os juízes não estão imunes a essas turbulências”.

“Dever-se-á, por isso, prestar a maior atenção a fenómenos que tenham potencial para atingir a independência externa do poder judicial, tida esta no significado diretamente político, ou seja, no sentido de que essa mesma independência decorre do princípio básico da separação de poderes no Estado de Direito democrático”, disse.

Reconhecendo que, no âmbito da gestão e aplicação da disciplina aos juízes que cabe ao CSM, “por vezes é difícil descortinar a fronteira entre aquilo que cai no puro âmbito da gestão e aquilo que pode contender com independência dos juízes”, Henrique Araújo referiu que este órgão tem “usado da máxima cautela para que as determinações gestionárias que emite nunca interfiram com a independência dos juízes”.

Não deixou, no entanto, de reiterar alguns reparos ao comportamento dos juízes, sobretudo aqueles que podem “desbaratar a imagem de independência” da magistratura.

“O Estatuto dos Magistrados Judiciais impõe aos juízes que se abstenham de fazer declarações ou comentários públicos sobre quaisquer processos judiciais, salvo quando autorizados pelo CSM, para defesa da honra ou para a realização de outro interesse legítimo. Este dever de reserva é essencial para preservar a perceção de independência e imparcialidade dos juízes e para gerar confiança nos cidadãos. Este dever aplica-se a todos os juízes”, afirmou.

O presidente do STJ e do CSM disse que “não há juízes com prerrogativas nessa matéria” e que “nenhum magistrado judicial, seja juiz da 1.ª instância, desembargador ou conselheiro, pode pronunciar-se sobre processos em curso nem comentar o trabalho dos seus colegas”, considerando também “prejudicial” a “excessiva exposição dos juízes nas redes sociais”.

“Tem de haver moderação. Tem de haver noção da enormíssima responsabilidade social inerente às funções de julgar. A compreensão da importância do comedimento na interação com os outros, no espaço público, tem de ser interiorizada por todos os juízes, sob pena de não poder dar-se por garantida a imagem de independência e de equidistância no julgamento dos interesses em conflito”, defendeu.

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Marcelo critica atrasos na criação da Entidade para a Transparência

No XVI encontro anual do Conselho Superior da Magistratura, o Chefe de Estado criticou a demora da entrada em funções daquela entidade, criada em 2009.

O Presidente da República considerou esta sexta-feira incompreensível o atraso na criação da Entidade para a Transparência, alertando que pode “gerar a sensação” de que a “não é uma prioridade”.

“É incompreensível, é incompreensível”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, em Vila Nova de Gaia, Porto, à margem da cerimónia de encerramento do XVI encontro anual do Conselho Superior da Magistratura, quando questionado sobre a demora da entrada em funções daquela entidade, criada em 2009.

O chefe de Estado deixou um aviso: “Eu entendo que foi considerado num determinado momento que era fundamental aquela entidade, com meios para poder intervir e se passaram alguns anos sem a entidade ser criada, a sensação que pode haver em alguns portugueses, espero que não venha a existir, é de que, afinal, a transparência não é uma prioridade na sociedade portuguesa”, alertou.

O organismo, criado por lei em 2019 para fiscalizar os rendimentos dos políticos e as eventuais incompatibilidades e conflitos de interesses em cargos públicos, está parado. A razão, segundo avança o Expresso, prende-se com a falta de verbas, dúvidas quanto à localização e várias derrapagens nos prazos.

Sem esta entidade a funcionar, centenas de declarações de rendimentos de políticos continuam a ser feitas e entregues em papel no Palácio Ratton, sem qualquer cruzamento de dados.

Marcelo reafirma que Passos Coelho é um “ativo politico” para o país

O Presidente da República reafirmou também que Pedro Passos Coelho é “um ativo politico para o futuro”, justificando que está a dizer em voz alta aquilo que “muitos portugueses pedem”.

“Eu falei para dizer o seguinte, o país deve-lhe, porque deve mesmo, aquilo que fez durante a crise da troika e que é um ativo politico para o futuro. Tenho dito isto a muita gente, é a minha opinião como Presidente da República portuguesa, dizer em voz alta o que muitos portugueses pedem”, afirmou hoje Marcelo Rebelo de Sousa, em Vila Nova de Gaia, Porto, à margem de um encontro de magistrados.

Confrontado com uma notícia do semanário Expresso desta sexta-feira, de que os elogios que fez não terão sido bem recebidos pelo ex-primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter falado como Presidente e não como cidadão.

“Em relação ao doutor Passos Coelho, como em relação a muitas outras pessoas da vida portuguesa, falei como Presidente da República, não falei como Marcelo Rebelo de Sousa”, insistiu.

A 15 de outubro, em Amarante, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o país ainda “deve esperar muito do contributo” do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, numa altura marcada pela suas declarações sobre os casos de abusos sexuais na Igreja Católica.

“Sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o país pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro, não tenho dúvidas”, afirmou aos jornalistas, observado que a “resistência” do ex-chefe do Governo no período da troika é reconhecida dentro e fora de Portugal.

“O país deve, num período muito difícil de crise na troika, ao primeiro-ministro Passos Coelho, uma resistência, que ainda há dois dias pude ouvir ser elogiada pela boca da então chanceler Angela Merkel. Portanto, é reconhecida cá dentro e reconhecida lá fora, é um facto”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

As declarações do Presidente da República aconteceram à margem da cerimónia que assinalou o início das comemorações do centenário de Agustina Bessa Luís, às quais assistiu o antigo primeiro-ministro.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h41)

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