Instalação de painéis solares em novos edifícios deve ser obrigatória já em 2023

  • Lusa
  • 16 Outubro 2022

Relatório do Oeko-Institut e da Rede de Ação Climática recomenda medida para ajudar a baixar contas de energia, aumentar segurança energética e ajudar União Europeia a cumprir objetivos climáticos.

A obrigatoriedade de instalação de painéis solares nos novos edifícios e nos renovados para ajudar a baixar os preços da energia, deve ser uma realidade até ao verão de 2023, segundo um relatório do Oeko-Institut e da Rede de Ação Climática.

Em comunicado, a Zero, que cita um relatório do Oeko-Institut e da Rede de Ação Climática Europeia, da qual a associação ambientalista portuguesa faz parte, indica que a obrigatoriedade de painéis solares em novos edifícios deve ser o ponto-chave de discussão para os decisores políticos, no âmbito da atual revisão da Diretiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios.

De acordo com o relatório, “o aproveitamento da energia solar a nível da União Europeia (UE) tem de ser potenciado o mais rapidamente possível através da obrigatoriedade de instalação de painéis solares nos novos edifícios e nos edifícios renovados”. Esta obrigatoriedade, segundo o relatório citado este domingo pela Zero, visa ajudar a baixar as contas de energia, aumentar a segurança energética e ajudar a União Europeia a cumprir os seus objetivos climáticos.

“A Diretiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD) está atualmente a ser revista, e, por isso, a obrigatoriedade de painéis solares tem de ser um ponto-chave de discussão para os decisores políticos, com o objetivo da medida ser adotada até meados de 2023″, segundo o relatório.

Na nota, a associação lembra que na reunião de 25 de outubro próximo, os “ministros da Energia irão provavelmente decidir a sua posição geral sobre esta diretiva, isto num momento em que existe um forte interesse dos cidadãos no aproveitamento de energia solar nas suas casas”.

“Uma vez que os governos nacionais estão agora empenhados em garantir fontes alternativas de energia, devem aproveitar a oportunidade para envolverem os cidadãos, comunidades e empresas no aproveitamento do grande potencial de energia solar nos edifícios na Europa, e de acelerar o fim dos combustíveis fósseis caros e perigosos”, é referido na nota.

Segundo a Zero, no relatório é recomendada uma obrigatoriedade para a energia solar nos edifícios da UE seja adotada até ao verão de 2023, aplicada a todos os novos edifícios e edifícios com grandes obras de renovação. E também aos existentes, quer sejam privados de serviços ou públicos, a partir de 2027.

A Zero lembra que alguns Estados-Membros se tornaram pioneiros ao adotar esta obrigação, mas a “UE precisa de uma abordagem harmonizada”. “Em Portugal estas medidas não existem, mas começaram este ano a dar-se passos importantes com a criação da primeira Comunidade de Energia Renovável pela Coopérnico, cooperativa portuguesa de energias renováveis, em conjunto com a Junta de Freguesia de Vila Boa do Bispo”, no distrito do Porto.

O objetivo deste projeto, escreve a Zero, é “promover o modelo cooperativo de implementação e utilização de energia renovável num dado território e deste modo servir de exemplo a outras autarquias”. No entendimento da associação, a política energética portuguesa tem de incluir os cidadãos, salvaguardar a sustentabilidade ambiental e não pode falhar face à emergência climática.

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Famílias já deixaram mais 567 milhões de euros no supermercado em 2022

  • ECO
  • 16 Outubro 2022

Dados da consultora Nielsen revelam crescimento de 7,7% na despesa com bens alimentares, até setembro. Portugueses compram produtos mais baratos e vão mais vezes ao supermercado em busca de promoções.

O volume de gastos dos portugueses nas compras realizadas nos supermercados ascendeu a 7.981 milhões de euros até setembro deste ano, mais 567 milhões do que no mesmo período do ano passado. Para este crescimento de 7,7% estão a pesar, em particular, as despesas mais avultadas nos artigos de mercearia (10%), nos laticínios (9%), nos congelados (5%) e nas bebidas não alcoólicas (14%). Quatro em cada dez artigos adquiridos são de “marca branca”.

Os dados são da consultora Nielsen, citados pelo Dinheiro Vivo este domingo, com o diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) a classificar estes dados de “enganadores”, pois “toda a cadeia de distribuição está contaminada pela inflação e pelo aumento dos fatores de produção”. “Há sinais claros de uma retração, com o consumidor a procurar artigos mais baratos”, sustenta Gonçalo Lobo Xavier. Regista “decréscimos assinaláveis” nos bens de primeira necessidade de preço mais elevado, dando o exemplo do peixe ou da carne de vaca.

Os especialistas na área do retalho notam ainda que, além de as promoções já valerem cerca de metade das compras realizadas, com os consumidores portugueses a “saltarem de cadeia em cadeia em buscar das promoções”, como assinala o porta-voz da APED, outra tendência é o aumento da frequência da ida às compras, sendo que em cada uma delas o carrinho vem com menos artigos. Pedro Pimentel (Centromarca) assinala à mesma publicação que essa tendência está a trazer ganhos de quota para os supermercados mais pequenos e para as chamadas lojas de proximidade.

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Biden critica “erro” de Liz Truss na redução de impostos

  • Lusa
  • 16 Outubro 2022

Numa crítica invulgar à política interna de um aliado próximo, o Presidente dos EUA disse que "era previsível" que nova primeira-ministra britânica fosse forçada a abandonar o agressivo plano fiscal.

O Presidente dos Estados Unidos considerou “um erro” a decisão do Reino Unido de avançar com um plano agressivo de redução de impostos, numa crítica invulgar à política interna de um dos aliados mais próximos.

“Não fui o único a pensar que foi um erro”, disse aos jornalistas, durante uma paragem no estado de Oregon, para promover a candidatura da candidata democrata ao governo, Tina Kotek, quando os Democratas enfrentam críticas do Partido Republicano sobre política económica.

“Discordo com a política, mas isso é com o Reino Unido”, salientou. Para Joe Biden, “era previsível” que a nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, fosse forçada a abandonar os planos de redução agressiva de impostos, sem identificar economias de custos, uma proposta que causou grande agitação nos mercados financeiros globais.

Por outro lado, o Presidente norte-americano disse estar preocupado com a possibilidade das políticas fiscais de outros países prejudicarem os EUA no contexto de uma “inflação mundial”.

Biden disse ainda não estar preocupado com a força do dólar, que nas últimas semanas estabeleceu um novo recorde face à libra britânica. A posição da moeda norte-americana beneficia as importações, mas torna as exportações do país mais caras para o resto do mundo.

“Estou preocupado com o resto do mundo. (…) O problema é a falta de crescimento económico e de uma política sólida nos outros países”, indicou o Presidente norte-americano.

Londres avisa para “decisões difíceis”

O novo ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, avisou este sábado que deverá tomar “decisões difíceis”, tanto na despesa pública como em impostos, para reduzir a dívida. Em comunicado, sublinhou que o Governo deve ser “honesto com o povo” e por isso deve alertar de que terá de tomar medidas difíceis.

Estas declarações surgem apenas um dia depois de ter assumido o cargo em substituição de Kwasi Kwarteng, afastado pela primeira-ministra britânica conservadora, Liz Truss. Ainda assim, Hunt referiu que, ao tomar essas decisões, a sua principal preocupação será “como proteger e ajudar as famílias, as empresas e as pessoas que estão em dificuldades”.

O impulso de fazer crescer a economia está correto, mas fomos longe demais, demasiado rápido.

Jeremy Hunt

Ministro das Finanças do Reino Unido

“O meu foco está no crescimento sustentando pela estabilidade. O impulso de fazer crescer a economia está correto (…), mas fomos longe demais, demasiado rápido”, sublinhou, fazendo eco das declarações proferidas na sexta-feira por Liz Truss.

Hunt prometeu que o seu novo roteiro para a economia britânica, cuja apresentação está prevista para 31 de outubro, terá planos “para garantir que os gastos do Governo sejam o mais eficiente possível, que o dinheiro dos contribuintes seja bem usado” e haja um “controlo rigoroso” sobre as finanças públicas.

Anteriormente, nas suas primeiras entrevistas como ministro da pasta das Finanças, Jeremy Hunt tinha reconhecido que o plano fiscal apresentado por Kwarteng, há três semanas, tinha “erros”. A nomeação de Hunt está a ser vista pelos comentadores políticos como uma forma de Liz Truss apaziguar os mercados financeiros e a ala centrista do Partido Conservador britânico, origem de grande parte das críticas internas dos últimos dias à estratégia económica do executivo.

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BFA revê em baixa crescimento económico de Angola em 2022 e 2023

  • Lusa
  • 16 Outubro 2022

Banco Fomento Angola baixa estimativas de crescimento do PIB para 2022, que ficará acima de 4%, e também para o próximo ano. No segundo trimestre, o setor dos diamantes cresceu acima de 40%.

O gabinete de estudos do Banco Fomento Angola (BFA) vai rever em baixa a previsão de crescimento de Angola este ano, para um valor que ficará acima de 4%, estimando ainda um abrandamento em 2023 para entre 2% e 3%.

“Estamos a rever a nossa perspetiva de crescimento do PIB em ligeira baixa, esperando, ainda assim, uma subida seguramente acima dos 4%”, disse à Lusa o economista-chefe do banco, José Miguel Cerdeira, no seguimento da nota de análise sobre a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.

Em maio, o BFA previa que o PIB de Angola crescesse entre 5,2% e 5,7% este ano, o que seria o ritmo de crescimento mais elevado desde 2012, quando a economia angolana cresceu 8,5%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que este país lusófono africano cresça 2,9% este ano, em linha com a previsão oficial do Governo, que ronda os 3%.

O PIB de Angola cresceu 3,6% no segundo trimestre em relação ao período homólogo de 2021, e acelerou 0,5% face ao crescimento registado no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística angolano, os quais registam um crescimento acumulado de 3,2% no primeiro semestre deste ano.

Face aos números do mesmo período do ano passado, o setor diamantífero representou, no segundo trimestre, a indústria com maior crescimento, progredindo mais de 40%, segundo a nota divulgada em Luanda no princípio do mês.

“A economia como um todo está a acelerar, mas com tendências diferentes no setor petrolífero e não petrolífero”, comentam os analistas do BFA, vincando que “a economia petrolífera que cresceu pela segunda vez desde 2016, resultado de nova produção em vários blocos, provavelmente vai manter-se no ritmo dos dois últimos trimestres, no conjunto do semestre, podendo acelerar pontualmente no terceiro trimestre, mas compensando com menor crescimento no último trimestre do ano”.

A economia não petrolífera, acrescenta-se na nota do BFA, “deverá acelerar, sobretudo do lado do consumo privado, para valores perto dos observados na primeira metade de 2021, o que fará com que o PIB cresça acima de 4% no total do ano”.

“Em 2023, prevemos que o PIB cresça de modo bastante mais lento, mas sobretudo devido à contribuição do PIB Petrolífero, que voltará a ser bastante negativa – de modo mais importante para as condições de vida dos angolanos, o PIB Não Petrolífero deverá voltar a crescer de modo significativo, possivelmente acima dos 5%”, diz o BFA.

Já o PIB do setor petrolífero “poderá vir a cair mais do que 6%, potencialmente, o que levaria o PIB como um todo a crescer apenas 2 a 3%, voltando a acelerar para um ritmo entre os 3 e os 4% em 2024 e 2025”, concluem os analistas.

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Medina elogia “empenho” dos bancos para soluções no crédito à habitação

  • ECO
  • 16 Outubro 2022

Governo negoceia mecanismo para habitação que não classifique clientes como incumpridores e o crédito como malparado. Recessão acaba com acordo de concertação? “Claro que não”, responde o ministro.

Além da redução do escalão no IRS, conhecida na proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Governo está a preparar mais medidas para apoiar as famílias com crédito à habitação. O Ministério das Finanças e o Banco de Portugal estão a desenhar alterações aos regimes que monitorizam sinais que apontem para o incumprimento dos créditos para a compra de habitação permanente. Fernando Medina diz que “os sinais que [tem] recebido do sistema financeiro são de empenho para encontrar as respostas para poder enfrentar este momento de subida de taxas”, falando numa “atitude construtiva e consciente de que encontrar caminhos é do interesse de todos”.

Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, o ministro frisa que no desenho desta solução está a ser dada “uma atenção particular para não [se] correr o risco de usar determinados instrumentos ou imposições no processo negocial que depois obriguem, pelas regras impostas aos bancos portugueses, à marcação como clientes em incumprimento e desses créditos (…) como non-performing”. Admite ser “difícil” antever o impacto da subida das taxas, notando que há em Portugal 1,4 milhões de contratos e que o stock de volume de crédito ascende a 94 mil milhões de euros. Cerca de 90% dos contratos têm prestações até 400 euros por mês e metade até 280 euros por mês.

Como avançou o semanário Expresso (acesso pago), na edição publicada esta sexta-feira, o objetivo é evitar que as famílias deixem de pagar as prestações ao banco devido à subida dos juros, mas estas alterações só vão entrar em vigor no próximo ano. O sucessor de Mário Centeno e de João Leão na pasta das Finanças procura definir limites quantitativos que forcem a negociação, de modo que os bancos monitorizem as famílias quando a taxa de esforço atinge 40% dos rendimentos, ao invés de 50%.

Nesta entrevista em que garante total abertura para negociar a proposta de OE no Parlamento “sem nenhuma pré-condição” ou “limitação”, o ministro das Finanças salvaguarda ainda que é “total” a validade do chamado Acordo de Rendimentos e Competitividade, assinado no último fim de semana em sede de concertação social, embora esteja previsto que ele seja “monitorizado e avaliado face às circunstâncias”. Uma recessão acaba com o acordo? “Claro que não”, respondeu Medina. “A avaliação regular de um acordo feito com o prazo de quatro anos é uma questão de bom senso e que não invalida rigorosamente nada nem põe em causa” os compromissos estabelecidos, completou.

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China “nunca renunciará ao uso da força” para reunificar Taiwan

  • Lusa
  • 16 Outubro 2022

Na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista, Xi Jinping reafirmou a estratégia “zero covid” e de combate à corrupção e avisou que “a resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês".

O líder chinês, Xi Jinping, disse este domingo, na abertura do 20º Congresso do Partido Comunista (PCC), que a China vai fazer todos os esforços para reunificar Taiwan pacificamente, mas que “nunca renunciará ao uso da força”,

“Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todos os esforços em prol da reunificação pacífica [de Taiwan], mas não renunciaremos nunca ao uso da força e reservamos a possibilidade de adotar todas as medidas necessárias”, afirmou.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, ocasião em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Taiwan atua como uma entidade política soberana, mas Pequim insiste que o território é uma província sua. Os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado e fornecedor de armas de Taipé.

A resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês”, apontou Xi Jinping. “A reunificação da pátria deve ser alcançada e vai ser alcançada.

Xi Jinping

Presidente da China

“A resolução da questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvido apenas pelo povo chinês”, apontou Xi Jinping. “A reunificação da pátria deve ser alcançada e vai ser alcançada”, acrescentou, condenando o “separatismo e a interferência estrangeira” na questão de Taiwan.

Xi Jinping também elogiou a transição de Hong Kong “do caos para a governação”. O seu governo impôs, em 2020, uma lei de segurança nacional à cidade que praticamente eliminou a oposição e os ativistas pró-democracia na região semiautónoma da China.

Estratégia “zero covid” e combate à corrupção

Na abertura do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), Xi Jinping, 69 anos, fez um balanço dos últimos cinco anos e traçou o roteiro para os próximos cinco, perante os cerca de 2.300 delegados reunidos no Grande Palácio do Povo, em Pequim.

Uma das principais questões girava em torno da política de prevenção epidémica da China, que resultou no encerramento praticamente total das fronteiras do país e obrigou ao bloqueio frequente de cidades inteiras. Xi afirmou que a China prioriza a vida e a saúde das pessoas acima de tudo. A China “protegeu fortemente a segurança e a saúde das pessoas, e alcançou resultados positivos significativos ao coordenar a prevenção e o controlo da epidemia com o desenvolvimento económico e social”.

A política dos “zero casos” reforçou a vigilância sobre cada cidadão, permitindo registar todos os movimentos num país já criticado pelos abusos contra os Direitos Humanos. As autoridades tornaram obrigatório o uso de uma aplicação para aceder a locais públicos ou residenciais. O utilizador deve primeiro digitalizar o código QR, uma versão bidimensional do código de barras, colocado na entrada de todos os edifícios, assim como nos transportes públicos ou táxis.

O encerramento das fronteiras e os repetidos confinamentos travaram também o crescimento económico. O Banco Mundial prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) da China cresça 2,8% este ano, cerca de metade da meta definida por Pequim. O Diário do Povo, o jornal oficial do PCC frisou esta semana que a política é “sustentável” e que deixar o vírus alastrar seria “irresponsável”, mas o custo económico desta estratégia e o descontentamento popular são inegáveis.

A revolta por vezes ultrapassa as redes sociais. Esta semana, apesar das medidas de segurança reforçadas na capital chinesa, um homem pendurou numa ponte de Pequim duas faixas a criticar o líder chinês e a política dos “zero casos”. Uma das faixas convocou os cidadãos a entrarem em greve e expulsarem “o ditador traidor Xi Jinping”.

Xi também defendeu a sua campanha anticorrupção, a mais ampla e intensa desde a fundação da República Popular da China. “A luta contra a corrupção obteve uma vitória esmagadora e foi amplamente consolidada, eliminando os graves perigos latentes dentro do Partido, do Estado e do exército”, disse.

A luta contra a corrupção obteve uma vitória esmagadora e foi amplamente consolidada, eliminando os graves perigos latentes dentro do Partido, do Estado e do exército.

Xi Jinping

Presidente da China

Segundo dados oficiais, pelo menos 1,5 milhão de funcionários do PCC foram punidos durante esta campanha, lançada por Xi após ascender ao poder, em 2012. Centenas de altos quadros do regime foram punidos à pena de morte ou prisão perpétua.

O 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) vai durar uma semana, devendo pôr termo a duas décadas de sucessão política ordenada, ao cimentar o estatuto do atual secretário-geral, Xi Jinping. A nomeação para um terceiro mandato de cinco anos como secretário-geral do PCC e presidente da Comissão Militar Central é vista por analistas como um momento decisivo na História moderna da China.

O mais importante evento da agenda política da China, que se realiza a cada cinco anos e reúne, em Pequim, mais de 2.000 delegados de todo o país, vai apresentar também, no último dia, a nova formação do Comité Permanente do Politburo do PCC, que é composto por sete membros, entre os quais o líder, Xi Jinping.

Redes sociais chinesas entre a censura e propaganda, em nome da “estabilidade”

Especialistas disseram à Lusa que além da censura, o Governo chinês aposta também na produção em massa de publicações nas redes sociais, para atingir o principal objetivo, “manter a estabilidade”.

Na quarta-feira, as redes sociais chinesas eliminaram publicações sobre um raro protesto político, com faixas penduradas num movimentado cruzamento de Pequim a criticar a liderança comunista. Com a polícia em alerta máximo, as faixas foram rapidamente retiradas.

Mas um professor da Universidade de Harvard, Gary King, disse à Lusa que a censura não tem como alvo eliminar críticas. A prioridade é impedir “qualquer tipo de protesto ou movimento em massa de pessoas. Nem que seja uma parada de apoio a um qualquer dirigente local. O Partido Comunista não tolera outras fontes de poder”, explicou Gary King, que publicou em 2013 um estudo sobre a censura chinesa.

As críticas de organizações não-governamentais e da comunidade internacional não afetam o regime chinês, sublinhou o investigador. “A única coisa com que estão preocupados é a sua própria população, que é o principal fator que os poderia ver afastados do poder”, acrescentou.

Alguns ativistas e advogados chegaram a ter a polícia a bater-lhes à porta, a exigir-lhes que eliminassem uma qualquer publicação nas redes sociais.

Patrick Poon

Investigador da Universidade de Meiji (Japão)

Embora a censura esteja a tornar-se “mais sofisticada tecnologicamente”, continua a ser “dependente de pessoas”, defendeu King. “Parte da censura é feita bloqueando certas palavras ou expressões, mas isso não é muito eficaz”, disse.

Patrick Poon, investigador da Universidade de Meiji, no Japão, recordou que a publicação, na rede social chinesa Weibo, na qual a tenista Peng Shuai acusou um alto funcionário do Partido Comunista de agressão sexual, não foi bloqueada porque não tinha “palavras sensíveis”.

Além disso, os chineses são muito “criativos” a inventar expressões para substituir palavras já bloqueadas, disse à Lusa o especialista. Por exemplo, em vez de “4 de julho”, o dia do massacre na Praça de Tiananmen, em Pequim, em 1989, os cibernautas costumavam escrever “35 de maio”, pelo menos até também essa expressão ser bloqueada.

O Governo “não é muito claro sobre as regras, o que faz com que diferentes redes sociais sigam diferentes práticas”, explicou Gary King. Práticas que nem sempre chegam para satisfazer as autoridades. “Alguns ativistas e advogados chegaram a ter a polícia a bater-lhes à porta, a exigir-lhes que eliminassem uma qualquer publicação nas redes sociais”, disse Patrick Poon.

A malha da vigilância já se estende além-fronteiras, com chineses a viver no estrangeiro a serem “ameaçados” devido a publicações, críticas do Governo, em redes sociais ocidentais, que estão bloqueadas na China continental, disse o académico de Hong Kong.

Para “manter a estabilidade”, Pequim tem aperfeiçoado o que chama de “gestão da informação na Internet, o que inclui a censura, mas também o ‘fabrico’ de discurso nas redes sociais, com a produção de publicações em nome de pessoas normais”, explicou Gary King.

“Antigamente chamávamos-lhe o ‘exército dos 50 cêntimos’ [de yuan (sete cêntimos de euro)], porque havia a ideia de que recebiam esse valor por cada publicação que faziam”, explicou Patrick Poon. Gary King disse ter descoberto, para sua “surpresa”, que “afinal são apenas funcionários públicos comuns” para os quais fazer publicações na Internet a apoiar as políticas do partido faz parte das suas funções.

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Presidente do Bundesbank defende mais subidas de juros do BCE, além da prevista este mês

  • Lusa
  • 15 Outubro 2022

"O Conselho do BCE não deve relaxar o seu aperto monetário tão cedo", avisa Joachim Nagel, presidente do banco central da Alemanha. Próxima decisão sobre taxas de juro será tomada a 27 de outubro.

O presidente do Bundesbank, o banco central da Alemanha, disse este sábado que serão “necessárias” mais subidas das taxas de juro na zona euro, além da já prevista para o final de outubro, para combater a subida da inflação.

“Na minha opinião, serão necessários novos aumentos das taxas de juro para ter a inflação [dentro do objetivo] de 2% a médio prazo, e não apenas a prevista na reunião de política monetária no final de outubro” do Banco Central Europeu (BCE), disse Joachim Nagel, num discurso em Washington, cujo texto foi divulgado pelo Bundesbank.

“O Conselho do BCE não deve relaxar o seu aperto monetário tão cedo”, defendeu, porque é necessário “garantir que a inflação elevada acaba”, insistiu.

O Conselho do Banco Central Europeu não deve relaxar o seu aperto monetário tão cedo.

Joachim Nagel

Presidente do Bundesbank

A inflação, ou subida generalizada dos preços, atingiu os 10% em setembro na zona euro. Em julho, o BCE começou a subir abruptamente as suas taxas de juro, em linha com a sua principal missão de garantir a estabilidade dos preços. Considera que o abrandamento contínuo da economia da zona euro no contexto de uma crise energética ligada à guerra na Ucrânia não será capaz de atenuar suficientemente a inflação.

A próxima reunião do Conselho de Governadores da instituição, agendada para 27 de outubro, poderá levar a um novo aumento de 0,75 pontos base nas taxas diretoras, depois de igual aumento, que foi histórico, em setembro, segundo declarações de banqueiros e observadores da zona euro.

A taxa de juro diretora do BCE está agora nos 1,25% e, segundo analistas, deve subir pelo menos para 2,5% a 3% até ao início de 2023.

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Acordo de concertação? Compromisso da CGTP “não é com patrões nem com governos ao seu serviço”

Isabel Camarinha critica Governo por “manobra” nas pensões e “roubo e aldrabice” no salário mínimo. Justifica ausência do acordo de concertação por só se comprometer “com quem trabalha e trabalhou".

Uma semana depois de ficar de fora da assinatura do acordo de concertação social, a secretária-geral da CGTP criticou a proposta de “empobrecimento para quem trabalha” que foi firmada entre as associações patronais e a UGT. “Não nos venham com a história dos consensos e dos compromissos nacionais porque o nosso compromisso não é com patrões nem com governos ao seu serviço, mas com quem trabalha e trabalhou”, sublinhou Isabel Camarinha.

Num discurso proferido este sábado, no final de uma manifestação em Lisboa, a líder da CGTP enumerou que, além de “atirar o aumento dos salários para depois”, no chamado Acordo de Rendimentos e Competitividade “faltam as medidas que revoguem as normas gravosas da legislação laboral, que revoguem a caducidade das convenções coletivas e que reintroduzam o princípio do tratamento mais favorável”.

“Estamos fartos e não aceitamos justificações esfarrapadas. Quando a inflação era baixa, diziam que os salários não aumentavam porque o poder de compra estava garantido; agora que a inflação aumenta brutalmente, dizem que não podem aumentar por causa da espiral inflacionista. (…) Os patrões afirmam e o Governo concorda que temos de produzir primeiro para depois aumentar os salários. Ora, o depois deles significa, na prática, nunca. O depois tem de ser agora”, resumiu.

É todos os meses, e não apenas em outubro, que os trabalhadores e os pensionistas e reformados precisam de mais salário e pensão para ter acesso aos bens e serviços essenciais.

Isabel Camarinha

Secretária-geral da CGTP

Isabel Camarinha reivindicou que o “brutal” aumento de custo de vida exige, ainda em 2022, um “aumento geral intercalar dos salários” e a atualização extraordinária e imediata do salário mínimo nacional (SMN). “É uma emergência nacional porque é agora que falta o dinheiro. Porque é todos os meses, e não apenas em outubro, que os trabalhadores e os pensionistas e reformados precisam de mais salário e pensão para ter acesso aos bens e serviços essenciais”, completou, numa alusão aos cheques que vão começar a ser pagos na próxima semana, ao abrigo do programa “Famílias Primeiro”.

A secretária-geral da CGTP aproveitou também para denunciar a “manobra que dá com uma mão e que tira com as duas” aprovada pelo Executivo socialista para as pensões – “a meia pensão recebida agora é feita à custa de um corte das pensões futuras, um pagamento pontual à custa de uma redução permanente”. “A mesma aldrabice e o mesmo roubo” vê Isabel Camarinha no salário mínimo, “que ia ter um aumento histórico e, afinal, um trabalhador compra muito menos hoje do que há um ano – e já então não era suficiente”.

Centenas de pessoas participaram na manifestação em Lisboa, promovida pela central sindical com o lema “Aumentos dos salários e pensões emergência nacional! Contra o aumento do custo de vida e o ataque aos direitos”. Percorreu as ruas da capital entre o Cais do Sodré e o Rossio, contando com sindicatos de várias áreas, desde a educação, comércio, serviços, autarquias, polícias, saúde e educação.

PCP e Bloco entusiasmam-se com mobilização

Em declarações aos jornalistas, o dirigente comunista Francisco Lopes, que substituiu Jerónimo de Sousa devido a um “problema de saúde pontual”, destacou que esta manifestação, que aconteceu também no Porto, “corresponde à maior mobilização dos últimos dois anos”. O ex-candidato presidencial notou ainda, citado pela Lusa, que “demonstra que os trabalhadores não aceitam a degradação dos salários, das pensões, o ataque aos serviços públicos, ao mesmo tempo que se verifica uma acumulação de milhares de milhões de euros em lucros dos grandes grupos económicos”.

Em representação do Bloco de Esquerda, a deputada Mariana Mortágua disse esperar que “mobilizações como esta se multipliquem”, criticou a ideia que disse ser propagada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, de que as pessoas “têm de empobrecer” e que “isso é uma inevitabilidade” para superar a crise decorrente do aumento da inflação. E fez até um paralelismo com o Governo de Passos Coelho: “Era uma mentira na altura da troika e continua a sê-lo hoje.”

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Costa antecipa acordo europeu “em breve” para interligação ibérica

  • Lusa
  • 15 Outubro 2022

Primeiro-ministro diz que "haverá acordo para uma interligação, e será em breve, mesmo que não se chame ‘MidCat’". Projeto vai ligar e fazer transporte de gás da Península Ibérica ao norte da Europa.

O primeiro-ministro português, António Costa, mostrou-se este sábado convicto de que será alcançado um acordo com os parceiros europeus para concluir uma interligação energética com a Península Ibérica, podendo ter outro nome que não “MidCat”.

“As reuniões estão a correr muito bem. Haverá acordo para uma interligação, e será em breve, mesmo que não se chame ‘MidCat’ e tendo outro nome”, disse o primeiro-ministro português à agência de notícias espanhola Efe, no final do congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), que decorreu em Berlim.

Costa teve uma reunião, na sexta-feira, na capital alemã, com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, focada no plano “MidCat”. Um projeto para ligar e fazer transporte de gás da Península Ibérica ao norte da Europa, que os três países apoiam mas a França não, argumentando que não é rentável e que é necessário apostar na energia verde.

No final dessa reunião trilateral, foi emitido um comunicado conjunto que ratifica o compromisso dos três líderes para a diversificação energética, embora sem mencionar esse gasoduto que atravessaria os Pirinéus. A declaração referia-se a “corredores de gás adequados para o transporte de hidrogénio verde”.

Em declarações aos meios de comunicação portugueses no final do seu encontro com Scholz e Sánchez, Costa disse na sexta-feira que a França não vai querer ficar sozinha no próximo Conselho Europeu sobre este tema. Costa considerou que a França, apesar da sua oposição ao projeto, “certamente compreende” as razões do apoio à sua construção “e no Conselho [Europeu] não vai querer ficar isolada nesta posição, que é uma visão comum”, disse.

O chefe do governo Português recordou, a este propósito, que, juntamente com Sánchez, planeia reunir-se com Macron na próxima semana antes do próximo Conselho Europeu, agendado para os dias 20 e 21 de outubro.

Marcelo diz que “é bom senso” a França aceitar gasoduto

Também o Presidente da República considerou este sábado que é “uma questão de bom senso europeu” a França aceitar um gasoduto que ligue a Península Ibérica ao resto da Europa, indicando que seria uma alternativa ao gás russo.

“Nós esperamos que seja possível convencer um dia a França, que já esteve próxima de aceitar, a aceitar aquilo que é importante — não é para Portugal, não é para Espanha — para a Europa. É uma questão de bom senso europeu”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe do Estado falava em Amarante, no distrito do Porto, à margem da cerimónia de início do programa comemorativo do nascimento de Agustina Bessa Luís, que é natural daquele concelho. E onde deixou um rasgado elogio a Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro.

O Presidente da República recordou que “ainda agora a Alemanha reafirmou que concorda [com aquela solução através do Pirenéus] e a Comissão Europeia concorda”, acrescentando: “Em muitos países europeus, ainda há uma semana, com 14 ou 15 chefes de Estado, encontrei uma concordância geral para a Europa, relativamente à importância de abrir canais de acesso, neste caso do gás, vindo de fora da Europa, através de Portugal e da Espanha, para substituir, na medida do possível, os fornecimentos vindos da Federação Russa”.

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Marcelo diz que país ainda “deve esperar muito do contributo” de Passos Coelho

  • Lusa
  • 15 Outubro 2022

Presidente da República cruzou-se com Pedro Passos Coelho em Amarante e elogiou a “resistência” do ex-primeiro-ministro no período da troika, que diz ser reconhecida "cá dentro e lá fora".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse este sábado em Amarante que o país ainda “deve esperar muito do contributo” do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

“Sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o país pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro. Não tenho dúvidas”, afirmou aos jornalistas, observando que a “resistência” do ex-chefe do Governo no período da troika é reconhecida dentro e fora de Portugal.

“O país deve, num período muito difícil de crise na troika, ao primeiro-ministro Passos Coelho, uma resistência, que ainda há dois dias pude ouvir ser elogiada pela boca da então chanceler Angela Merkel. Portanto, é reconhecida cá dentro e reconhecida lá fora, é um facto”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

As declarações do Presidente da República aconteceram à margem da cerimónia que assinalou o início das comemorações do centenário de Agustina Bessa Luís, às quais assistiu o antigo primeiro-ministro.

No seu discurso, o chefe do Estado dirigiu-se ao “senhor primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho”, que estava sentado na primeira fila das dezenas de pessoas que assistiam ao momento. “Lembrar quanto Portugal lhe deve no passado e quanto Portugal está seguro de lhe vir a dever, muito mais, no futuro”, disse.

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Chanceler alemão quer acabar com unanimidade nas decisões sobre política fiscal na UE

  • Lusa
  • 15 Outubro 2022

Se há a aspiração de uma "Europa geopolítica", então "as decisões por maioria são um ganho e não uma perda de soberania", defende Olaf Scholz, pedindo também mais autonomia militar na União Europeia.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu este sábado, em Berlim, reformas na União Europeia (UE), de forma a torná-la preparada para a admissão de mais países, bem como mais autonomia militar para o bloco de 27 Estados-membros.

Falando no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE), em Berlim, citado pela Associated Press (AP), Scholz defendeu a abolição gradual do princípio da unanimidade para decisões sobre política externa, mas também noutras áreas, como a política fiscal.

“Sei que ainda temos muito convencimento a fazer aí”, reconheceu, defendendo “claramente” que, se há uma aspiração de uma “Europa geopolítica”, então “as decisões por maioria são um ganho e não uma perda de soberania”. Atualmente, muitas das decisões da UE só podem ser tomadas se todos os países as votarem com unanimidade.

Olaf Scholz também defendeu mais autonomia militar da UE, pedindo a aquisição coordenada de armas e equipamento, o estabelecimento de uma força de reação rápida da UE em 2025, e uma sede da UE para as forças armadas europeias.

“Na Europa, precisamos de uma melhor interação entre os nossos esforços de defesa”, afirmou, antecipando que “no futuro, a Europa precisará de um aumento de capacidade coordenado”, advogando a necessidade de “confiantemente e juntamente avançar com a defesa europeia”.

O Partido Socialista Europeu enviou este sábado, a partir de Berlim, no congresso do seu 30.º aniversário, um apelo à coesão face aos grandes desafios, desde a guerra na Ucrânia à crise energética precipitada pelo conflito, bem como ao “despertar” da extrema-direita.

No congresso, o ex-primeiro-ministro sueco Stefan Lövfen, novo presidente do PSE, o chanceler alemão, Olaf Scholz, bem como o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o primeiro-ministro português, António Costa, instaram a sua família política a ganhar as eleições europeias de 2024, de acordo com a agência Efe.

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João Lourenço recusa avançar data para a criação de autarquias em Angola

  • Lusa
  • 15 Outubro 2022

Na abertura do ano parlamentar, João Lourenço não se comprometeu com prazos para institucionalizar as autarquias locais em Angola, mas garantiu “determinação” no combate à corrupção e impunidade.

O Presidente angolano reiterou este sábado, no discurso sobre o Estado da Nação, o compromisso com a criação de autarquias, sem avançar datas. Anunciou, por outro lado, a construção de 35 assembleias para as autarquias locais e complexos residenciais em 36 municípios

A clarificação sobre esta questão era uma das mais esperadas no discurso de João Lourenço, que marcou a abertura do ano parlamentar em Angola, depois de o chefe do executivo assumir novamente o compromisso de institucionalização das autarquias locais, caso o seu partido vencesse as eleições realizadas a 24 de agosto.

No entanto, só surgiu quase na segunda hora de um longo discurso, marcado por um desfiar de números em jeito de inventário das realizações do seu primeiro mandato e uma mão cheia de promessas para os próximos cinco anos.

Com o pacote legislativo autárquico praticamente concluído, João Lourenço reiterou a intenção de institucionalização das autarquias, sublinhando que a carência de infraestruturas para as futuras autarquias deve ser resolvida.

Por isso, e tendo em conta que uma das principais dificuldades de vários municípios é a fixação de quadros no seu território, sobretudo os das localidades mais recônditas, está já em curso a construção de complexos residenciais em 36 municípios bem como de 35 assembleias para as autarquias locais.

O Presidente angolano afirmou que continua empenhado em reforçar o poder local e anunciou que vai apresentar uma proposta de lei relativa às autoridades tradicionais e às relações institucionais entre estas e o Estado angolano.

O executivo vai também iniciar o recadastramento das autoridades tradicionais, “reconhecendo aqueles que possuem tal título pela linhagem de sucessão”, salientou o chefe de Estado.

“Vamos desenvolver”, “implementar” e “criar” e “construir”, foram as palavras que marcaram o discurso na segunda parte, em contraponto ao “fizemos” e “construímos” da primeira hora. Com João Lourenço a descrever pormenorizadamente os projetos que pretende executar nas diversas províncias e a citar um sem fim de percentagens e números na sua mensagem sobre o Estado da Nação.

Elogiou também o civismo e patriotismo demonstrados pelo povo angolano durante todo o processo eleitoral e garantiu que o executivo vai trabalhar no sentido de concluir os projetos em curso e que têm impacto na vida dos angolanos, com destaque para o setor social e educação.

“Determinação” no combate à corrupção

João Lourenço garantiu, por outro lado, que o “combate à corrupção e impunidade continua a ser levado a cabo com determinação”, usando novamente os números para demonstrar os resultados das ações que o seu executivo empreendeu desde 2017.

Segundo João Lourenço, enquanto no período de 2012 a 2017 (último mandato de José Eduardo dos Santos na Presidência angolana) tinham sido instaurados 18 processos de inquérito por corrupção e branqueamento de captais, entre 2017 e setembro de 2022 – correspondendo ao primeiro mandato de João Lourenço – foram instaurados 527 processos, dos quais 247 concluídos, e que deram lugar à abertura de 106 processos-crimes.

Neste período foram também abertos 2.511 processos por peculato, branqueamento de capitais, corrupção e participação económica em negócios, envolvendo titulares de cargos públicos, dos quais 2.027 estão em instrução preparatória, 474 foram remetidos aos tribunais para julgamento e há registo de 40 condenações.

Por outro lado, enquanto no período de 2012 a 2017 foram entregues 188 declarações de titulares de cargos públicos na Procuradoria-Geral da República, entre 2017 a setembro de 2022, ascenderam a 3.635, “uma diferença abismal”, salientou João Lourenço.

Quanto à recuperação de valores desviados, atinge o valor de 5,6 mil milhões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros) entre 2019 e setembro de 2022, enquanto a apreensão de bens e valores chega aos 15 mil milhões de dólares, dos quais 6,8 mil milhões em Angola e o restante no exterior.

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