Inflação pode atirar economia para uma contração de 2% em 2023, prevê Fórum para a Competitividade

Fórum antecipa que para 2023, "é provável que haja de novo uma queda dos salários reais", uma "provável queda do emprego", o que "deverá contribuir para uma grande moderação do consumo privado".

No curto prazo, os riscos continuam a ser de subida da inflação, diz o Fórum para a Competitividade, alertando que a escalada das taxas de juro pode atirar a economia portuguesa para terreno negativo no próximo ano. No pior cenário, o PIB pode sofrer contração de 2%.

A persistência da inflação poderá reforçar o plano de subida de taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), “reforçando o ambiente recessivo”, alerta o Fórum na nota de Conjuntura de outubro. Por isso, o economista Pedro Braz Teixeira estima um abrandamento do crescimento, de entre 6,5% a 6,8% em 2022 para entre -2% e 1% em 2023.

O Fórum para a Competitividade considera que os “indicadores preliminares do quarto trimestre são um pouco ambíguos“. “Embora pareça existir algum alívio face à queda registada em setembro, há uma clara deterioração face a julho e agosto. No entanto, em termos de confiança houve uma profunda degradação, sobretudo ao nível dos consumidores, o que não deixa de ser curioso porque em outubro seriam distribuídas as ajudas às famílias”, nota o economista, recordando que foi entregue “o equivalente a 0,3% do PIB a mais de metade da população, mais 0,5% do PIB para os pensionistas”.

“As sondagens indicaram que os reformados perceberam que as suas pensões iriam sofrer perdas”, no próximo ano, porque a “generalidade percebeu que se trata de um adiantamento do aumento do próximo ano”, “pelo que existe a probabilidade de parte do que vão receber seja poupado para poder fazer face às despesas do próximo ano”, alvitra o documento.

O Fórum para a Competitividade antecipa que para 2023, “é provável que haja de novo uma queda dos salários reais, com a subida dos salários nominais a não conseguir acompanhar a subida dos preços, sobretudo se a inflação voltar a aumentar mais do que o esperado”. Ora, a quebra dos salários, associada a uma “provável queda do emprego” — os dados de setembro já revelam uma subida da taxa de desemprego para 6,1% em setembro — “deverá contribuir para uma grande moderação do consumo privado”.

O Fórum para a Competitividade estima um abrandamento do crescimento, de entre 6,5% a 6,8% em 2022 para entre -2% e 1% em 2023. Recorde-se que na proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Executivo aponta para um crescimento de 6,5% este ano e 1,3% no próximo. Já o Banco de Portugal prevê um crescimento de 6,7% para este ano, uma previsão partilhada pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) que antecipa um abrandamento para 1,2% em 2023, numa base de políticas invariantes, ou seja, que não tem em conta as medidas que o Governo vai tomar, nomeadamente no OE. Mas o Fundo Monetário Internacional é a instituição mais pessimista e aponta para um crescimento de 6,2% este ano e de 0,7% no próximo.

“Do lado do investimento privado, o contexto de muito elevada incerteza e subida de taxas de juro e dos diferenciais de crédito não permite grande otimismo”, alerta o Fórum. Para 2023, 63,6% das empresas industriais preveem que o investimento irá estabilizar face ao ano corrente, enquanto 22,7% das empresas preveem um aumento e 13,7% uma diminuição. “Poderiam excetuar-se os investimentos em projetos energéticos, mas, há graves obstáculos burocráticos que os estão a travar”, refere a nota de conjuntura.

Persistem as grandes promessas, eternamente adiadas, de investimento público e aceleração da execução do PRR, mas as falhas persistentes no passado impedem grandes expectativas”. Para “evitar a quase recessão no próximo ano vai ser crítico” que não voltem “a falhar como no passado”. Entre março e outubro, os pagamentos em atraso no PRR face ao que seria o ritmo normal totalizam 1180 milhões de euros, refere a mesma nota.

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