Carvão não é “único vilão”. Índia propõe eliminação gradual de combustíveis fósseis

A Índia deverá propor a eliminação gradual de todos combustíveis fósseis na COP27, argumentando que carvão "não é o único vilão" na emissão dos gases poluentes.

A Índia irá apresentar na COP27 uma proposta que visa eliminar gradualmente a utilização dos combustíveis fósseis. À Reuters, duas fontes próximas do processo de negociação revelam que a Índia vai pedir aos países que cheguem a acordo quanto à redução gradual do recurso aos combustíveis fósseis, tal como aconteceu na COP26 relativamente ao carvão. Segundo a Bloomberg, a União Europeia e o Reino Unido deverão apoiar a emenda.

Caso se confirme, para a proposta indiana ser aprovada, seria necessário, uma vez mais, a “luz verde” de todas as delegações presentes na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 27), em Sharm el-Sheikh, no Egito, mas segundo a Bloomberg, países como a Arábia Saudita e a China deverão contestar. Na semana passada, o príncipe Abdulaziz bin Salman admitiu que o país “dificilmente” apoiaria um acordo que incluísse a redução gradual do petróleo.

O gás natural e petróleo também contribuem para a emissão de gases de efeito estufa. Fazer [do carvão] o único vilão, não está certo“, cita a agência de notícias indiana PTI um membro da delegação indiana presente nas negociações sobre o clima. Na Índia, três quartos da eletricidade gerada tem origens no carvão.

O presidente da COP27, Sameh Shoukry, inaugurou a segunda e última semana da cimeira do clima alertando que seria fundamental encerrar a cimeira, na próxima sexta-feira, 18 de novembro, com um acordo “significativo” e relembrou aos delegados presentes que o “mundo está de olho em nós”.

President Sameh Shoukry speaks during his press Conference, in Sharm El-Sheikh, in Egypt. EPA/KHALED ELFIQI

“O nosso objetivo comum é adotar medidas consensuais e conclusivas até sexta-feira que constituam resultados abrangentes, ambiciosos e equilibrados em Sharm el-Sheikh”, cita a Reuters as declarações do responsável. “Cabe agora a todos nós, aqui presentes, estarmos à altura da ocasião e responder às exigências e apelos das nossas comunidades. Não aceitaremos nada menos do que resultados significativos na COP27. O tempo não está do nosso lado e o mundo está de olho em nós”, frisou.

A proposta indiana surge depois de a organização sem fins lucrativos Global Carbon Budget ter apresentado um relatório na COP27 que informava que as emissões globais de combustíveis fósseis iriam aumentar, pelo menos, 1% ainda este ano. Segundo o documento, isso dificultaria os esforços para que fosse evitado níveis desastrosos de alterações climáticas.

Segundo o estudo, citado pela Reuters, existe uma diferença significativa entre as promessas apresentadas pelos governos, empresas e investidores e a execução delas. Sem uma ação clara e objetiva, as emissões de dióxido de carbono (CO2) deverão continuar a subir.

Só este ano, antecipa-se que seja libertadas cerca de 41 mil milhões de toneladas de CO2, com 37 mil milhões de toneladas resultantes da queima de combustíveis fósseis e outros quatro mil milhões de toneladas de fenómenos como a desflorestação.

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