Gap de competências? Mentoria pode ser a solução, mas são poucas as empresa que os têm

Metade dos empregados admite mesmo que a pandemia da Covid-19 teve um impacto positivo sobre estes programas. Hoje é o Dia Internacional do Estudante.

Embora a maioria das organizações (82%) esteja preocupada com a escassez e o desalinhamento de competências, apenas 39% dos empregadores dizem ter um esquema de mentoria em vigor. E, entre os profissionais, só 21% afirma que a sua organização conta com programas de mentoria implementados, revela o “Hays Learning Mindset Report 2022”. Esta quinta-feira, 17 de novembro, é o Dia Internacional do Estudante.

“As organizações devem aproveitar ao máximo o conhecimento e a experiência dos seus trabalhadores seniores, uma vez que podem ajudar outros membros da equipa a melhorar as suas capacidades”, começa por dizer Mário Rocha, senior manager na Hays.

“A mentoria é particularmente útil para os profissionais mais juniores, ao emparelhar pessoas que trabalham em funções semelhantes ou dentro do mesmo departamento, permitindo aos mais novos identificar lacunas de competências ao mesmo tempo que estão a ser apoiados no cumprimento dos seus objetivos de carreira”, acrescenta em comunicado, comentando os resultados do inquérito.

O relatório, que envolveu mais de 20.000 respostas, tanto de empregadores como de profissionais, de 26 países — incluindo Portugal –, conclui ainda que os sistemas de mentoria não foram, contudo, negativamente afetados pela pandemia. Na verdade, metade dos empregadores admite mesmo que a pandemia da Covid-19 teve um impacto positivo sobre estes programas. Já apenas 18% dos profissionais tem a mesma opinião e 20% das organizações diz que a Covid teve um efeito negativo nos programas de mentoria.

Tal como a Hays, a Adecco Portugal também considera que os programas de mentoria são um método de aprendizagem altamente eficaz, sobretudo para desenvolver as soft skills dos millennials, que querem aprender e trabalhar de forma diferente das gerações anteriores: “procuram empresas que estejam alinhadas com os seus valores e interesses”, indica a recrutadora.

“Este é um fator quase tão importante como um bom salário ao considerar uma oferta de emprego. Em troca, os recrutadores terão um colaborador empenhado e leal a longo prazo.”

A mentoria – a par do desenvolvimento das capacidades (aprendizagem e aperfeiçoamento das competências necessárias), um propósito em que acreditar e os sistemas de reforço (estruturas, gestão, processos operacionais e procedimentos de medição que promovem e recompensam a utilização das competências e comportamentos corretos) – é “essencial para a aquisição de competências necessárias que os ajudarão a enfrentar os desafios do mundo empresarial”, defende a Adecco Portugal.

Sistema de mentoria bidirecional

Estudos recentes confirmam mesmo que os millennials querem ser treinados no local de trabalho. “Querem um mentor, uma interação mais pessoal e ver o seu líder de equipa como um ‘par’ e não como um ‘chefe’”, salienta.

Segundo um artigo publicado pelo The Harvard Business Review, intitulado “Make Yourself an Expert”, deve existir uma aprendizagem partilhada entre os trabalhadores mais experientes e a geração millennial, visto que estes têm um maior conhecimento sobre áreas como a tecnologia e as redes sociais, o que se pode tornar bastante enriquecedor.

Haverá provavelmente casos em que os colaboradores mais jovens possuem competências que os mais velhos não possuem. Estas competências são tão valiosas e úteis como as que os profissionais mais velhos têm a transmitir aos seus colegas menos experientes. Criar um ambiente de aprendizagem em que as pessoas são encorajadas a aprender umas com as outras pode ser a chave para reter e obter competências dentro das organizações.

Mário Rocha

Senior manager na Hays

“O sistema de mentoria bidirecional em que colegas seniores e juniores se formam mutuamente com competências relevantes é uma forma eficaz de partilhar conhecimentos. Haverá provavelmente casos em que os colaboradores mais jovens possuem competências que os mais velhos não possuem. Estas competências são tão valiosas e úteis como as que os profissionais mais velhos têm a transmitir aos seus colegas menos experientes. Criar um ambiente de aprendizagem em que as pessoas são encorajadas a aprender umas com as outras pode ser a chave para reter e obter competências dentro das organizações”, finaliza Mário Rocha.

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