Exclusivo Hagatong tem salário superior a 300 mil euros no Banco de Fomento

O Ministério da Economia recusa-se a revelar oficialmente os salários da chairwoman e da CEO do Banco de Fomento, uma instituição financeira do Estado, e contraria as regras seguidas pela CGD.

A ‘chairwoman’ do Banco Português de Fomento, Celeste Hagatong, vai ter um salário bruto anual superior a 300 mil euros, enquanto a presidente executiva, Ana Carvalho, terá um salário da ordem dos 280 mil euros (ilíquidos), valores que são cerca de três vezes o salário da gestora que liderou o banco até à semana passada, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem estes números. O Ministério da Economia continua a esconder os salários das duas gestoras, quando o outro banco público, a CGD, revela os salários dos membros do conselho de administração de forma individual.

Celeste Hagatong e Ana Carvalho, oriundas da Cosec, foram nomeadas em assembleia geral há algumas semanas, para substituir Beatriz Freitas, mas ainda não tinham iniciado funções, porque esperavam pelo fit and proper do Banco de Portugal, o que veio a suceder no dia 4 de novembro. As duas gestoras já estão desde o início desta semana a liderar o banco, mas o Governo insiste em não revelar os respetivos salários. Questionado pelo ECO, limitou-se a responder que “as remunerações em causa foram determinadas com base nas práticas de mercado, comparando com grupos de entidades equiparáveis, também reguladas pelo Banco de Portugal“. Mas sem dar quaisquer referências concretas ou indicadores que permitam conhecer os critérios usados.

Em 2021, por comparação, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, auferiu um salário anual fixo de 423 mil euros brutos. Um valor superior ao do chairman do banco, Farinha Morais, como aliás sucede em todos os outros bancos do sistema. Ou seja, a política salarial do Banco de Fomento tem esta originalidade: A presidente não executiva tem um salário superior ao da presidente executiva.

A política salarial do Banco de Fomento, recorde-se, foi um temas sensíveis nos últimos meses no processo de substituição de Beatriz Freitas. O Governo acabou por fazer uma alteração à lei, no conselho de ministros de 15 de junho, para permitir a contratação de gestores com salários competitivos em relação aos outros bancos. “As remunerações dos membros do órgão de administração do BPF são fixadas pela respetiva assembleia geral, nos termos previstos no RGICSF, tendo em conta, designadamente, a natureza e finalidade do BPF”, pode ler-se no decreto-lei publicado em Diário da República. E, por isso, é o banco que “define as políticas e práticas de remuneração”.

As originalidades da política de remuneração do Banco de Fomento não terminam aqui. O Ministério da Economia recusa-se também a revelar se os salários dos outros gestores do Banco de Fomento foram atualizados, mas, até ao momento, cada um dos gestores manteve o salário de origem, o que determinava uma política de remuneração diferenciada entre gestores da mesma comissão executiva.

O ministro da Economia anunciou em junho a substituição de Beatriz Freitas por Celeste Hagatong e Ana Carvalho, mas o processo de transição arrastou-se, primeiro com a análise da comissão interna do próprio banco que avaliou as gestores, e depois no processo de avaliação do Banco de Portugal. Há dias, no Parlamento, António Costa Silva afirmou que estava em curso a transição de pastas. O ministro acrescentou, depois, que o perfil da nova equipa de liderança do Banco de Fomento está “mais ligado às empresas”.

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