Com separação do lixo “todos nós gastaremos menos dinheiro”

Afinal, as finanças pessoais e o lixo estão ligados, e quanto melhor a separação dos resíduos, menos custos as famílias terão de suportar.

O CEO das entidades gestoras de resíduos Novo Verde e ERP Portugal, Ricardo Neto, sublinha que a separação do lixo urbano, que todos produzem nas suas casas, não é só uma questão ambiental, mas também financeira.

“O ambiente tem uma componente financeira muito profunda e impacta nas nossas vidas e no que temos de pagar. Façam a separação. Fiquem com a consciência de que todos nós gastaremos menos dinheiro“, indicou Ricardo Neto, no último Conversas com Energia, um encontro entre o gestor e 45 alunos do 8.º ano da escola Escola Secundária Emídio Navarro.

Ricardo Neto explicou que o contentor onde se colocam os resíduos indiferenciados é pago pelos cidadãos, na conta da água, onde consta uma alínea para a gestão de resíduos. Esta será tanto menor quanto mais os cidadãos se dediquem a desviar os resíduos recicláveis para os ecopontos.

Por outro lado, existe o chamado “ecovalor”, o montante que é pago de cada vez que um produtor, como a Coca-Cola ou o Pingo Doce, vende uma embalagem. Este dinheiro serve para pagar aos municípios e sistemas municipais para que veículos façam a recolha, a triagem, e para que os veículos vão também buscar os resíduos triados e entregar aos recicladores. Ora, este ecovalor também é pago pelos consumidores, na medida em que estará geralmente incorporado no preço do produto que é adquirido. “E quanto mais reciclagem fizermos, menor é o ecovalor”, explicou.

São gastos, por ano, 100 milhões de euros em Portugal para a gestão de resíduos. Começaram por existir lixeiras, que tinham o problema de contaminar o solo e depois a água, que há cerca de 35 anos evoluíram para aterros, que são no fundo ligeiras com uma camada protetora.

Cada português produz, por dia, 1,4 quilos de lixo, e uma grande percentagem são embalagens. 56% dos resíduos dos portugueses continuam a ir para aterro, e para reciclagem só vão 14%. Existem ainda centrais de valorização energética, que através da queima de resíduos conseguem produzir energia elétrica. Há uma em Lisboa e outra no Porto. E, agora, a UE quer acabar com os aterros. “O que vamos fazer? Melhor separar as embalagens em casa”, responde Ricardo Neto.

Muitos dos jovens que foram interpelados não faziam sempre a separação de embalagens, e excluíam da triagem algum tipo de resíduos, como o vidro. “O tema é: temos de colocar no sítio correto estes resíduos. Senão, não temos uma economia circular” e, “para o mundo chegar para os que cá estão” — que, desde a a semana passada, são 8 mil milhões — temos de ter cuidado com estas coisas”, apelou o orador, acrescentando: “O diabo não são os plásticos. Somos nos, que não os encaminhamos como deve ser e vão parar ao oceano”.

Apesar de haver muito trabalho pela frente, Ricardo Neto realça que “a Europa ate é bem comportada” no que toca à gestão de resíduos, comparada a outras regiões como o Brasil, que está “30 ou 20 anos atras de nós”. Mas “temos de nos autocriticar para melhorar”, insiste, apesar de as nações que estão mais atrasadas nestes processos serem as principais responsáveis pelos plásticos nos oceanos, defende.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Com separação do lixo “todos nós gastaremos menos dinheiro”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião