Autoeuropa tem de anunciar novo modelo em 2023
Fábrica de Palmela do grupo Volkswagen tem um ano para anunciar produção de novo modelo, que deverá ser híbrido. Um em cada sete operários da empresa tem doença profissional.
Virada a página das negociações dos salários, a Autoeuropa encara 2023 como um ano determinante para o seu futuro. Há o compromisso de anunciar um novo modelo durante o próximo ano e que será determinante para o futuro da fábrica de Palmela do grupo Volkswagen. Entretanto, os trabalhadores estão cada vez mais preocupados com as condições de trabalho: um em cada sete funcionários tem doença profissional e não pode desempenhar todas as tarefas da linha de montagem.
“As partes comprometem-se também a criar condições para a atribuição de um novo produto para a Volkswagen Autoeuropa de forma a fazer face ao fim da produção do MPV em 2022 [Volkswagen Sharan] e a eventuais flutuações de mercado do VW T-Roc”, assim refere um dos parágrafos do acordo laboral assinado entre a Comissão de Trabalhadores (CT) e a administração da fábrica no dia 4 de abril de 2022. O acordo é válido até ao final de 2023.
“Tem de ser anunciado um novo modelo”, nota ao ECO o coordenador da CT, Rogério Nogueira. Tudo indica que o novo veículo será a próxima geração do T-Roc, SUV que tem conquistado o interesse dos condutores europeus. A Autoeuropa começou a produzir o primeiro veículo de larga escala em julho de 2017. A ainda primeira geração do T-Roc foi renovada no final de 2021 e deverá continuar a ser fabricada em 2023 e 2024, pelo menos.
O sucessor não deverá ser totalmente alimentado por um motor a gasolina ou a gasóleo. Espera-se um modelo híbrido plug-in, com tomada exterior de carregamento, para permitir uma autonomia em modo elétrico de até 100 quilómetros, conforme referiu em março de 2021 o então presidente executivo da marca Volkswagen, Ralf Brandstätter, na apresentação do plano estratégico.
Trabalhadores com limitações
Atualmente com mais de 5.000 funcionários, a Autoeuropa entrará em 2023 depois de conseguir o segundo melhor ano de produção, com o fabrico de 230 mil unidades. Em paralelo, há o registo de 500 a 600 trabalhadores com doenças profissionais, o equivalente a mais de 10% força de trabalho, “embora uma grande parte com tarefas mais leves na linha de montagem ou noutras áreas da fábrica”, nota o porta-voz da Comissão de Trabalhadores.
Os sindicatos vão mais longe. “As pessoas não aguentam os ritmos de trabalho, muito exigentes. Há pouca rotatividade no posto. A Autoeuropa tem de tomar medidas em relação aos ritmos de trabalho e ao aparecimento de doenças profissionais“, lamenta Eduardo Florindo, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul). O sindicato afeto à CGTP promoveu um abaixo-assinado em junho pela melhoria das condições de trabalho e que contou com mais de 2 mil assinaturas.
O conteúdo do abaixo-assinado também foi subscrito pelo Sindicato dos Trabalhadores do Setor Automóvel (STASA). “Tem-se registado um grande número de otimizações, mas que não tem sido traduzido na melhoria das condições de trabalho. A empresa tem de ir além das reformas antecipadas e das rescisões por mútuo acordo. O avanço da técnica deve contribuir para melhoria das condições de trabalho“, defende João Reis, membro da direção deste sindicato.
Admitindo como um problema que “não se consegue resolver de um dia para o outro”, Rogério Nogueira entende que são necessárias “intervenções no departamento médico, ao nível de engenharia industrial e também um aumento dos tempos de pausa”, que passou a ser de 10 minutos com o novo acordo laboral mas que não serve as necessidades. “Chegamos a ter momentos em que a máquina anda muito mais depressa do que a pessoa”, nota João Reis.
Resta saber quais serão as metas de produção da fábrica de Palmela para 2023, num ano em que o T-Roc vai monopolizar a linha de montagem. Contactada pelo ECO, fonte oficial da Autoeuropa recusou-se a responder às perguntas.
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