Coimbra admite reduzir serviço dos Transportes Urbanos
“Não temos condições – não há frota, não há serviços de manutenção – para suportar um aumento de serviço", disse vereadora, que apontou a culpa ao anterior executivo PS.
A vereadora da Câmara de Coimbra com o pelouro da mobilidade admitiu esta segunda-feira que será necessário reduzir o serviço dos Transportes Urbanos, face à taxa de viaturas imobilizadas e à falta de recursos. “Não temos condições – não há frota, não há serviços de manutenção – para suportar um aumento de serviço [dos Transportes Urbanos]. Pelo contrário, vai ter que ser reduzido, por muito que me custe admiti-lo”, afirmou a vereadora e presidente dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), Ana Bastos.
A responsável eleita pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/Nós, Cidadãos!/PPM/Aliança/RIR e Volt) respondia, na reunião do executivo, a uma intervenção da vereadora do PS, Regina Bento, que foi presidente dos SMTUC no anterior mandato, quando o executivo era liderado pelos socialistas.
O atual executivo, eleito há 14 meses, tem sido bastante crítico da “herança” deixada pelo PS no que toca aos SMTUC, face à idade média da frota, já os socialistas têm reiteradamente acusado a atual Câmara de Coimbra de ter deixado os serviços num “caos”. Numa intervenção longa, Ana Bastos abordou o estado em que os SMTUC estão, culpabilizando o PS por os serviços terem registado uma taxa de imobilização de cerca de 42% na sexta-feira.
Segundo a responsável, o anterior executivo, liderado pelo PS, elaborou um plano de renovação de frota, com investimentos previstos anuais entre 2015 e 2019, por forma a diminuir a idade média da frota de autocarros. O plano, notou, previa a compra de dez autocarros novos por ano (reduzindo a idade média da frota para 9,8 anos) ou a compra de cinco autocarros novos e dez usados por ano, no período definido (baixando a idade média para 10,2 anos).
“Mas o plano do PS nunca saiu do papel e, em 2019, a idade média, em vez de dez anos, cifrou-se em quase 15 anos”, realçou Ana Bastos. Dos 75 autocarros previstos no plano que deveriam ter sido adquiridos em função do cenário misto (usados e novos), “apenas entraram 35, contabilizando-se um défice de 40 autocarros ‘standard’, que poderiam ter sustentado o abate de igual quantidade de frota existente, permitindo, por exemplo que nos dias de hoje, os SMTUC já não contassem com autocarros com mais de 20 anos”, asseverou.
Para Ana Bastos, o não cumprimento deste plano levou a um acréscimo da idade média da frota e um aumento progressivo da taxa de imobilização, que passou de 4,1% em 2011 para 23,3% em 2021. A vereadora socialista Regina Bento considerou que o executivo, “ao invés de resolver os problemas, vem sacudir a água do capote, em mais uma tentativa torpe, que já ninguém leva a sério, de imputar responsabilidades ao executivo anterior.
“A herança deixada pelo PS em 2021 ao nível da frota foi ter deixado mais 36 autocarros nos SMTUC do que aqueles que encontrou deixados pelo PSD em 2013”, vincou, recordando que o investimento médio anual do executivo socialista foi de dois milhões de euros por ano, ao contrário de um milhão de euros pelo PSD, em 2013.
De acordo com Regina Bento, a taxa de imobilização de 42% que se registou na sexta-feira é responsabilidade do atual executivo, considerando que a narrativa de culpar o PS “já não pega”. Ana Bastos reafirmou que a decisão de alargar a rede dos SMTUC a sul e a norte do concelho em 2021 sem reforçar o número de viaturas disponíveis trouxe problemas acrescidos aos serviços.
“Quem deixa um serviço nestas condições, devia ter vergonha em vir atirar pedras a quem herda uma verdadeira desgraça, numa época onde as dificuldades são enormes. E é a senhora que vem insistir para continuarmos a alargar serviço a outras zonas do concelho, no caminho sem retorno do precipício?”, questionou a vereadora.
Ana Bastos pediu ainda a Regina Bento para apontar “uma única oportunidade de financiamento desperdiçada” pelo atual executivo para renovar a frota, recordando que, no mandato anterior, não foram esgotadas todas as possibilidades.
“Veja-se, a título de exemplo, os Transportes do Barreiro, que tirando partido dos programas de financiamento, substituíram toda a sua frota a combustão interna por 60 autocarros movidos a gás natural, e construíram um novo posto de abastecimento de gás natural comprimido, financiado a 85%. Os SMTUC nesse mesmo período adquiriram 8 autocarros standard e 2 miniautocarros elétricos. Afinal onde estão os erros de gestão? Afinal onde está a incompetência?”, perguntou.
Na resposta, Regina Bento considerou que Ana Bastos está “de cabeça perdida”. “Vergonha é o que estão a fazer à cidade e aos conimbricenses”, vincou a vereadora socialista.
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