Iberia continua a ser a opção menos desejada pelo Governo para a TAP

"O importante é ter vários interessados na TAP", defendeu o ministro das Infraestruturas. Mas há uns que interessam menos que outros. É o caso da Iberia, defendida pelo ministro da Economia.

O ministro da Economia defendeu, na semana passada, que o grupo a que pertence a companhia aérea espanhola Iberia seria um candidato ideal para a compra da TAP, porque a ligação ao aeroporto de Madrid permitiria potenciar o turismo e a economia do país. Uma posição contrária à que vinha sendo defendida no Governo com o anterior ministro das Infraestruturas. Ao que o ECO apurou, a visão central do Executivo não mudou.

Numa entrevista ao jornal espanhol El Economista publicada a semana passada, o ministro da Economia sustenta que ainda que existam outras opções para entrar no capital da TAP, a Iberia é chave porque tem ligações com os três aeroportos continentais do país (Lisboa, Porto e Faro) e com o Funchal. “A conectividade com o hub aeroportuário de Barajas iria potenciar o turismo e a economia do país — e não só a TAP como também a Iberia têm aqui um papel importante”, afirmou António Costa Silva.

Esta preferência pela Iberia, que faz parte do grupo IAG, onde também estão a British Airways, a irlandesa Aer Lingus ou a também espanhola Vueling, contraria aquilo que tem sido o posicionamento do Governo português, nomeadamente do anterior ministro das Infraestruturas. Onde António Costa Silva vê uma vantagem, Pedro Nuno Santos via uma ameaça: o esvaziamento a prazo do hub no aeroporto em Lisboa, como grande plataforma de distribuição de passageiros para as diferentes rotas, aquilo que sempre defendeu ser necessário preservar.

Numa entrevista ao ECO no final de 2021, Pedro Nuno Santos apontava a existência de três interessados e, sem excluir ninguém, dava conta da distinção entre eles: “Obviamente, sei bem qual é a diferença entre os três [grupos de aviação] e sei bem qual é o hub que mais concorre connosco“. Há dois meses, numa conferência sobre o novo aeroporto, afirmou que a TAP e o hub “são duas faces da mesma moeda”, sendo essenciais para a centralidade ao país. As outras companhias que no passado já demonstraram interesse na TAP são a Lufthansa e a Air France -KLM.

Pedro Nuno Santos já não está no Governo, mas ao que o ECO apurou, a visão sobre as opções para a TAP não mudou, ainda que nenhuma hipótese seja excluída. O novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi confrontado esta semana com a opinião de António Costa Silva, mas fugiu à questão. “A TAP tem de avaliar os melhores parceiros para a sua estratégia de crescimento operacional. Neste momento há várias opções. Avaliaremos todos e não farei nenhum comentário sobre nenhum dos candidatos em potência”, afirmou, à margem de uma conferência em Sines. “O importante é ter vários interessados na TAP e a TAP ter uma perspetiva de crescimento sustentável”, acrescentou. A companhia aérea é tutelada pelo ministério das Infraestruturas e o ministério das Finanças.

Para nós, vendedores, o grupo IAG será a opção que menos interessa. Iria reforçar Madrid em detrimento de Lisboa”, aponta um especialista do setor. “Ter dois hubs à partida não é prático e financeiramente sustentável. Quando se compra quer-se fazer sinergias”, acrescenta, apontando para um emagrecimento da TAP neste cenário.

A mesma opinião tem Paulo Duarte, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA). Se a Iberia ficar com a TAP “acaba com o hub em Lisboa”. “É inviável dois hubs, Madrid e Lisboa, estão demasiado perto. Além de que a Iberia é concorrente nas nossas rotas”, acrescenta.

As opções para a consolidação da TAP são limitadas, pelo que a IAG será sempre uma carta em cima da mesa. Michael O’Leary, CEO da Ryanair, acredita que a companhia portuguesa será vendida justamente ao grupo que junta a British Airways e a Iberia.

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