Dois apoiantes de Carla Castro foram afastados da IL, mas partido rejeita “qualquer ideia de divisões”

Dois assessores que declararam o apoio a Carla Castro foram afastados mas o partido justifica com a reorganização das equipas.

São já dois os casos de colaboradores da Iniciativa Liberal que apoiaram a lista de Carla Castro às eleições internas e foram afastados. No entanto, o partido rejeita “qualquer ideia de divisões que não existem”, reiterando que as saídas dos assessores se deveram à reorganização da bancada parlamentar e da equipa da Assembleia Municipal de Lisboa.

O primeiro caso foi noticiado pelo jornal Sol, na semana passada, e tratava-se de um assessor político da bancada parlamentar que foi afastado do cargo. Vicente Ferreira da Silva era fundador do partido e um dos membros da atual Comissão Executiva, tendo chegado a ser vogal da lista de João Cotrim Figueiredo quando este foi reeleito.

Seguiu-se o assessor do grupo parlamentar da Assembleia Municipal de Lisboa, José Maria Barcia, soube o ECO. A razão dada foi a não correspondência com as necessidades do gabinete, mas é já o segundo membro que tinha declarado o seu apoio a Carla Castro e que sai. Trabalhava na Assembleia onde Angélique Da Teresa, que faz parte da nova direção do partido, sendo vice-presidente de Rui Rocha, é uma das deputadas municipais.

Questionada sobre o caso de Vicente Ferreira da Silva, fonte oficial do Grupo Parlamentar da IL justifica a decisão com a “reorganização” após a eleição. Segundo explicou ao ECO, “com a eleição de um novo presidente da Iniciativa Liberal, que também é deputado, o grupo parlamentar da Iniciativa Liberal reorganizou a distribuição de deputados e assessores pelas comissões parlamentares”.

“Nessa nova configuração, o presidente cessante, João Cotrim Figueiredo, assumiu duas comissões e o novo presidente, Rui Rocha, deixou de ter a seu cargo as duas que até aí coordenava. Apenas um deputado se manteve nas duas comissões em que participava, tendo existido alterações nos outros deputados. Em face dessa reorganização, com vista a maximizar a eficiência e competência do trabalho realizado pelo grupo parlamentar da Iniciativa Liberal, deixou de haver enquadramento para Vicente Ferreira da Silva. As decisões foram tomadas por unanimidade em reunião de deputados a 26 de janeiro. De igual modo, nessa reunião, foram identificadas as necessidades de reforço do gabinete parlamentar e que serão preenchidas assim que possível”, indica a mesma fonte.

Já sobre o caso de José Maria Barcia, a resposta vem da Assembleia Municipal de Lisboa (AML). Rodrigo Mello Gonçalves, deputado da AML, diz ao ECO que na equipa da Assembleia “estão pessoas que apoiaram e integraram diferentes candidaturas, como o candidato a secretário-geral na lista de Carla Castro, e que se mantêm em funções”. “O grupo na AML não confunde eleições internas com o combate político que a Iniciativa Liberal trava todos os dias”, reitera.

“Já tivemos reorganizações do gabinete de apoio no passado e, tal como esta, a decisão foi tomada pelo Grupo Municipal da Iniciativa Liberal. A cessação da prestação de serviços foi formalizada pelo líder de bancada por não existir correspondência entre o trabalho desenvolvido e as necessidades do gabinete“, assegura. “O Grupo Municipal da Iniciativa Liberal integra um conjunto de pessoas com diversidade de opiniões e de posições. Trabalhamos em equipa e é assim que vamos continuar, por isso refutamos qualquer ideia de divisões que não existem“, conclui.

Do ponto de vista de Tiago Mayan, antigo candidato presidencial e atual presidente de Junta da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, ambos os assessores tinham mérito. O liberal já trabalhou com ambos, “dentro do contexto da campanha para as presidenciais, ambos participaram ativamente na equipa”, indica ao ECO.

“José Maria foi um dos elementos do núcleo duro, responsável pela comunicação, contacto com media e controlo da agenda e o Vicente num momento mais posterior juntou-se como diretor de campanha na fase final”, conta. “Só tenho elogios para ambos, excelentes ativos e componentes essenciais no sucesso da campanha“, reitera.

O liberal indica que não conhece as razões para a saída de ambos, sabendo apenas o que foi indicado na comunicação social. No entanto, destaca que a perceção que tem é que, quanto a Vicente, “é um excelente profissional e altamente capacitado no trabalho que foi desenvolvendo e, mesmo na criação de conteúdos e propostas, é pensador liberal do partido e também em termos de ética e desempenho de trabalho alguém em quem tenho confiança”.

Quanto a José Maria deixa também “os mais vastos elogios, foi elemento essencial para a campanha”, destacando o “nível de criatividade, disponibilidade, capacidade de ação e capacidade profissional”.

Mayan admite que “ambos, no contexto das eleições internas, tiveram uma declaração de apoio expresso” a Carla Castro, sendo que José Maria também “esteve a colaborar e dar apoio ao desenvolvimento da campanha interna da Carla”. No entanto, apesar de ambos terem estado na prática envolvidos, não traça uma relação entre os eventos já que desconhece as motivações na base dos despedimentos.

Quanto ao clima dentro do partido, após as eleições, diz não ter notado diferença, mas assume que tem sido um membro de base e “no contexto do que tem sido a evolução dos órgãos dirigentes do partido” já tem “pouca informação”.

Apesar deste ponto de vista, foram trocadas muitas críticas durante a campanha, nomeadamente entre Carla Castro e a direção que estava em funções na altura. O líder e a vice-presidente da bancada parlamentar, Rodrigo Saraiva e Carla Castro, respetivamente, chegaram a avançar com a intenção de colocar os seus lugares à disposição mas acabaram por se manter.

O ECO teve ainda acesso a um email em que é criticada a atuação de dos vereadores do Porto, Ricardo Valente, que foi também apoiante de Carla Castro. Em causa está uma sessão na qual o vereador terá sido confrontado com a necessidade de propostas para combater o agravamento fiscal dos titulares de Alojamento Local e terá sido dito que a IL “apresentou zero propostas em sede de Orçamento do Estado”.

O coordenador do núcleo do Porto da IL, Ricardo Gouveia, cita uma resposta do Grupo Parlamentar da IL, que diz que é falso que não tenha apresentado propostas e reitera que dizê-lo “é negligenciar o trabalho atento que o Gabinete Parlamentar tem tido em dar melhores condições ao setor”.

A nota do grupo termina dizendo que esperam “que este esclarecimento sirva o propósito de informar o vereador Ricardo Valente, bem como os membros do NT Porto, sobre o trabalho feito”.

(Notícia atualizada às 17h55 com mais informação)

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