Sindicato acusa CGD de ter esquecido os trabalhadores e exige intervenção da tutela
Caixa "insiste na ameaça de unilateralmente avançar com um adiantamento de 4%", afirma o Sindicato.
O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) exigiram esta sexta-feira a intervenção da tutela e da Assembleia da República, lamentando que, apesar dos “lucros fabulosos” conseguidos em 2022, os trabalhadores tenham sido esquecidos. O banco fechou o ano passado com lucros de 843 milhões.
Os verdadeiros protagonistas dos resultados apresentados pela CGD são os trabalhadores, aponta o sindicato, sublinhando que, no processo de revisão salarial em curso a empresa “teima em manter a sua posição intransigente” de não ultrapassar os 5,1% de aumento da massa salarial, considera o STEC em comunicado.
A instituição “insiste na ameaça de unilateralmente avançar com um adiantamento de 4%“, que o sindicato considera insuficiente para fazer face aos aumentos dos preços decorrentes da inflação. “Deixaria de fora desse adiantamento os reformados e pré-reformados“, sublinha o organismo sindical.
O STEC tinha proposto um valor igual de 95 euros de aumento para todos os níveis remuneratórios, uma proposta que a estrutura sindical considera “perfeitamente comportável com a sustentabilidade financeira de uma empresa que acaba de apresentar 843 milhões de lucro”.
Na quinta-feira, durante a apresentação de contas, Paulo Macedo, CEO da CGD, admitiu a possibilidade de avançar com aumentos de 4% no processamento de salários já deste mês, caso as negociações com os sindicatos não cheguem a acordo.
Ao avançar com um adiantamento unilateral, a administração da CGD “estará a afrontar um conjunto de princípios que o STEC considera inegociáveis”, lembra o sindicato, dando como exemplo o desrespeito do direito de contratação coletiva. “Colocará em causa a agenda para o trabalho digno e o acordo de concertação social que o Governo aprovou e ergueu como bandeira, ao impor unilateralmente adiantamentos salariais”, insiste.
Considera ainda que a CGD, ao ameaçar com o adiantamento unilateral de 4%, pretende “desvalorizar e subverter o papel dos sindicatos” e que, com tal decisão, fomentará a desigualdade geracional, “abrindo um grave precedente e procurando dividir quem é hoje do ativo, daqueles que ao longo de uma vida construíram a CGD e estão agora na reforma e na pré-reforma”.
Além disso — insiste o sindicato –, se avançar com um adiantamento salarial “abaixo do justo e necessário”, a empresa está a ignorar “a alta taxa de inflação (…), bem como o contínuo aumento dos bens essenciais”. Aponta igualmente os “sacrifícios pessoais e familiares exigidos” aos trabalhadores, denunciando “pressões laborais”, “assédio” e “ameaças” e sublinhando as “milhares e milhares de horas trabalhadas e não pagas”.
“Falamos da necessidade de um aumento salarial justo que fique vertido inequivocamente na tabela salarial e que se reflita em todos os trabalhadores, pré-reformados e reformados, permitindo-lhes fazer face aos abruptos aumentos de preços de todos os bens e que jamais terão reversão”, insiste o sindicato.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) divulgou na quinta-feira lucros de 843 milhões de euros em 2022, mais 45% do que em 2021.
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