Setor das embalagens defende incentivos ao consumidor para aumentar taxas de reciclagem

Setor defende que sistemas de depósito e reembolso e incentivos fiscais devem integrar o conjunto de medidas que visam acelerar a reciclagem a nível nacional.

Os principais players do setor das embalagens defendem que devem ser criados incentivos ao consumidor que permitam aumentar as taxas de reciclagem a nível nacional e servir de complemento à nova regulamentação que a Comissão Europeia quer implementar nos 27 Estados-membros, no âmbito do Plano de Ação para a Economia Circular.

“O consumidor tem que ser educado, mas só vamos conseguir saltos quantitativos [na reciclagem] quando houver alguma forma de pagamento. O que pagamos na gestão de resíduos é menos por dia do que gastamos em cafés“, apontou Paulo Serra, diretor da região oeste da SAICA, empresa de fabricação e comercialização de embalagens de cartão.

É preciso haver uma complementaridade das várias medidas. Não pode ser só comunicação, ou eco design. Tem que haver uma convergência de várias medidas ao mesmo tempo”, apontou esta quinta-feira, durante a conferência “Nova Regulamentação de Embalagens e Novos Desafios para o Setor” organizada pelo Novo Verde.

A opinião foi partilhada por Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) que ressalvou que, neste momento, “o consumidor não tem um incentivo, ou estimulo que faça a diferença de quem separa e não separa“.

“Temos que definir novos sistemas de recolha. A nova regulamentação europeia vem identificar o sistema de recolha e depósito. É um modelo alternativo e que vai contribuir para a quantidade recolhida, nomeadamente, a nível das embalagens de bebidas”, elaborou.

Exemplo disso são os dois projetos-piloto colocados em curso, em 2020, pela APIAM (Águas Minerais e de Nascente de Portugal), a APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) e a PROBEB (Associação Portuguesa de Bebidas Refrescantes Não Alcoólicas) com o objetivo de simular o futuro sistema de depósito e reembolso que estava previsto que seria implementado a 1 de janeiro de 2022 em Portugal, mas que ainda aguarda o enquadramento legal.

Em quase três anos, foram recolhidas recolheram mais de 22,6 milhões de embalagens de bebidas em plástico PET, latas de metal e garrafas de vidro de uso único, a que correspondem mais de 770 toneladas de materiais encaminhados para reciclagem. Aos consumidores foi reembolsado um montante total de 787.486 euros, revelam o APIAM, APED, PROBEB ao Capital Verde.

Mas além desse sistema, “há um conjunto de instrumentos ao dispor que devem ser implementados”, explicou o responsável, acrescentou Nuno Aguiar fazendo referencia ao sistema pay as you throw, onde cada consumidor paga pelo lixo que produz.

“Sentimos que o consumidor não tem um incentivo. Não há um estímulo que faça a diferença entre quem separa e quem não separa“, argumentou o responsável pela APIP. “A peça chave neste puzzle vai ser sempre o consumidor, pois é quem faz o ciclo da economia circular funcionar”.

A proposta para um novo regulamento sobre embalagens a nível europeu, e ainda em fase de discussão, visa prevenir a geração de resíduos de embalagens, promover a reciclagem em ‘circuito fechado’ e aumentar a utilização de plásticos reciclados.

Além da criação de sistemas de depósito, estão em cima da mesa novas metas de reutilização e reciclagem de teor obrigatório, que deixam para trás a atual diretiva que orienta o setor das embalagens e resíduos de embalagens entre os 27 Estados-membros.

“A Comissão Europeia chegou à conclusão de que o que existe hoje não é incentivador nem foi eficaz e para que possamos acelerar este caminho rumo à neutralidade carbónica, quer tornar isto lei. E foi bastante agressiva no desenho da proposta”, defende Tiago Moreira da Silva, coordenador da plataforma Vidro+.

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