Portugal paga quase 3% para se financiar a curto prazo

Na véspera da reunião do BCE, o Tesouro português obteve financiamento de 723 milhões de euros, mas pagou mais do que no anterior leilão, com taxa a atingir os 3% no prazo a 12 meses.

Portugal obteve esta quarta-feira um empréstimo de curto prazo no valor de 723 milhões de euros, mas os custos de financiamento voltaram a subir consideravelmente, com a taxa de juro a atingir os 3% no prazo a 12 meses.

O IGCP emitiu 300 milhões de euros com Bilhetes do Tesouro a 12 meses e pagou aos investidores uma taxa de juro de 2,975%, acima dos 2,725% do leilão realizado em janeiro. Ainda há um ano, Portugal financiava-se com taxas negativas a curto prazo e agora os juros já rondam os 3%, o que mostra o impacto do aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE) no último ano. O BCE tem reunião marcada para esta quinta-feira e deverá voltar a subir as taxas de referência em 50 pontos base, colocando a sua taxa de depósitos nos 3%. A falência do Silicon Valley Bank e a instabilidade no sistema financeiro nos últimos dias baralharam as expectativas dos mercados e há quem aponte para um banco central menos agressivo.

Já na linha a seis meses a agência liderada por Miguel Martín obteve 423 milhões de euros a uma taxa média de 2,893%, mais do que os 2,417% que pagou em janeiro.

Taxa a 12 meses atinge 3%

Fonte: IGCP

Resumindo: Portugal pagou mais por menos nesta operação de financiamento. No duplo leilão realizado no início do ano obteve um financiamento de 1.250 milhões de euros e agora, com taxas de juro mais altas, o empréstimo foi de “apenas” 723 milhões, dentro, ainda assim, do intervalo indicativo do IGCP.

“A curva de taxas de juro encontra-se invertida, o que faz com que o curto prazo esteja com taxas mais elevadas que o longo prazo e explica o facto de termos tido praticamente a mesma yield para os 3 e 12 meses. Os bancos centrais ainda estão num processo de subida de taxas. A taxa neutral na Europa deverá ser atingida no segundo semestre de 2023 o que tem levado a um ajuste rápido das curvas de taxas de juro tanto de curto prazo como de longo prazo”, explica o diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva.

Este era um resultado expectável em função da normalização da política monetária do BCE para controlar a inflação, mas expõe os desafios com que os Governos mais endividados vão ter de enfrentar neste novo ciclo de juros mais altos. No caso de Portugal, há muito que o ministro das Finanças, Fernando Medina, identificou a necessidade de baixar a dívida pública e tirar o país do grupo de países mais endividados da Zona Euro. De acordo com Medina, a dívida pública caiu para 113,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, o valor mais baixo desde 2010.

O Orçamento do Estado para este ano prevê nova redução acentuada do endividamento público: deverá cair para 110,8% do PIB. Isto apesar de o Governo esperar uma desaceleração da economia para 1,3%.

(Notícia atualizada às 14h19 com comentário do diretor do Banco Carregosa Filipe Silva)

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