BCP encaixa 41 milhões com Campo Pequeno, mas ainda tem 45 milhões por recuperar

Mais de duas dezenas de credores da sociedade que reabilitou o Campo Pequeno nos anos 2000 vão receber 43 milhões da liquidação. BCP recebe a maior fatia, mas fica com 45 milhões ainda por recuperar.

Campo Pequeno, em Lisboa.MIGUEL A. LOPES/LUSA 30 julho, 2020

O BCP deverá encaixar mais de 40 milhões de euros com o Campo Pequeno, em Lisboa, mas ainda tem outros 45 milhões por recuperar no âmbito do processo de liquidação da sociedade que reabilitou aquele espaço no início dos anos 2000. Desde 2019 que o Campo Pequeno está nas mãos do empresário Álvaro Covões.

O banco liderado por Miguel Maya é o maior credor da Sociedade de Renovação Urbana do Campo Pequeno (SRUCP), que entrou em insolvência há quase uma década, em 2014, depois de ter sucumbido ao peso de uma dívida de quase 100 milhões de euros. O processo de liquidação tem-se arrastado até aos dias de hoje com quase três dezenas de credores, onde se destaca o banco com dívidas por recuperar de 86 milhões – correspondendo a cerca de 90% do total dos créditos em incumprimento.

No final de 2019, a insolvência da SRUCP conheceu um desenvolvimento importante, quando o Campo Pequeno – o principal ativo da sociedade — foi vendido ao empresário Álvaro Covões, promotor de espetáculos da Everything Is New, através da empresa Plateia Colossal, por cerca de 37 milhões de euros, de acordo com os valores reportados pela imprensa na altura.

Em 2021, numa primeira proposta de rateio parcial, a administrador de insolvência Paula Mattamouros Resendes propôs a distribuição de 29,7 milhões ao BCP, sendo o único credor que então ia receber dinheiro por conta de um crédito garantido, conforme revelou o ECO na altura. Agora, apresentou uma nova proposta junto do tribunal da Comarca de Lisboa, onde corre o processo de insolvência do Campo Pequeno, em que reforça os fundos a atribuir ao banco e juntando na lista de recebimentos mais de duas dezenas de credores da sociedade, incluindo a Opway Engenharia, que recuperará mais de um milhão de um crédito reconhecido de quase seis milhões.

No caso do BCP, a proposta vai no sentido de distribuir cerca de 41,5 milhões de euros: quase 32,2 milhões por conta da venda do Campo Pequeno e outros 9,3 milhões de euros por conta de um saldo de mais de 11 milhões que resultou da venda dos bens mobiliários. Contas feitas, o banco ficará ainda com 44,7 milhões de valor em dívida – cerca de metade do crédito por recuperar. Questionada pelo ECO sobre as expectativas de recuperação do valor remanescente, a instituição liderada por Miguel Maya não quis fazer qualquer comentário.

Para as contas da insolvência da SRUCP, este rateio faz com que fique a dever 50 milhões aos credores, cerca de metade do que devia no início do processo de insolvência.

Atualmente, o Campo Pequeno funciona como uma sala de espetáculos (na arena) e tem ainda um centro comercial e um parque de estacionamento subterrâneos, no seguimento das obras profundas que tiveram lugar nos anos 2000. O financiamento desta intervenção – que durou anos — acabou por ser demasiado pesado para as condições de exploração do espaço que reabriu em 2006, arrastando a SRUCP para a insolvência.

Antes da pandemia, a arena do Campo Pequeno contava com cerca de 3,5 milhões de visitantes por ano, de acordo com dados oficiais da própria sociedade.

(Notícia corrigida às 11h37 para referir que o Campo Pequeno é detido pelo empresário Álvaro Covões e não pelo fundo Horizon, como referido inicialmente)

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