TAP tem melhor margem de rentabilidade do que companhias que a querem comprar

A companhia área portuguesa diz na apresentação de resultados ter melhor margem de rentabilidade do que a Lufthansa, a IAG e a Air France - KLM, consideradas as principais candidatas na privatizão.

A TAP reclama na apresentação de resultados de 2022 que tem melhores margens de rentabilidade do que as pares, que são também as companhias que têm demonstrado apetência para participar na privatização da transportadora aérea portuguesa. Há, no entanto, um indicador em que ainda fica atrás da concorrência.

A companhia aérea portuguesa apresentou esta segunda-feira lucros de 65,6 milhões de euros em 2022, pondo fim a um longo ciclo de prejuízos, que atingiram os 1.600 milhões em 2021, devido ao impacto da pandemia.

O resultado operacional cifrou-se em 268,2 milhões de euros, um novo recorde, com a margem de rentabilidade operacional a atingir 7,1%. Percentagem que, segundo a TAP, supera a das pares. Na IAG, dona da Ibéria e British Airways, a margem foi de 5,3%, na da Air France-KLM de 4,2% e na Lufthansa de -1,2%. Tudo companhias que, no passado recente, demonstraram interesse em participar na privatização da companhia aérea portuguesa.

O cenário repete-se na margem EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) que alcançou os 21,8% no exercício do ano passado, bem acima dos 14,3% da IAG, dos 12,7% da Air France-KLM e dos 6,2% da Lufthansa.

Quando se olha para as receitas por lugar-quilómetro oferecido (PRASK, na sigla em inglês) o retrato já é diferente. Na TAP foi de 6,68 euros em 2022, ficando abaixo dos 7,38 euros da IAG, dos 7,59 euros da Air France-KLM e dos 7,98 euros da Lufthansa. A companhia portuguesa só se destaca no facto de ser a que mais recuperou neste indicador desde 2019, com um crescimento de 20,5%, mas porque vinha de um valor mais baixo.

Nos custos por lugar-quilómetro oferecido (CASK, na sigla em inglês), a companhia portuguesa volta a estar melhor do que as concorrentes. Tirando as despesas com combustível, este indicador foi e 4,66 euros na TAP, abaixo dos 5,90 euros da Air France-KLM, dos 5,95 euros da IAG e dos 6,55 euros da Lufthansa. Convém salientar que na transportadora nacional vigoraram cortes salariais entre 20% e 25%, acima dos 1.410 euros, que baixaram para 20% este ano, com a fasquia a subir para 1.520 euros.

As comparações têm por base o resultado integral do grupo no caso da IAG, só o negócio de transporte de passageiros na Lufthansa e a totalidade do grupo, exceto a manutenção e engenharia, no caso da Air France – KLM.

A TAP salienta ainda na apresentação que a capacidade oferecida nos seus voos atingiu 87% dos níveis de 2019, uma evolução que também está acima das pares. Na recente apresentação de resultados, a Air France-KLM voltou a manifestar o interesse na aquisição da TAP, com as ligações ao Brasil a serem apontadas como o principal atrativo. “Consideramos as rotas para o Brasil extremamente poderosas para nós”, disse o CEO.

A companhia portuguesa encontra-se também no radar da Lufthansa, que está em processo de aquisição de uma participação de 40% na nova transportadora de bandeira italiana ITA. “A prioridade para a Lufthansa é a ITA, mas como o maior grupo de aviação da Europa não nos podemos focar apenas num alvo. Não me afasto da TAP. Os dois candidatos mais interessantes neste momento são a ITA e a TAP, mas também poderia dar outros nomes. Sempre que surgir um candidato, vamos estar atentos e mostrar o nosso interesse”, afirmou o CEO, Carsten Spohr, a 6 de março.

A companhia portuguesa tem sido apontada também como um plano B para o grupo da Iberia, caso não chegue a acordo para a aquisição de uma particicipação maioritária na também espanhola Air Europa. “Não vou falar em particular da TAP, mas exploramos todas as opções que permitam tornar o grupo mais forte”, disse o CEO Luis Gallego, durante a conferência de apresentação de resultados anuais, a 24 de fevereiro de 2023.

O ministro das Finanças pretende levar “em breve” a privatização da TAP a Conselho de Ministros. Os bons resultados da companhia serão um dos argumentos para a venda.

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