60% das mulheres sentem que à medida que progridem na carreira, solidão aumenta

Mais de metade das mulheres que exercem cargos de liderança afirma que os seus sentimentos de solidão e de isolamento aumentaram à medida que avançaram nas suas carreiras.

A solidão está a prejudicar a saúde, as relações e as oportunidades de sucesso das mulheres. Enquanto a maioria dos homens confessou sentir-se menos solitários à medida que as suas carreiras progrediram, entre as mulheres o movimento foi oposto. Mais de metade das líderes (60%) afirma que os seus sentimentos de solidão e de isolamento aumentaram à medida que avançaram nas suas carreiras. As conclusões são do mais recente estudo da TheLi.st, comunidade de inovadores, pioneiros e empreendedores, e da empresa de investigação Benenson Strategy.

“Estamos agora numa era ‘post-girl boss‘, ‘post-Lean In’, onde existia este sentimento de que ‘as mulheres vão ser apoiadas’ e ‘estamos todos juntos nisto’. Mas não é isso que estamos a ver nestes números. As mulheres estão a sentir-se tremendamente desamparadas”, reflete Ann Shoket, CEO da TheLi.st, citada pela Fast Company (acesso livre, conteúdo em inglês).

Cerca de 55% das mulheres que ocupam posições de nível sénior admitem ter-se sentido sozinhas nos seus trabalhos, pelo menos uma vez, durante o mês anterior. E 69% admite ter-se sentido sem apoio.

O estudo aponta ainda algumas razões que podem explicar que as mulheres experienciem níveis tão elevadas de solidão no trabalho. “Por exemplo, 40% das mulheres de nível sénior sentem que os desafios no trabalho ultrapassam as expectativas razoáveis, 40% das mulheres sentem que a sua empresa não as ajuda a ter sucesso, e 67% das mulheres trabalhadoras (e 60% das mulheres de nível sénior) sentem que estão a ser retidas de propósito“, enumera.

“Claramente, temos um problema estrutural no trabalho, precisamos de ser capazes de apoiar as mulheres em posições de maior responsabilidade e visibilidade”, diz Ann Shoket.

Entre as mulheres negras, as taxas de solidão são ainda mais acentuadas. Apenas 19% admite estar muito felizes e satisfeita com a sua carreira global atual, em comparação com 30% das mulheres brancas. E 27% das mulheres negras não se sentem respeitadas ou apoiadas nas suas empresas, em comparação com 19% das mulheres brancas. Finalmente, apenas uma em cada cinco mulheres negras concorda fortemente que se sente respeitadas no trabalho, em comparação com mais de um terço das mulheres brancas.

Saúde e relações sociais também saem prejudicadas

Este sentimento de solidão e de desamparo está, segundo o estudo, a prejudicar as mulheres, não só nas suas carreiras, mas em vários aspetos da sua vida, começando desde logo pela sua saúde. Há muito que o surgeon general dos EUA, Vivek Murthy, descreve a solidão como uma enorme crise na saúde. Os investigadores descobriram que a solidão e as fracas ligações sociais estão associadas a uma redução do tempo de vida — semelhante à causada pelo consumo de 15 cigarros por dia — e que do desempenho profissional.

A maioria das mulheres trabalhadoras inquiridas diz ter não ter progredido na sua carreira devido aos efeitos negativos na sua vida pessoal, enquanto dois terços das mulheres que desempenham cargos de nível elevado admitem que o trabalho, combinado com as suas responsabilidades em casa, aumentou os seus níveis de stressadas, pressão, levando-as mesmo ao burnout.

Quase metade das mulheres admite que as suas relações com amigos e familiares foram negativamente impactadas devido às exigências do seu trabalho. E, talvez mais espantosamente, 92% das mulheres com um nível sénior que se sentem sozinhas afirmam que, em algum momento das suas carreiras, experienciaram comportamentos negativos, ilegais ou arriscados, incluindo o consumo de drogas, excesso de exercício físico, despesas excessivas ou jogo.

Fomentar o sentimento de pertença, oferecer mentoria e implementar políticas na empresa como a licença parental são apenas algumas das potenciais soluções a crise da solidão apontadas pela CEO da TheLi.st.

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