BCP sem dividendos e com dez milhões para os trabalhadores

Banco liderado Miguel Maya decidiu “congelar” dividendos por uma questão de prudência face à incerteza. Já trabalhadores terão direito a um cheque de 9,97 milhões. BCE "reforça" rácios.

O BCP BCP 1,30% não vai pagar dividendos aos acionistas, apesar do lucro de mais de 200 milhões de euros no ano passado. O banco liderado por Miguel Maya justifica essa opção – que vai ser levada a assembleia geral em maio – com “os potenciais impactos e incertezas associados ao atual contexto económico-financeiro e geopolítico”, que recomendam “especial prudência” e a “consolidação” da robustez financeira.

Por outro lado, os trabalhadores terão direito a um cheque de 9,97 milhões de euros, conforme se lê no relatório e contas de 2022 acabado de publicar pela instituição. Mas também esta proposta vai ter de ser aprovada pelos acionistas. O conselho de administração propõe que, “com a aprovação da distribuição da verba global de 9,972 milhões de euros, se delibere que a determinação concreta do montante concreto a atribuir a cada colaborador seja fixado pela comissão executiva, sendo liquidado juntamente com a remuneração correspondente a junho de 2023”.

Em relação aos dividendos, o CEO Miguel Maya já tinha manifestado algumas reservas quanto à distribuição de resultados pelos acionistas. “Num enquadramento marcado pela elevada incerteza na Polónia e a guerra, a prioridade é a proteção de capital e reforço dos rácios de capital”, afirmou na conferência de apresentação dos resultados há um mês.

Por incerteza na Polónia, Miguel Maya referia-se ao tema dos créditos hipotecários em moeda estrangeira que já levou a sua subsidiária polaca — o Bank Millennium — a colocar de lado mais de 1.000 milhões de euros para fazer face a eventuais decisões desfavoráveis dos tribunais.

No ano passado, o banco distribuiu dividendos de 13,6 milhões de euros, o que corresponde a 0,09 cêntimos por ação.

Na apresentação dos resultados, o chairman do BCP, Nuno Amado, adiantou que o objetivo passa por “reabrir logo que possível uma política de dividendos intensiva”.

Boa notícia do BCE “reforça” rácios

O banco recebeu na semana passada uma boa notícia da autoridade bancária europeia: pode excluir do cálculo dos ativos ponderados para risco de mercado determinadas posições cambiais estruturais para imunização dos rácios regulamentares face a variações das taxas de câmbio.

Esta decisão favorável tem um impacto positivo nos rácios do banco: o rácio CET1 fully implemented dá um salto de 50 pontos base (sobe para 13%) e o rácio de capital total aumenta 70 pontos base (para 17,5%) com esta alteração, segundo estima o BCP.

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