Consumidores mais confiantes para grandes compras em março, mas mais pessimistas com a economia e as finanças

A confiança dos consumidores melhorou "ligeiramente" em março, com contributo das perspetivas quanto a "compras importantes". Mas há mais pessimismo quanto à economia e às finanças familiares.

A confiança dos consumidores portugueses melhorou “ligeiramente” em março, pelo quarto mês consecutivo, e beneficiando das perspetivas sobre “as compras importantes por parte das famílias”, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O indicador de confiança dos Consumidores aumentou entre dezembro e março, de forma ligeira no último mês, interrompendo o perfil negativo dos três meses anteriores, que culminou, em novembro, no valor mais baixo desde abril de 2020 no início da pandemia”, adianta o gabinete de estatísticas. Em março, a confiança dos consumidores fixa-se nos -32,3, o que compara com os -32,5 registados em fevereiro. A título de exemplo, em novembro de 2022 estava nos -38,7 e em abril de 2020 nos -41,6.

Evolução do indicador de confiança dos consumidores:

Fonte: INEFonte: INE

Esta melhoria é explicada, sobretudo, pelo “contributo positivo das perspetivas de evolução futura da realização de compras importantes por parte das famílias”. Mas, pelo contrário, os portugueses estão mais pessimistas com a “futura situação económica do país” e com a” situação financeira do agregado familiar” atual e passada.

Em ambos os casos, os indicadores que inverteram a tendência do último mês e caíram em março. As perspetivas sobre a “situação económica do país nos próximos 12 meses” é de -45,1 (contra -41,8 em fevereiro). Já as perspetivas sobre a “situação financeira do agregado familiar nos últimos 12 meses” é de -31,5 (contra -30,6 em fevereiro), enquanto as “perspetivas sobre a situação financeira do agregado familiar nos próximos 12 meses” é de -19,2 (contra -19,1 em fevereiro).

À semelhança da confiança dos consumidores, o clima económico também aumentou “de forma ligeira” este mês, “invertendo o movimento descendente iniciado há um ano atrás”, ressalva o INE. Em março, este indicador situou-se em 2,3 (contra 2,2 em fevereiro).

Entre os vários setores analisados, o INE destaca que a indústria transformadora e o setor da construção e obras públicas “aumentaram relativamente a fevereiro”, tendo “diminuído no comércio e, de forma expressiva nos serviços”.

No que toca à indústria transformadora, o nível de confiança está a aumentar desde dezembro, tendo-se fixado nos -1,3 em março (contra -2,6 no mês anterior), à boleia das “perspetivas de produção”. Ainda assim, as “apreciações relativas aos stocks de produtos acabados e as opiniões sobre a evolução da procura global” continuam a pesar.

Ao mesmo tempo, o setor da construção e obras públicas aumentou em março para -3,6 (o mesmo valor registado em janeiro), após ter após ter recuado em fevereiro para -4,6. “Esta evolução refletiu o contributo positivo das duas componentes, apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego, de forma ligeira no último caso”, sublinha o INE.

Já o indicador de confiança do comércio recuou em março para -1,9, interrompendo um ciclo de quatro meses consecutivos a avançar. Esta situação deveu-se ao “contributo negativo de todas as componentes, opiniões sobre o volume de vendas, perspetivas de atividade da empresa e apreciações sobre o volume de stocks”, justifica ainda o gabinete de estatísticas.

Sentimento económico e expectativas de emprego recuam na Zona Euro

Em março, o indicador do sentimento económico caiu 0,3 pontos tanto na União Europeia (para 97,4 pontos) como na Zona Euro (para 99,3 pontos), de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela Comissão Europeia.

De acordo com o boletim divulgado, as quedas registadas no sentimento económica refletem a descida da confiança no setor da indústria, do comércio e da construção. Já o sentimento económico do setor dos serviços “permaneceu praticamente inalterado”. Entre os países europeus as maiores subidas foram registadas em Itália (+2), Holanda (+0,9) e França (+0,7).

Também o indicador de expectativas de emprego recuou ligeiramente em março: 0,1 pontos para 107,6 na UE e 0,3 pontos para 109 na Zona Euro. Esta situação resultou da “deterioração das perspetivas de emprego” dos empresários para o setor do comércio a retalho “e, em menor escala, na construção”, tendo sido compensados “​​por melhorias das perspetivas de emprego nos serviços e na indústria”. Já as expectativas de desemprego dos consumidores, que não estão incluídas no indicador principal, também melhoraram.

Quanto às expectativas dos preços, estas recuaram ” ainda mais na indústria, construção e, em menor escala, nos serviços e comércio a retalho”. Apesar da perceção dos consumidores relativamente à evolução dos consumidores “tenha permanecido estável” e um “pouco abaixo do máximo histórico de dezembro de 2022”, as perspetivas para os “próximos 12 meses aumentaram marginalmente”, sublinha ainda o Eurostat.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h26)

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