TAP renegociou contrato de Neeleman com a Airbus para adiar entrega de aviões

A companhia acordou com o fabricante europeu o adiamento da entrega de nove aviões que faziam parte do acordo celebrado entre a Airbus e David Neeleman em 2015. Última aeronave só chegará em 2028.

Quando em 2015 o empresário David Neeleman fechou o polémico negócio para a compra de 53 aviões Airbus para a TAP ficou definido um calendário de entrega das aeronaves até 2025. A companhia aérea concordou com o fabricante um novo adiamento das datas, estendendo o contrato até 2028.

No relatório e contas de 2022, a TAP informa que a entrega de duas aeronaves da família A330NEO foram “recentemente alvo de renegociação” para diferir a data para o último trimestre de 2025 e o segundo trimestre de 2026. A entrega dos dois aviões tinha já sido replaneada antes, de 2022 para 2024, devido ao impacto da pandemia da Covid-19 no setor da aviação comercial.

A companhia aérea negociou ainda, em 2022, a recalendarização de outros sete aviões da família A320NEO, resultando numa extensão do período original de entregas. Destas sete, duas “estão atualmente previstas serem entregues no primeiro e no segundo trimestres de 2028”, refere a TAP. Em 2020, um grupo de 13, inicialmente previstas para entrega em 2021 e 2022 tinham já sido adiadas para 2025 a 2027.

A transportadora explica no relatório e contas que a alteração das datas de entrega das aeronaves para 2028 foi “formalizada através de um acordo entre a TAP S.A. e a Airbus”, com uma adenda ao contrato. A companhia aérea portuguesa negociou ainda a alteração de um dos modelos de A321LR (que tem maior autonomia) para A320N.

O contrato para a compra de 53 aviões foi assinado pela DGN Corporation, de David Neeleman, com a Airbus a 12 de novembro. O mesmo dia em que o Conselho de Ministros deu a aprovação final à venda de 61% da TAP à Atlantic Gateway, detida por Neeleman e Humberto Pedrosa. No dia seguinte, o conselho de administração aprova a entrada na TAP no contrato com a Airbus, substituindo a DGN.

No âmbito do negócio, a Atlantic Gateway recebeu 226,75 milhões de dólares, que usou para capitalizar a companhia aérea através de prestações acessórias, ficando esta presa ao contrato de leasing das 53 aeronaves. Segundo uma análise pedida pela TAP em agosto de 2022 à Airborne Capital e noticiada pelo ECO, a TAP estará a pagar cerca de 254 milhões de dólares acima do valor de mercado no leasing dos novos aviões.

Gonçalo Pires, administrador financeiro da companhia, reconheceu na comissão parlamentar de inquérito à TAP que o custo que a empresa suporta com o leasing dos aviões “não compara bem com outras companhias aéreas”, resultando numa “desvantagem competitiva”.

O gestor referiu que a TAP estava tentar renegociar os custos com a Airbus e os financiadores, mas que “não é fácil negociar” com o construtor europeu e é “quase impossível alterar um contrato de financiamento”.

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