Calçado entra em 86 escolas para atrair jovens para as fábricas

Campanha da indústria do calçado para “atrair uma nova geração de talento” vai começar em escolas primárias de Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira.

Está prestes a arrancar a mega campanha da indústria portuguesa do calçado para chamar jovens às fábricas, que o ECO noticiou em primeira mão em fevereiro, numa altura em que há pouca mão-de-obra disponível e metade das empresas do setor assume estar a precisar de contratar, segundo o mais recente boletim trimestral de conjuntura elaborado pela associação do setor (APICCAPS), em parceria com a Universidade Católica.

A primeira fase deste programa a três anos, denominado “Roteiro do Conhecimento” e em que pretende “divulgar o potencial da indústria do calçado”, “valorizar o território e atividades locais” e “potenciar a indústria local”, vai começar pelos alunos do 1.º ciclo, num total de 86 escolas dos concelhos de Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira. A partir de setembro, vai chegar aos estudantes do 2.º e 3.º ciclos.

“Continua a existir na sociedade um conjunto de estereótipos relacionados com os setores industriais que importa desmistificar. Ainda que não seja um problema exclusivamente português, há um trabalho de proximidade a desenvolver. (…) As autarquias das zonas de forte concentração da indústria de calçado serão autênticas parceiras deste Roteiro do Conhecimento e desempenharão um papel de grande relevância no desenvolvimento da programação pedagógica”, frisa um comunicado da APICCAPS.

A fileira do calçado emprega atualmente 40.730 trabalhadores, contabilizando ter criado 3.259 postos de trabalho no ano passado, o que significa um crescimento de 8,7%. Os patrões do calçado sublinham que “à medida que o setor evolui para novos patamares de exigência, aumenta igualmente a necessidade de contratação de colaboradores cada vez mais qualificados”.

Evolução do número de empresas e do emprego no calçado

Além do desenvolvimento de iniciativas em ambiente escolar e junto dos centros de formação, a associação liderada por Luís Onofre vai promover ações de rua e uma campanha em “ambientes digitais mais próximos dos alunos”, como na rede social TikTok. Em paralelo, e em “colaboração mais estreita com os stakeholders” pretender aprofundar com o Centro Tecnológico do Calçado o desenvolvimento de “novas soluções tecnológicas mais amigáveis e capazes de atrair as gerações do futuro”.

A APICCAPS já ensaiou outras iniciativas do género no passado, mas “estas agora serão mais ambiciosas e prolongadas no tempo”, como tinha referido ao ECO o diretor de comunicação, Paulo Gonçalves. E vão alargar o âmbito às famílias. “Vamos procurar atuar a dois níveis: falar ao coração dos mais jovens e também para as suas próprias famílias. Porque a informação que temos é que muitas das reservas que existem até nem são dos próprios jovens, mas dos pais, que em algum momento das suas vidas se cansaram de trabalhar na indústria e redefiniram prioridades para a vida das suas famílias”, contextualizou o porta-voz.

Evolução da produção e das exportações do calçado

Em 2022, esta indústria viu o preço médio de venda dos sapatos para os mercados internacionais subir 8,7%, para 26,40 euros por par, contribuindo para o novo máximo histórico registado pelo cluster do calçado e artigos de pele. Com vendas totais de 2.347 milhões de euros no exterior – dos quais 2.009 milhões de euros em calçado, num total de 76 milhões de pares, uma quantidade 10,5% superior à do ano anterior –, no último exercício, o setor progrediu 22,2% em termos de valor exportado.

Este “Roteiro do Conhecimento” enquadra-se no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, com o qual a indústria portuguesa do calçado quer ser “referência internacional” e reforçar as exportações, “aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”.

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