Caixa avança com recompra de dívida que custa 30 milhões por ano

BCE já autorizou banco público a avançar com reembolso antecipado dos títulos de dívida Tier 2 emitidos no âmbito da recapitalização. Operação permite poupar quase 30 milhões em juros por ano.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai avançar para o reembolso antecipado da emissão de dívida Tier 2 (T2), no montante de 500 milhões de euros, realizada há cinco anos. Por esta dívida, o banco público paga uma taxa de juro de 5,757%, pelo que irá poupar quase 30 milhões em juros por ano com a operação que já teve a aprovação prévia do Banco Central Europeu (BCE).

Com esta recompra antecipada, que terá efeitos a 28 de junho, a Caixa devolve os mil milhões de euros que pediu junto dos investidores privados no âmbito da recapitalização de cinco mil milhões realizada há seis anos, como sublinha no comunicado enviado ao mercado esta segunda-feira. Neste processo, o Estado meteu outros 3,9 mil milhões, incluindo 2,5 mil milhões em dinheiro fresco, que também já foram devolvidos parcialmente.

Este reembolso segue-se a uma operação semelhante realizada no ano passado, em que a instituição liderada por Paulo Macedo antecipou 500 milhões de euros aos investidores que subscreveram os títulos perpétuos Additional Tier 1 (AT1).

Tanto a emissão de fundos próprios T2 e AT1 — obrigações que equiparam a capital — foram condição essencial para a Comissão Europeia aprovar o processo de recapitalização do banco público.

A CGD frisa que a autorização para este reembolso antecipado “evidencia a robusta solvência” do banco que, em março, apresentava rácios de CET 1 de 19,5% e de capital total de 20,9%.

“Sem consideração da emissão Tier 2, o rácio de CET 1 permanece inalterado em 19,5% e o rácio de capital total fixa-se em 19,8%”, acrescenta no comunicado.

Devolvidos 2,3 mil milhões

Uma das prioridades de Paulo Macedo passa exatamente por pagar a ajuda que a Caixa teve há seis anos, aproveitando a posição de capital de que o banco beneficia e que deverá atingir os 10 mil milhões este ano.

Enquanto os investidores privados estão prestes a receber todo o cheque de volta, os contribuintes já viram a Caixa pagar mais de 1.300 milhões em dividendos ao acionista Estado – sem incluir o dividendo em espécie corresponde à entrega do edifício-sede, avaliado em mais de 300 milhões.

“Até 2024 – e a pagar em 2025, o banco tem condições para pagar tudo ao Estado”, cerca de 2.500 milhões de euros, disse recentemente o gestor. “É o nosso grande objetivo”.

A Caixa praticamente duplicou os lucros nos três primeiros meses do ano, atingindo um resultado de 285 milhões de euros.

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