Do bot que transforma ódio em amor ao hub dedicado à cultura ballroom. Empresas celebram comunidade LGBTQIA+

Esta quinta-feira assinala-se o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Saiba o que as empresas andam a fazer para assinalar o dia.

Um bot que transforma ódio em amor. Um hub dedicado à cultura ballroom. Um cartão com a funcionalidade ‘True Name’. Estas são algumas das iniciativas levadas a cabo pelas empresas com o objetivo de promover o apoio à comunidade LGBTQIA+ (sigla utilizada para se referir à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queers, intersexos e assexuais). Embora alguns números mostrem uma trajetória positiva, ainda há um longo caminho a percorrer no que toca à inclusão da comunidade. Esta quinta-feira assinala-se o Dia Internacional do Orgulho LGBT.

 

Há mais portugueses a assumir a sua orientação sexual ou identidade de género no local de trabalho, cerca de 44% sente-se confortável ou seguro em o fazer, mas 6% diz sentir-se ainda discriminado por esse motivo no momento de recrutamento — no caso da pessoa trans valor sobe para metade — e 14% dos profissionais diz mesmo já ter assistido a situações de discriminação para com colegas LGBTQIA+, aponta o estudo “Diversity at Work”, do Manpowergroup. O discurso de ódio nas redes sociais também aumentou nos últimos quatro anos aponta um outro estudo levado a cabo pela LLYC.

Rainbot, o bot que transforma ódio em amor

Para ajudar a reduzir o discurso de ódio e sensibilizar para o facto de ser perigoso amplificar as mensagens deste cariz, a LLYC decidiu lançar o Rainbot. Um bot que transforma tweets odiosos de LGBTQI+ em pequenos poemas de amor e apoio que celebram a diversidade.

“A origem da campanha está na observação de como, à medida que o discurso de ódio cresce, na tentativa de contrariar esses comentários, muitas vezes também contribuímos para os amplificar. O Rainbot procura chamar a atenção para o problema do crescimento do discurso de ódio, mas também contribuir diretamente para o reduzir nas redes e transformá-lo, através da utilização criativa das mais recentes tecnologias, em amor, celebração e apoio”, explica David Gonzalez Natal, partner da LLYC e líder da campanha.

Hub dedicado à cultura ballroom

Já a gigante tecnológica Google está empenhada em promover o conhecimento sobre a cultura de ballroom. Para isso, a Google Arts & Culture lançou “a maior coleção de material de arquivo sobre a cultura de ballroom num único local: o “Ballroom in Focus”.

Ao todo, são mais de 1.000 imagens e 25 exposições digitais que contam a história desta manifestação cultural que celebra a comunidade LGBTQIA+, anuncia a empresa.

Ao trabalhar com membros da comunidade e com os seus próprios arquivos fotográficos, a Google Arts & Culture estabeleceu uma parceria com a Destination Tomorrow e com Ceasar Williams, especialista na cultura ballroom, para digitalizar mais de mil imagens registadas desde a década de 70 até aos dias de hoje.

“A preservação destas imagens e arquivos é essencial para homenagear os pioneiros que fizeram do ballroom a potência cultural que é hoje. Ouvir Junior LaBeija a partilhar as suas memórias, ou explorar a coleção pessoal de fotografias de Luna Luis Ortiz, é um poderoso lembrete de que a Vogue de Madonna ou Renaissance de Beyoncé não aconteceram por acaso. Ambos são provenientes do ballroom, destaca a tecnológica.

Saiba mais aqui.

Iniciativa open source para recriar campanha ‘Pride’

Na vizinha Microsoft — que celebra este ano o 30.º aniversário do grupo de colaboradores global LGBTQIA+ Employees and Allies at Microsoft (GLEAM), a força motriz para a inclusão LGBTQIA+ e Pride na gigante tecnológica em todo o mundo — também estão previstas diversas ações neste âmbito, com destaque para a iniciativa de open source, que convida os membros desta comunidade a recriarem a campanha ‘Pride’ em termos de design.

A Microsoft disponibiliza, de forma completamente livre, todos os recursos gráficos da campanha Pride através do GiftHub e um conjunto de templates no ClipChamp. Criada pelas pessoas LGBTQIA+ da empresa, esta expressão do Pride celebra a nuance, a intersecionalidade e a força destas comunidades, reunindo quase 50 bandeiras comunitárias em imagens imersivas e evocativas.

“Utilizei a minha experiência para fazer uma transformação positiva: a criação de um novo processo de seguro, a partir de agora, para os funcionários trans da Microsoft, para que dificuldades como as que eu passei não aconteçam no futuro. Neste sentido, sei que o facto de ser funcionário da Microsoft me ajudou a ter um impacto a esta escala, e estou muito grato por isso. Agora, esta luta é para que todos tenham o mesmo acesso aos cuidados de saúde”, conta Salvador, colaborador da Microsoft e membro do GLEAM.

A história do Salvador, da Microsoft Portugal, começa quando lhe foi negado o reembolso de uma fatura pelo seu seguro de saúde por acharem que a consulta teria sido marcada para uma mulher. “Qualquer pessoa deve poder ir ao médico se precisar de o fazer. Todos nós deveríamos poder cuidar da nossa saúde. Mas, globalmente, o acesso aos cuidados de saúde não é igual em muitos aspetos, e uma das disparidades cruza-se com o facto de se ser trans“, comenta a companhia.

Fique a conhecer esta e outras histórias da comunidade LGBTQIA+ da Microsoft aqui.

O seu ‘true name’ no cartão

Num setor distinto, a Nickel implementou no início do mês a funcionalidade ‘True Name’, criada pela Mastercard, que permite a quem é cliente personalizar o seu cartão de débito com o nome próprio com que realmente se identifica, sem requerer a mudança legal do mesmo. Esta personalização pretende contribuir para que as pessoas trans e não-binárias possam ver as suas verdadeiras identidades reconhecidas no cartão de débito que usam com frequência no seu dia a dia.

“Desde o início da sua história que a Nickel se diferencia por ser uma conta de pagamento acessível a todos. Essencialmente por promover o acesso democratizado a operações financeiras essenciais através do seu serviço simples e universal, que permite a abertura de uma conta de pagamento, sem complicações, numa loja de comércio local. Agora, com a funcionalidade ‘True Name’, vamos ainda mais longe na luta pela inclusão social das pessoas trans e não-binárias”, explica João Guerra, CEO da Nickel em Portugal.

Após a abertura de conta, todos os clientes podem subscrever a opção personalizável ‘My Nickel’, escolhendo a cor do cartão e gravando o nome próprio com que se identificam.

Histórias e rostos dos colaboradores

Na Ikea, os colaboradores foram os protagonistas da campanha “Juntos contra a discriminação LGBT+”. Estereótipos, microagressões, exclusão, mas também superação, aceitação e otimismo, dentro e fora do ambiente de trabalho, foram situações que a marca quer pôr em destaque, na campanha que contou com o testemunho de 11 colaboradores (dez membros da comunidade LGBT+ e uma aliada).

“Têm existido avanços importantes no que aos direitos da comunidade LGBT+ diz respeito. Mas o caminho ainda é longo. Continuamos a ver demasiadas pessoas excluídas e marginalizadas por serem parte de uma minoria, seja ela qual for, e acreditamos que é nossa responsabilidade ter um papel na mudança deste paradigma”, disse, na altura no lançamento, Cláudia Domingues, diretora de comunicação da Ikea Portugal.

“Na Ikea, vamos continuar a ser uma voz ativa e um aliado na defesa dos direitos da comunidade LGBT+, e queremos que este trabalho se reflita interna e externamente. Ler estes testemunhos de colegas nossos, e perceber as barreiras que tiveram e têm de derrubar todos os dias, são uma inspiração para nós. Esperemos que com esta campanha se tornem uma inspiração para muitos mais”, completou a responsável.

Para além de presente nos espaços da marca, a campanha tem paid media, ativação com influenciadores, redes sociais e restantes plataformas da marca.

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