Adene avalia níveis de circularidade das empresas. 35 já fizeram o teste

Já 35 empresas integraram o teste piloto para avaliar os níveis de circularidade nas suas empresas. Ao Capital Verde, ADENE indica que a expectativa é que esse valor duplique até ao final do ano.

Vai ser possível as organizações medirem os seus níveis de circularidade e gestão de recursos através de uma nova ferramenta desenvolvida pela Agência Nacional de Energia (ADENE). O eCIRCULAR visa promover e incentivar as boas práticas em economia circular e a gestão eficiente de recursos dentro do seio empresarial, numa altura em que os esforços a nível nacional têm ficado aquém dos objetivos estipulados pela Comissão Europeia. Em 2021, Portugal ocupou a quarta pior posição na União Europeia depois de apresentar uma taxa de circularidade de materiais de 2,3%.

As avaliações serão conduzidas por 24 auditores independentes, formados pela ADENE, que irão realizar as avaliações e verificar o estado das organizações, atribuindo pontuações com base nos critérios estabelecidos pelo modelo e no conjunto de informações “exigentes” que são solicitadas às empresas. As pontuações são ponderadas e transformadas numa classe de desempenho, variando de F (pior desempenho) a A+ (melhor desempenho). No final, são identificadas medidas para melhorar as práticas das organizações.

Para o teste piloto, explica a ADENE ao Capital Verde, o eCIRCULAR avaliou o desempenho de 35 organizações, sendo que dessas cerca de 10 já avançaram — “e outras estão a avançar” — para a emissão do respetivo certificado. Entre as empresas certificadas, surgem os CTT, Auchan, Libertas, Delta e Lipor.

Quanto à avaliação que cada empresa recebeu, a ADENE indica que esses dados não serão divulgados. “Essa é sempre uma prerrogativa da organização classificada”, adianta ao Capital Verde. No entanto, a entidade informa que “à medida que o sistema for ganhando escala” que a própria ADENE avançará com a divulgação de dados agregados, “usando o eCIRCULAR como instrumento de monitorização do progresso da evolução das organizações no alinhamento com os princípios da economia circular”.

A perspetiva da entidade liderada por Nelson Lage é de que, até ao final do ano, pelo menos, mais 30 organizações avancem com processos de avaliação do seu desempenho em economia circular, com emissão da respetiva classificação e elaboração do respetivo plano de ação e melhoria.

Nos anos seguintes pretendemos crescer de forma mais acentuada ampliando o número de classificações”, explica fonte oficial ao Capital Verde, dando conta de que nessa altura serão necessários fazer investimentos tanto a nível de recursos humanos e tecnológicos que permitam “o desenvolvimento da plataforma informática de suporte à emissão das classificações ou em ações de divulgação para mobilização das organizações e técnicos”.

eCIRCULAR pode acelerar metas comunitárias

No mais recente relatório do Tribunal de Contas Europeu foi feito um balanço do que a União Europeia está a fazer em matéria de economia circular. Os auditores fizeram um balanço negativo dos progressos no bloco entre 2015 e 2021, face aos dois planos de ação e às 89 ações específicas que foram adotadas pela União Europeia.

No documento, o TCE conclui que não só a transição para uma economia circular está a avançar de forma “lenta”, como a ambição da UE de duplicar a sua percentagem de materiais reciclados e reintroduzidos na economia até 2030 será “muito difícil de alcançar“.

Nesse âmbito, Portugal publicou o seu Plano de Ação para a Economia Circular em Portugal, estratégia cuja ADENE considera ter sido “um importante estímulo à prevenção, redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia“, estando atualmente em revisão. Segundo a entidade, a revisão permitirá dar nota dos progressos a nível nacional e perceber “como se pode ir mais longe”. Nesse sentido, a ADENE coloca o eCIRCULAR como um potencial contribuidor “para a concretização deste plano”.

Aém disso, aponta que a ferramenta tem “potencial para ser adotada como métrica de valorização de candidaturas a sistemas de incentivo público”, “o que pode contribuir para ampliar a sua adoção pelas organizações”.

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