5 gráficos que mostram que o pico dos juros pode estar a passar

A inflação dá sinais de alívio e o BCE pode pausar em setembro. As Euribor começam a dar tréguas. Este cinco gráficos podem ser a melhor notícia dos últimos tempos para quem tem crédito à habitação.

Inflação, juros, Euribor, prestação do banco… Nos últimos meses, quem tem crédito à habitação muito provavelmente terá olhado para as notícias sem grandes razões para sorrir. A escalada dos preços levou o banco central a agir e a aumentar as taxas de juro diretoras. Em reação, as Euribor dispararam, provocando um forte agravamento da prestação da casa. Mas já se começa a ver a luz ao fundo do túnel neste aperto.

Inflação a cair mas subjacente resiste

O BCE não declara vitória no combate à escalada dos preços, mas os dados dão conta de que as pressões inflacionistas estão a aliviar há vários meses.

Desde que atingiu o pico nos 10,66% em outubro do ano passado, a taxa de inflação na Zona Euro tem vindo a cair mês após mês, tendo baixado para 5,3% em julho, o valor mais baixo desde janeiro de 2022, o que dá margem para o banco central ser mais cauteloso na próxima decisão sobre o rumo das taxas de juro.

O problema será mesmo a inflação subjacente, que exclui a energia, os bens alimentares e álcool & tabaco: aumentou 0,2 pontos percentuais para 5,5% no mês passado. Há meses que resiste acima dos 5%, teimando em não baixar dessa fasquia.

Os responsáveis da autoridade monetária terão mais dados sobre o ponto de situação da sua luta contra o disparo dos preços esta semana, quando o Eurostat divulgar na quinta-feira a estimativa rápida para a inflação na Zona Euro em agosto.

Inflação core persiste acima de 5%

Fonte: Eurostat

BCE pode pausar em setembro

A inflação dá sinais de alívio, como o BCE pretende. Mas há outro fator que está a pressionar as autoridades em Frankfurt: a deterioração das condições económicas na Zona Euro, nomeadamente na Alemanha.

A próxima reunião do conselho de governadores do banco central realiza-se no dia 14 de setembro. Além dos indicadores económicos que serão divulgados até lá, incluindo a inflação, os técnicos do BCE irão atualizar novas projeções sobre os preços e a economia nos próximos anos.

Os analistas dividem-se quanto àquilo que poderá ser a decisão do BCE em relação às taxas diretoras, que são a referência para as taxas que o mercado depois pratica. Depois de ter subido os juros em mais de 400 pontos base em ano e meio, há quem aponte para uma pausa no próximo mês.

Euribor a seis meses atingiu o pico no verão

A taxa mais usada no crédito da casa em Portugal já atingiu o pico, pelo menos de acordo com o que espera o mercado, como aqui já demos conta.

A Euribor a seis meses, que é usada em cerca de 40% dos contratos da casa com taxa variável, atingiu o valor mais elevado desde ciclo no dia 21 de julho, nos 3,972%, e não se espera que venha a superar essa fasquia, de acordo com as projeções divulgadas pela Chatham Financial para os forward rate agreements, os contratos financeiros negociados em mercado secundário que permitem a fixação de uma taxa de juro no futuro e que são utilizados pelos profissionais para antecipar as oscilações das taxas de juro no longo prazo.

Este indexante deverá, ainda assim, manter-se perto dos 4% nos próximos meses, ou seja, nos níveis mais altos em cerca de 15 anos, devendo começar a descer a partir de fevereiro do próximo ano. Em agosto de 2025 cairá para 3%.

Euribor a 12 meses espreita queda

Se a Euribor a seis meses está prestes a atingir ponto de viragem, no prazo a 12 meses já vai começar a descer este mês.

A média mensal da Euribor a 12 meses – o indexante mais popular nos contratos da casa nos celebrados nos últimos anos – prepara-se para baixar em agosto em relação à média observada de julho: 4,072% em agosto (de acordo com os dados até ao dia 29) contra 4,148% em julho.

Se isso vier realmente a acontecer, será a primeira queda desde dezembro de 2021, interrompendo uma impressionante subida que atirou a Euribor de território negativa para cima da fasquia dos 4% num curto período.

Subida dos juros da casa começa a aliviar

Refletindo o disparo das Euribor, a taxa de juro implícita nos contratos de crédito à habitação também está a acelerar no último ano. A taxa média para o conjunto de contratos para a aquisição de habitação atingiu os 3,858% em julho, a mais elevada desde abril de 2009.

Apesar de galopante, a subida dos juros tem vindo a aliviar nos últimos meses. Em julho, o aumento foi de 0,23 pontos percentuais em relação ao mês anterior, um ritmo inferior ao que vinha acontecendo até então. Para quem está a pagar o empréstimo da casa ao banco e viu a prestação disparar, esta evolução não significará grande coisa. Mas é mais um sinal de que pico dos juros está mais perto de ser superado.

 

 

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