Importações europeias de energia voltam a cair e Rússia já só vale 4%

As compras caíram 39,4% em valor e 11,3% em quantidade no segundo trimestre. em termos homólogos. Quota russa relativamente a óleos petrolíferos recuou significativamente devido às sanções europeias.

Depois de um forte aumento das importações de energia na União Europeia (UE), entre 2021 e 2022, o cenário agora é diferente com as compras a caírem pelo segundo trimestre consecutivo em termos homólogos: recuaram 39,4% em valor e 11,3% em quantidade (peso expresso em toneladas). E a Rússia já só vale 4% das compras totais de óleos petrolíferos, assinala esta segunda-feira o Eurostat.

As quebras nas compras de energia fora do espaço europeu acompanham as descidas de 26,5% em valor e de 6,1% e em massa registadas no primeiro trimestre deste ano, indica o gabinete de estatísticas da União Europeia (UE).

O fornecimento russo de óleos petrolíferos e gás natural à UE tem diminuído continuamente ao longo do tempo desde o segundo trimestre de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e a Europa começou a aplicar sanções às importações de produtos energéticos do país liderado por Vladimir Putin.

As importações de óleos petrolíferos da Rússia caíram de uma média mensal de 8,7 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2022 para 1,6 milhões no segundo trimestre deste ano, o que traduz uma quebra de 82%. A quota da Rússia nas importações totais de óleos petrolíferos da UE cai brutalmente de 21,6% no segundo trimestre de 2022 para 4% entre abril e junho deste ano, destaca o Eurostat.

Em contrapartida, as importações dos parceiros extra-UE, exceto a Rússia, aumentaram 5,8 milhões de toneladas, de 31,5 milhões para 37,3 milhões de toneladas.

As importações de gás natural da UE caíram significativamente (-17% em termos de massa líquida) no segundo trimestre de 2023, em comparação com o período homólogo do ano passado. Esta redução que poderá ter sido desencadeada pelo plano de redução da UE, no qual os países da UE se comprometeram a cortar no consumo de gás, indica o Eurostat.

Em linha com a quebra nas compras de óleos petrolíferos à Rússia, também as importações de gás natural oriundas daquela país caíram de uma média mensal de 5,1 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2022 para 2,5 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2023.

Guerra e sanções: Rússia cai do 1º para o 12.º lugar no ranking de fornecedores

A guerra da Rússia contra a Ucrânia levou a UE a implementar vários pacotes de sanções, que afetaram direta e indiretamente o comércio de petróleo e gás natural. O impacto é agora visível numa diversificação crescente dos fornecedores de energia.

No que diz respeito ao petróleo, a proibição da UE às importações marítimas de petróleo bruto russo entrou em vigor a 5 de dezembro de 2022, a que se seguiu o embargo aos produtos petrolíferos refinados desde 5 de fevereiro de 2023.

Como consequência, a Rússia deixou de ser o principal fornecedor de óleos petrolíferos, com uma quota de 15,9% do total das importações da UE, no segundo trimestre de 2022, para cair para o 12.º lugar do ranking de fornecedores, no segundo trimestre deste ano, com uma quota de 2,7%, o que corresponde a uma queda de 13,2 pontos percentuais.

Em contrapartida, e em relação à importação de óleos petrolíferos, a quota da Noruega subiu 3,5 pontos percentuais (p.p.) parfa 13,7%, o peso das compras ao Cazaquistão aumentaram 3,2 p.p. para 10,2%), os Estados Unidos avançaram 2,1 p.p. para 13,6%) e a Arábia Saudita subiu 2,3 p.p. para 9%. E a Líbia tornou-se um parceiro importante, respondendo por 8,1% das importações de petróleo da UE.

A situação foi semelhante para o gás natural em estado gasoso, com a quota da Rússia a cair 14,5 p.p. para 13,8% do total das importações da UE, enquanto as quotas da Argélia (+9,3 pp) e da Noruega (+6,2 pp) aumentaram significativamente. No segundo trimestre de 2023, a Noruega foi o principal fornecedor da UE, com uma quota de 44,3% do total das importações da UE, seguida pelo Reino Unido (17,8%) e pela Argélia (16,5%).

No que diz respeito ao gás natural liquefeito, os Estados Unidos continuam a ser, de longe, o principal fornecedor da UE no segundo trimestre de 2023, com uma quota de 46,4% nas importações totais da UE, seguidos pela Rússia (12,4%), Catar (10,9%), Argélia (9,9%) e Nigéria (5,1%).

Entre estes fornecedores, apenas a Argélia e a Nigéria viram a sua quota aumentar (+5,2 p.p. e +1,0 p.p. respetivamente) face ao segundo trimestre de 2022. Em contrapartida, as quotas dos Estados Unidos, Rússia e Qatar caíram -2,8 p.p., -2,7 p.p. e -1,1 p.p., respetivamente. Noruega e Omã tornaram-se importantes fornecedores, com quotas de 3,3% e 2,9%, respetivamente.

(Notícia atualizada às 11h33)

 

 

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