A inflação e o aumento das taxas marcarão uma desaceleração da economia mundial, segundo especialistas do Real Instituto Elcano

  • Servimedia
  • 16 Outubro 2023

A economia mundial sofrerá uma leve desaceleração nos próximos meses, que será marcada pela continuidade do aumento dos preços, bem como a manutenção das taxas de juros atuais.

Conforme apontado por vários especialistas do Real Instituto Elcano, que também apontam para diversos fatores que diminuirão o ritmo de crescimento da economia global, como a desaceleração da economia chinesa ou alguns riscos geopolíticos, como as possíveis tensões entre os EUA e a China decorrentes das próximas eleições em Taiwan no início de 2024.

Na Europa, haverá um “crescimento muito baixo” pelo resto do ano, destaca Enrique Feás, pesquisador principal do Real Instituto Elcano, que afirma que o arrefecimento da economia do velho continente será determinado, entre outros fatores, pela evolução da guerra na Ucrânia, que poderá resultar numa crise alimentar.

Por sua vez, Federico Steinberg, também pesquisador principal da mesma instituição, adverte que a Europa agora “enfrenta uma maior dependência de energia externa e a desconexão com a Rússia”, por isso é necessário “manter o bom ritmo de economia de energia e substituição por fontes alternativas”.

Nesse cenário, Steinberg aponta que taxas de juros de 4% ou 5% representam uma desaceleração para a economia, resultando em aumento do custo das hipotecas e contração do consumo. No entanto, ele destaca que a economia está resistindo e que a banca europeia é mais “sólida” e está bastante mais “saneada” do que a dos EUA, descartando riscos de elementos financeiros, como a crise de 2008. “Durante a pandemia, a banca tem sido uma fonte de crédito e estabilidade”, afirma.

Nesse sentido, a cobertura de liquidez nos balanços dos bancos tem desempenhado um papel muito relevante em garantir sua solidez. Entre os grandes bancos europeus, o CaixaBank liderou no primeiro trimestre os níveis de liquidez (LCR), com um índice de 192% (agora aumentando para 207), superando no mesmo período entidades como Société Générale (171), UniCredit (163), Crédit Agricole (162), Deutsche Bank (143), BNP Paribas (139) ou ING (132).

Ambos os economistas do Real Instituto Elcano concordam que a banca europeia e espanhola saíram fortalecidas para enfrentar possíveis turbulências em um contexto em que ocorreram tensões no sistema, como o desaparecimento do Crédit Suisse ou a quebra de vários bancos regionais nos EUA. Eles afirmam que parte desse fortalecimento se deve à melhoria da supervisão e à consolidação bancária no continente.

“Agora a banca está mais capitalizada em toda a Europa, muito mais sólida, com maior capacidade de resistência e com o apoio à política monetária do BCE, o que permitiu aumentar a estabilidade”, afirma Feás, enquanto Steinberg destaca que a banca soube aproveitar os anos de crescimento económico pós Covid para “limpar um pouco os balanços bancários quando havia problemas”.

DESACELERAÇÃO

Em relação à economia espanhola, ambos os especialistas concordam que ela teve um bom desempenho até agora este ano, impulsionada, em parte, pelo impulso das exportações e do consumo, bem como pelo aumento da arrecadação de impostos e pelo fluxo dos fundos europeus que estão impulsionando os investimentos. Além disso, a recuperação do turismo e a menor dependência energética da Rússia, juntamente com o isolamento dos preços da energia com exceção da Península Ibérica, impulsionaram o PIB.

No entanto, os dois economistas preveem que a economia espanhola se desacelerará nos próximos meses, devido aos prolongados aumentos das taxas que ocorreram e que indicam que os níveis elevados se manterão. Esse contexto resultará em uma moderação na concessão de crédito, portanto, a assinatura de hipotecas continuará em queda, já que o Euribor pode continuar a subir, concluem.

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