Mau tempo nas ilhas dá desconto aos CTT nos indicadores de qualidade deste ano

Anacom já autorizou dois pedidos da empresa para que deduza dos registos alguns dias em que se verificaram "ventos muito fortes" nos Açores e na Madeira que cancelaram voos e prejudicaram qualidade.

Os CTT CTT 0,00% voltaram a pedir à Anacom que autorize uma espécie de “desconto” nos indicadores de qualidade de serviço que a empresa tem de cumprir em 2023, justificando com os “ventos muito fortes” que ocorreram em junho na Madeira e nos Açores e que levaram ao cancelamento de voos.

O pedido, referente aos objetivos para 2023, foi aprovado pelo regulador. E, já em setembro, a Anacom tinha autorizado outro pedido dos CTT, dessa vez relativo às condições meteorológicas que ocorreram nas ilhas em três dias do mês de maio. Ambos são anteriores à proposta de novos indicadores apresentada na quinta-feira pelo regulador.

Segundo a decisão da Anacom, os CTT escreveram a 31 de agosto a solicitar “a dedução” de um conjunto de registos de envios no cálculo dos indicadores de qualidade de serviço deste ano. A entidade liderada por João Cadete de Matos analisou os argumentos da empresa e deu provimento.

De acordo com a Anacom, o pedido dos CTT foi motivado pelas “interrupções do tráfego aéreo nos aeroportos do Funchal, Ponta Delgada e Terceira, causadas por ventos muito fortes registados nos dias” 5 e 6 de junho deste ano na Madeira e 6 de junho nos Açores. Esses voos eram operados pela TAP, SATA e Cargueiro Mais Madeira.

“Segundo os CTT, como resultado dessas perturbações, a capacidade de carga para a Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores” foi impactada, escreve a Anacom, e “resultaram em atrasos no encaminhamento de envios postais” de e para a Madeira e Açores, e no fluxo interilhas, afetando “a qualidade do serviço de correio”.

Os Correios “executaram um conjunto de medidas” para mitigar o impacto dessas perturbações, mas acabou por solicitar à Anacom que esses dias sejam expurgados dos registos quando, no ano que vem, medir o desempenho da empresa nos indicadores do serviço postal universal. A empresa tem vindo a ficar muito aquém dessas metas sucessivamente nos últimos anos.

Em setembro, os CTT tinham feito um pedido semelhante à Anacom, solicitando a dedução de registos por causa dos “ventos fortes” nas regiões autónomas entre 8 e 10 de maio. O regulador ponderou e também autorizou essa pretensão da empresa.

Apesar de os CTT operarem o serviço público de correio ao abrigo de uma nova concessão, os indicadores de qualidade mantêm-se os antigos, definidos pela Anacom, e que a empresa diz serem “impossíveis de cumprir”. A penalização agora prevista são “obrigações de investimento”, ao invés de um corte obrigatório nos preços do correio, ao abrigo de uma decisão do anterior Governo. O ECO contactou os CTT acerca deste tema, mas não obteve resposta.

Na quinta-feira passada, a Anacom propôs finalmente novos indicadores de qualidade, para vigorarem a partir de 2025 e até ao final do contrato de concessão, que ainda terão de ser validados pelo Ministério das Infraestruturas. A proposta reduz de 24 para oito o número de metas que os CTT terão de cumprir. A empresa já reagiu, dizendo que a “simplificação” proposta pela Anacom não é real e que não vai ao encontro do que é praticado nos restantes países europeus, violando o previsto na concessão.

Em maio, o ECO noticiou que os resultados preliminares referentes a 2022 voltaram a apontar que os CTT falharam todos os 22 indicadores e que, em nove, ficaram aquém por mais de dez pontos percentuais. Esse resultado também já incluía um “desconto” autorizado pela Anacom na avaliação de desempenho do ano passado.

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