Crédito Agrícola mais do que duplica lucros para 224,4 milhões à boleia da subida dos juros
Margem financeira disparou 120% para 537,5 milhões de euros até setembro, o que permitiu ao banco mais do que duplicar o seu resultado para 224,4 milhões. Malparado dispara 25% desde o início do ano.
O Crédito Agrícola mais do que duplicou o seu resultado nos primeiros nove meses do ano. Lucrou 224,4 milhões de euros, um aumento de 139,3% em comparação com o mesmo período do ano passado, tendo já superado todo o lucro obtido no ano passado (144 milhões).
Tal como aconteceu com todo o setor, também o Crédito Agrícola beneficiou da subida das taxas de juro. A margem financeira — que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — disparou 120% para 537,5 milhões de euros até setembro.
O Crédito Agrícola “beneficiou de um contexto de taxas de juro positivas e da atualização mais rápida de taxas na carteira de crédito e ativos financeiros versus a remuneração de depósitos de clientes, que continuou a aumentar, tendência que se espera continuar a observar e que contribuirá para a reversão dos níveis de rentabilidade mais elevada do setor”, explica Licínio Pina, presidente do grupo, no comunicado enviado às redações.
As comissões também deram um salto de 10% para 113,9 milhões de euros, mas a margem técnica da atividade de seguros apresentou uma queda de 35,3% para 63,8 milhões.
Por conta do disparo da margem de juros, o produto bancário core da instituição aumentou 60,2% para 715 milhões de euros.
O banco — que integra 69 caixas em todo o país — diz ter conquistado quota de mercado tanto nos depósitos como nos empréstimos. Apesar do decréscimo no segmento da habitação, a carteira de crédito teve um aumento ligeiro para 12 mil milhões de euros no final de setembro face a dezembro, o que permitiu ao Crédito Agrícola reforçar a sua quota em 0,14 pontos base para 5,74%. Nos depósitos, a quota aumentou para 8,06%, apesar da quebra de 2,5% que regista este ano para 19,9 mil milhões.
Malparado aumenta 145 milhões
Nem tudo foram boas notícias. A carteira de empréstimos registou uma deterioração acentuada, com o crédito malparado a aumentar 144,6 milhões de euros para 730,5 milhões, aumentando quase 25% face a dezembro. “O acréscimo da carteira de NPL [non performing loans] é quase totalmente justificado pela carteira de crédito à habitação (+69,0 milhões de euros face a dezembro de 2022) e pelo segmento das PME (+69,7 milhões de euros), tendo cada um dos quais contribuído com cerca de 48% do acréscimo de NPL face a dezembro de 2022”, explica o grupo.
Face a isto, o rácio de NPL agravou-se 1,2 pontos base desde o início do ano para 6,3% no final de setembro.
Os NPL têm uma cobertura por imparidades de crédito de 57,7%, as quais totalizavam 421,9 milhões de euros, acrescenta o banco.
Mais de 400 pedidos para fixar prestação
No âmbito das medidas de apoios às famílias devido à escalada das taxas de juro, o Crédito Agrícola recebeu 416 pedidos de fixação da prestação da casa, sendo que 51 contratos já beneficiaram desta medida.
Por outro lado, já renegociou 2.819 contratos ao abrigo do decreto-lei do ano passado que veio agilizar as reestruturações. As renegociações correspondem “a uma exposição total de 285,3 milhões de euros”, cerca de 10% da carteira de crédito de crédito à habitação, detalha a instituição.
(Notícia atualizada às 11h17)
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