Teste português à semana de quatro dias “já é um exemplo na Europa”, realça ministra

Primeiros resultados do teste à semana de quatro dias foram conhecidos esta terça-feira e mostram que maioria das empresas estão satisfeitas com projeto. Ministra diz que piloto é "exemplo na Europa".

A ministra do Trabalho sublinhou esta terça-feira que o projeto-piloto à semana de trabalho de quatro dias promovido em Portugal “já é um exemplo na Europa“, uma vez que a Bélgica anunciou recentemente que vai replicar o modelo experimentado por cá. Os primeiros resultados do teste português foram conhecidos esta tarde, com 95% das empresas que estão a participar na experiência a indicar que estão satisfeitas.

“É um projeto vencedor, num mundo que é evidente que está numa mudança muitíssimo acelerada“, afirmou Ana Mendes Godinho, dizendo-se orgulhosa desta experiência.

Questionada pelos jornalistas, a governante ressalvou, contudo, que o facto de este ter sido um teste de adesão voluntária por parte das empresas foi um “fator de sucesso”, ou seja, entende que este não é um modelo que deva ser imposto aos empregadores nacionais.

Durante a apresentação dos primeiros resultados deste projeto-piloto, o coordenador Pedro Gomes também reconheceu que estes resultados “não justificam” para já a implementação da semana de trabalho de quatro dias por legislação.

Por outro lado, a ministra do Trabalho argumentou que “este foi um projeto que procurou que a vida das pessoas tenha sentido, o trabalho tenha sentido, as organizações tenham sentido“. “É determinante que pessoas se revejam no trabalho para que se consiga atrair e reter talento”, considerou a responsável.

Ainda assim, Ana Mendes Godinho reconheceu que “não foi fácil” às empresas fazerem as mudanças internas necessárias para que a redução da semana de trabalho fosse possível. Mas frisou que este foi um “sonho coletivo” que foi concretizado. “É um embrião extraordinário de como em conjunto podemos construir novas soluções“, assinalou a ministra.

O projeto-piloto em torno da semana de trabalho de quatro dias começou a ser preparado em 2022, tendo o teste arrancado efetivamente em junho, com a participação de 21 empresas, que se juntaram a outras 20 que já estavam a experimentar esse modelo. No total, foram abrangidos mil trabalhadores.

De acordo com o relatório divulgado esta terça-feira, 95% das empresas que estão a participar dão nota favorável a essa experiência, apesar das dificuldades. E do lado dos trabalhadores, “a frequência de sintomas negativos a nível de saúde mental diminuiu significativamente”. Aliás, hoje 85% dos trabalhadores dizem que apenas aceitariam mudar para uma empresa com um funcionamento a cinco dias mediante um aumento salarial superior a 20%.

Depois do relatório conhecido esta terça-feira, serão agora feitos novos inquéritos a trabalhadores e às empresas, de modo em que em abril seja lançado um relatório final.

No final da apresentação dos resultados deste projeto-piloto, a ministra do Trabalho foi ainda questionada sobre a corrida interna em curso no PS, que opõe Pedro Nuno Santos a José Luís Carneiro. Ana Mendes Godinho não quis revelar qual destes nomes apoia. Antes, salientou que são ambas “pessoas extraordinárias“, que têm feito trabalho, nomeadamente, em prol da valorização dos salários.

Por outro lado, quanto à polémica em torno da Santa Casa da Misericórdia, a responsável garantiu estar aberta a prestar toda a informação disponível e frisou repetidamente que há uma auditoria em curso, cujos resultados devem ser conhecidos em breve. “Está em fase de finalização”, precisou.

Para já, assegurou aos jornalistas que, aquando da aprovação da internacionalização da Santa Casa, fez questão de colocar algumas condicionantes, como a idoneidade dos parceiros e a garantia da sustentabilidade financeira dessa entidade.

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