Vitória russa seria “prego no caixão” da ordem internacional, defende Gomes Cravinho

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2024

Para o chefe da diplomacia portuguesa, a Rússia é a maior ameaça à segurança global, daí que o apoio ocidental à Ucrânia seja "essencial" para uma "clara derrota" de Moscovo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português identificou esta quarta-feira a Rússia como a maior ameaça à segurança global e advertiu que uma vitória russa seria “um prego no caixão da ordem internacional”, pedindo um “apoio infatigável” na defesa da Ucrânia.

A Rússia representa a principal ameaça à segurança global, porque pretende usar a força bruta para introduzir uma nova ordem, na qual seria precisamente a capacidade de exercer força bruta que constituiria o principal fator ordenador”, sustentou João Gomes Cravinho, na sessão de abertura do Seminário Diplomático, encontro anual com diplomatas portugueses para debater as prioridades da política externa que vai decorrer em Lisboa até quinta-feira.

Na sua intervenção, o chefe da diplomacia portuguesa elencou as principais dificuldades da cena mundial do século XXI, que, defendeu, justificam questionar se “não será hoje mais realista falar de desordem internacional”.

Sobre a invasão da Ucrânia, Gomes Cravinho alertou que “uma vitória russa em 2024 ou 2025 representaria um prego no caixão da ordem internacional, e a abertura da porta para um período de desordem antes do estabelecimento de uma nova ordem que dificilmente será benévola para os países europeus e para a aliança transatlântica“.

O ministro sublinhou a necessidade de a orientação, em Portugal, na Europa e na aliança transatlântica, ter de ser “de apoio infatigável na defesa da Ucrânia”. “A questão central, onde se joga o futuro desta guerra, tem evidentemente a ver com a clarividência dos aliados ocidentais, e muito em particular do sistema político em Washington”, referiu.

O apoio ocidental, continuou, “é essencial para a Ucrânia, e se esse apoio for aquilo que pode ser, resultará numa clara derrota para a Rússia”.

“Nestes últimos meses vimos demasiados jogos político-partidários em torno daquilo que é uma questão de enorme consequência estratégica. As eleições nos Estados Unidos são evidentemente um fator crucial a este respeito”, disse, sublinhando estar em causa “a sobrevivência ou não da ordem internacional na qual os Estados Unidos têm tido um papel preponderante”.

O Seminário Diplomático decorre em Lisboa entre esta quarta e quinta-feira, contando esta edição com intervenções do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e do ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura, Vivian Balakrishnan.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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