Talone recusa continuar como chairman da EDP

O presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP propôs uma mudança de modelo de governação com a redução do número de representantes dos maiores acionistas que foi recusada.

João Talone foi uma escolha surpresa dos acionistas da EDP para liderar o Conselho Geral e de Supervisão da companhia e agora, ao fim do primeiro mandato, sai também de forma surpreendente. O gestor defendia alterações ao modelo de governação da EDP e, particularmente, a redução do número de representantes da China Three Gorges (CTG) e do grupo Masaveu neste órgão de fiscalização da atividade da EDP, mas não obteve resposta e por isso comunicou formalmente esta semana que não está disponível para fazer um segundo mandato.

A EDP recebeu um comunicado do Presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Engº. João Talone, informando da respetiva indisponibilidade para integrar o órgão de supervisão da EDP no próximo mandato (2024-2026)”, comunicou entretanto a empresa ao mercado, já depois da publicação desta notícia. Na nota publicada no site da Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa reconhece ainda “a excelência do contributo” de Talone para o “cumprimento dos objetivos estratégicos da EDP“. Talone vai manter-se em funções até 10 de abril, data prevista para a próxima assembleia geral.

O Conselho Geral e de Supervisão é composto por 16 membros, cinco dos quais são representantes do acionista chinês e dois do acionista espanhol, além de nove membros independentes, incluindo o próprio João Talone. Nas últimas semanas, o presidente do conselho e antigo presidente executivo da companhia tinha manifestado a visão de que a EDP deveria reduzir o número de membros do CGS, passando a CTG a ter três ou, no máximo, quatro membros, enquanto a família Mazaveu teria um representante. Talone apresentou uma proposta aos acionistas e terá dado o prazo do final do ano para ter uma resposta dos acionistas, que não chegou.

De acordo com duas fontes que conhecem as discussões, a CTG defendia a continuidade de João Talone num segundo mandato e terá mesmo feito saber ao gestor esta decisão. Mas não foi sensível, pelo menos até ao momento, aos argumentos de Talone sobre a necessidade de reforçar o número de independentes no conselho que tem como função fiscalizar a atividade da comissão executiva da companhia, liderada por Miguel Stilwell.

De acordo com uma terceira fonte do ECO, os outros investidores institucionais da EDP, como o BlackRock, têm manifestado desagrado pelo desequilíbrio de membros no Conselho Geral, e defendiam outra distribuição. Particularmente com o argumento de que esta revisão permitirá blindar, do ponto de vista das regras e princípios de boa governação, os chamados negócios com partes relacionadas, isto é, compras e vendas entre a EDP e os respetivos acionistas, particularmente com um acionista que também está no negócio da energia.

João Talone lidera o Conselho Geral e de Supervisão desde 2021, quando substituiu Luís Amado. Antes, o presidente do CGD tinha sido Eduardo Catroga.

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