Centeno diz que demora 45 anos a renovar mercado de trabalho. Portugal está a meio desta revolução silenciosa
O governador do Banco de Portugal lamentou o facto do país ter perdido o século da educação, lembrando o efeito de alavancagem que a educação tem na economia.
Ter uma sociedade qualificada tem um efeito de alavancagem na economia inqualificável, argumenta Mário Centeno. O governador do Banco de Portugal lamenta o facto de Portugal se ter atrasado nesta revolução silenciosa, adiantando que a renovação do mercado de trabalho demora 45 anos, um processo no qual a economia portuguesa está sensivelmente a meio.
“A infelicidade de Portugal foi ter perdido o século da educação”, lamentou Centeno, na entrega do “Prémio Professor Jacinto Nunes 2022/2023”, uma cerimónia onde o Banco de Portugal distingue os 10 melhores alunos na licenciatura em economia, um prémio atribuído pela primeira vez no Porto.
O governador do Banco de Portugal reforçou a importância da educação e de criar gerações com maiores níveis de educação que as anteriores, lembrando que o país chegou ao final do século nos últimos lugares do ranking da OCDE em termos de qualificações. Uma tendência que inverteu nos últimos 20 anos, com Portugal a formar 71 mil novos por ano, entre 2011 e 2022.
“85% dos nossos jovens saem para mercado de trabalho com pelo menos secundário e mais de metade com licenciatura. É uma realidade completamente diferente”, reconheceu, acrescentando que, “nos últimos cinco anos, o crescimento do emprego nos setores que pagam acima do salário médio nacional cresceu 44%“. “Estamos a oferecer à economia níveis de qualificações ímpares”, reforçou, argumentando, porém, que “leva tempo a que economia, o mercado de trabalho absorva todos estes talentos“.
“Demora 45 anos em renovar todo o mercado de trabalho. Vamos mais ou menos a meio desta revolução silenciosa. Se pararmos a meio não vamos tirar benefícios desta revolução“, conclui.
O maior nível de qualificação tem influência direta nos salários e no nível de bem-estar das pessoas e da sociedade como um todo. “Sem educação não conseguimos aumentar a produtividade e sem produtividade não há bem-estar económico“, defendeu o governador do Banco de Portugal, na mesma cerimónia.
“Este é um investimento que trará futuro a eles (alunos) e a Portugal. A educação tem efeito de alavancagem na nossa sociedade que é insubstituível”, rematou o governador do Banco de Portugal.
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