Exclusivo Consórcio de Horta Osório mantém-se na corrida e oferece até sete mil milhões pela Altice Portugal
Warburg e Zeno Partners, apoiados pela UBS e em conjunto com o ex-banqueiro, continuam interessados em comprar todos os ativos da Altice Portugal. Querem a fibra, mas recusam ir além de 7 mil milhões.
O ex-banqueiro português António Horta Osório, ao abrigo de um consórcio que junta os fundos Warburg Pincus e Zeno Partners, mantém-se na corrida à compra da Altice Portugal, oferecendo entre 6,5 mil milhões e sete mil milhões de euros pela totalidade dos ativos, incluindo a posição de controlo na FastFiber, a rede de fibra ótica, confirmaram ao ECO fontes familiarizadas com o processo.
Apesar dos rumores em sentido contrário, nem o consórcio nem a Altice desistiram formalmente das conversações, pelo que todos os cenários continuam em aberto. O processo da venda da Altice Portugal está a ser conduzido a nível internacional e uma das fontes, que está a par do teor das negociações, disse que Patrick Drahi, o dono da Altice, está a pedir uma soma “irrealista” de oito mil milhões a dez mil milhões de euros pela subsidiária que controla a Meo.
Neste processo a Altice está a ser assessorada pelo banco de investimento Lazard, e o ECO apurou que o consórcio de que faz parte o antigo banqueiro português conta com o “apoio da UBS”, o banco de investimento que comprou recentemente o Credit Suisse, do qual Horta Osório foi chairman entre 2020 e 2022. Não foi possível saber com mais detalhe a estrutura do consórcio, mas o apoio da UBS é visto como determinante para o projeto.
Estes fundos querem a totalidade dos ativos da Altice em Portugal, rejeitando que a posição de 50,01% que a Altice Portugal tem na FastFiber, a rede de fibra ótica usada pela Meo, seja vendida em separado. Essa é uma das opções que estará a ser estudada por Patrick Drahi. Os restantes 49,99% são detidos pelo Morgan Stanley Infrastructure Partners.
Como noticiou o Expresso, e confirmou o ECO, o projeto do consórcio pode passar por reviver a antiga marca Portugal Telecom, visto que não poderia manter a designação “Altice” depois da compra.
Em dezembro, o Financial Times noticiou que a Warburg Pincus, que se diz a “mais antiga empresa de private equity” do mundo, aliou-se à Zeno Partners para tentar comprar a Altice Portugal. António Horta Osório foi convidado a “juntar-se ao consórcio e a tornar-se membro do conselho de administração” se o projeto da compra da Altice Portugal for bem-sucedido, explicou uma das fontes.
A Zeno Partners é uma casa de private equity responsável por seis fundos, tendo sido criada por Duarte Moreira, um discreto investidor português baseado na Suíça, que, no ano passado, foi convidado a participar na reunião do Clube de Bilderberg que decorreu em Lisboa.
Duarte Moreira ocupa também cargos de gestão noutros negócios, incluindo o de chairman do grupo Vangest, empresa de moldes da Marinha Grande que partilha com a Zeno parte do Conselho de Administração.
Fundada em 1966, a Warburg Pincus gere ativos avaliados em 83 mil milhões de dólares. Se conseguisse comprar a Altice Portugal, não seria o primeiro negócio no setor das telecomunicações: em setembro de 2021, adquiriu, em conjunto com a Apax Partners, a operação da T-Mobile nos Países Baixos. A transação avaliou a operadora em 5,1 mil milhões de euros, que, em 2023, mudou de nome para Odido, mantendo-se no portefólio da Warburg. Na carteira deste fundo encontram-se ainda outras empresas de telecomunicações com operações no Brasil, Reino Unido, Singapura, Taiwan e Austrália.
Além desta oferta, a Bloomberg noticiou que Patrick Drahi terá em cima da mesa duas outras propostas para a compra da Altice Portugal, nomeadamente da operadora estatal da Arábia Saudita, Saudi Telecom, assim como do grupo Iliad, do milionário francês Xavier Niel, responsável pela operadora Free em França.
Algumas fontes do setor acreditam que uma venda da Altice Portugal à Saudi Telecom teria de ultrapassar sérias barreiras regulatórias, por se tratar de uma empresa que detém infraestruturas críticas. Aliás, ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado Mário Campolargo disse que o Governo, “respeitando as normas de direito, tomará uma decisão impactante que contrarie uma compra por algum investidor que não cumpra o quadro regulamentar do quadro europeu”. Já Xavier Niel é visto como um “rival” de Patrick Drahi, que prefere vender a fundos do que a outro player do setor.
Contactada, fonte oficial do grupo Altice não quis comentar. Fonte oficial da Warburg Pincus respondeu: “Não temos comentado sobre os pedidos que temos recebido e esse continua a ser o caso.” Fonte oficial da Zeno Partners não quis comentar. Contactado sobre este assunto, António Horta Osório não respondeu.
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